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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Calor, férias, crianças, praia e piscina: a equação para a otite





Especialista do Hospital CEMA explica o aumento das infecções de ouvido no verão e dá dicas para a diversão da criançada não terminar no pronto-socorro



Uma das imagens mais belas é o sorriso de uma criança. Inclua praia ou piscina no cenário e é possível até ouvir os gritinhos de empolgação e ansiedade para que a folia comece logo.

Para não cortar a onda dos pequenos e deixar os pais mais tranquilos durante os passeios de férias, o otorrinolaringologista Andy Vicente, do Hospital CEMA, alerta para a relação entre as infecções de ouvido, também chamadas de otites, e a água do mar e piscinas. “No verão, o número de pacientes com otite externa aumenta consideravelmente, devido à maior exposição à agua, tanto do mar quando de piscinas. Nesses casos, o quadro mais comum é o da otite externa, uma infecção localizada normalmente associada a algum trauma da pele, com o acúmulo de resíduos ou água na região. Embora seja incomum o paciente apresentar sintomas sistêmicos, como febre ou mal estar, a otite externa pode ser muito dolorosa”, esclarece o médico.

Apesar de qualquer pessoa estar sujeita às otites, é certo que os pequenos, além de serem mais vulneráveis, são os que mais sofrem com a enfermidade. De acordo com o Dr. Andy, isso ocorre por conta do sistema imunológico da criança, ainda em formação, e do formato e angulação da tuba auditiva nessa fase.

“A orelha humana é dividida em três partes: orelha externa, com o pavilhão auricular e conduto auditivo externo; orelha média, que engloba a cavidade timpânica, mastoide e tuba auditiva; e orelha interna, com cóclea, vestíbulo e canais semicirculares, também conhecidos como labirinto. A criança tem a tuba auditiva mais larga e horizontalizada, em comparação com o sistema auditivo maduro de um adulto, e esse formato facilita a entrada de germes no ouvido médio”, explica o especialista do CEMA.

De acordo com o médico, para que o passeio e a diversão não terminem em lágrimas, alguns cuidados simples podem ajudar na prevenção das otites externas, as mais comuns no verão:

·         Secar bem as orelhas com uma toalha limpa após a saída da piscina ou do mar;
·         Manter uma rotina de higienização das orelhas, sempre tomando muito cuidado com o uso de hastes flexíveis;

·         Coçar os ouvidos exclusivamente com os dedos e nunca introduzir objetos no canal auditivo;

·         Fazer uma visita de rotina ao otorrinolaringologista antes do passeio para maiores orientações caso a criança apresente quadro recorrente de otites externas;

·         Evitar banho e mergulho em águas paradas ou praias com água imprópria para banho.

“Em pacientes susceptíveis à otite externa, é recomendada a proteção da orelha com tampões específicos. Em alguns casos, como infecções difíceis de tratar, ou na presença de perfuração da membrana do tímpano, o banho de mar ou piscina é contraindicado, devido ao risco aumentado de ocorrerem infecções mais severas”, aponta o dr. Andy.

O tratamento para otites externa normalmente é realizado por 7 a 10 dias. O otorrinolaringologista define o tratamento caso a caso, mas otites externas costumam ser tratadas com uma limpeza local, analgésicos, para aliviar a dor, e antibióticos de uso tópico – também conhecidos como gotas otológicas, que devem ser pingadas no ouvido de acordo com a receita médica. O dr. Andy indica o uso de compressa morna nos primeiros dias de tratamento, pois o calor tem efeito anti-inflamatório no local e auxilia o combate à dor. 

Caso a criança comece a reclamar de dor de ouvido ou mal estar depois de um dia de brincadeiras na água, a recomendação é visitar o otorrinolaringologista o quanto antes, pois existe a possibilidade de o quadro evoluir para doenças mais graves. “É importante salientar que pode haver sérias complicações decorrentes de uma otite não tratada”, alerta o médico. Entre elas estão mastoidite, labirintite infecciosa, paralisia facial, meningite, abscesso cerebral, trombose venosa e até surdez.






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