Especialista do Hospital CEMA explica o aumento das
infecções de ouvido no verão e dá dicas para a diversão da criançada não
terminar no pronto-socorro
Uma
das imagens mais belas é o sorriso de uma criança. Inclua praia ou piscina no
cenário e é possível até ouvir os gritinhos de empolgação e ansiedade para que
a folia comece logo.
Para
não cortar a onda dos pequenos e deixar os pais mais tranquilos durante os
passeios de férias, o otorrinolaringologista Andy Vicente, do Hospital CEMA,
alerta para a relação entre as infecções de ouvido, também chamadas de otites,
e a água do mar e piscinas. “No verão, o número de pacientes com otite externa
aumenta consideravelmente, devido à maior exposição à agua, tanto do mar quando
de piscinas. Nesses casos, o quadro mais comum é o da otite externa, uma
infecção localizada normalmente associada a algum trauma da pele, com o acúmulo
de resíduos ou água na região. Embora seja incomum o paciente apresentar
sintomas sistêmicos, como febre ou mal estar, a otite externa pode ser muito
dolorosa”, esclarece o médico.
Apesar
de qualquer pessoa estar sujeita às otites, é certo que os pequenos, além de
serem mais vulneráveis, são os que mais sofrem com a enfermidade. De acordo com
o Dr. Andy, isso ocorre por conta do sistema imunológico da criança, ainda em
formação, e do formato e angulação da tuba auditiva nessa fase.
“A
orelha humana é dividida em três partes: orelha externa, com o pavilhão
auricular e conduto auditivo externo; orelha média, que engloba a cavidade
timpânica, mastoide e tuba auditiva; e orelha interna, com cóclea, vestíbulo e
canais semicirculares, também conhecidos como labirinto. A criança tem a tuba
auditiva mais larga e horizontalizada, em comparação com o sistema auditivo
maduro de um adulto, e esse formato facilita a entrada de germes no ouvido
médio”, explica o especialista do CEMA.
De
acordo com o médico, para que o passeio e a diversão não terminem em lágrimas,
alguns cuidados simples podem ajudar na prevenção das otites externas, as mais
comuns no verão:
·
Secar bem as
orelhas com uma toalha limpa após a saída da piscina ou do mar;
·
Manter uma rotina
de higienização das orelhas, sempre tomando muito cuidado com o uso de hastes
flexíveis;
·
Coçar os ouvidos
exclusivamente com os dedos e nunca introduzir objetos no canal auditivo;
·
Fazer uma visita
de rotina ao otorrinolaringologista antes do passeio para maiores orientações
caso a criança apresente quadro recorrente de otites externas;
·
Evitar banho e
mergulho em águas paradas ou praias com água imprópria para banho.
“Em
pacientes susceptíveis à otite externa, é recomendada a proteção da orelha com
tampões específicos. Em alguns casos, como infecções difíceis de tratar, ou na
presença de perfuração da membrana do tímpano, o banho de mar ou piscina é
contraindicado, devido ao risco aumentado de ocorrerem infecções mais severas”,
aponta o dr. Andy.
O
tratamento para otites externa normalmente é realizado por 7 a 10 dias. O
otorrinolaringologista define o tratamento caso a caso, mas otites externas
costumam ser tratadas com uma limpeza local, analgésicos, para aliviar a dor, e
antibióticos de uso tópico – também conhecidos como gotas otológicas, que devem
ser pingadas no ouvido de acordo com a receita médica. O dr. Andy indica o uso
de compressa morna nos primeiros dias de tratamento, pois o calor tem efeito
anti-inflamatório no local e auxilia o combate à dor.
Caso
a criança comece a reclamar de dor de ouvido ou mal estar depois de um dia de
brincadeiras na água, a recomendação é visitar o otorrinolaringologista o
quanto antes, pois existe a possibilidade de o quadro evoluir para doenças mais
graves. “É importante salientar que pode haver sérias complicações decorrentes
de uma otite não tratada”, alerta o médico. Entre elas estão mastoidite,
labirintite infecciosa, paralisia facial, meningite, abscesso cerebral,
trombose venosa e até surdez.
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