Pequenos ajustes
nos processos de contratação e retenção de talentos contribuem para um quadro
de colaboradores mais diversoDivulgação
Durante a pandemia de covid-19, as mulheres
perderam seus empregos com uma frequência maior que os homens. Cerca de 72% das
vagas brasileiras encerradas no período eram ocupadas por mulheres. Os dados
são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas o problema não
atinge só o Brasil. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, ao
longo de 2022 15% das mulheres em idade produtiva em todo o mundo não
conseguiram emprego. Com um cenário desfavorável, boa parte das empresas
precisa começar a investir na contratação de quadros femininos para equilibrar
essa balança.
Para Michaela Vicare, diretora de Gente &
Gestão (RH) da Tecnobank - que tem em suas fileiras 50% de mulheres, incluindo
a presidente e a diretora de tecnologia, pequenas mudanças nos processos de contratação
e retenção de talentos têm impacto significativo na equidade de gênero nas
empresas. “Quando falamos em equidade, muitos gestores tendem a pensar no
quadro macro, o que é um erro. O que faz diferença, nesse caso, são os pequenos
gestos e esforços para garantir um número de colaboradores mais igualitário, em
diversas áreas, entre homens e mulheres”, explica. Ela lembra que esses
esforços precisam, necessariamente, ir além do discurso. A boa notícia é que,
seguindo um passo a passo simples, essa missão pode se tornar mais prática.
- Analise a situação atual da
empresa quanto à equidade
Junto aos gestores e responsáveis pelas diversas
áreas existentes na organização, busque avaliar a quantidade de mulheres já
contratadas para as funções estabelecidas. Essa análise pode trazer mais
clareza sobre a intensidade dos esforços necessários para trazer mais equidade
para o quadro de colaboradores. “É importante conhecer o cenário atual para
entender de que ponto a empresa está partindo rumo a um quadro mais diverso”,
detalha a especialista.
- Crie vagas pensadas
especificamente para mulheres
Não se trata de demitir colaboradores para
substituí-los por quadros femininos. Depois de ter clareza sobre o ponto em que
a empresa se encontra, é preciso começar a pensar em funções que poderiam ser
ocupadas por mulheres no futuro próximo. Assim, quando novas contratações forem
necessárias, essas vagas poderão ser criadas já tendo em mente a necessidade de
ocupá-las com mulheres.
- Desenvolva políticas
internas que garantam a permanência de mulheres nas equipes
“Antigamente, era comum escutar afirmações como
‘contratar mulheres é trabalhoso ou custa mais caro, porque elas têm filhos’.
Hoje, ainda bem, esse pensamento, além de arcaico, provou-se incorreto. No
entanto, é preciso, sim, pensar estratégias para que as mulheres possam
desempenhar suas funções com tranquilidade”, detalha Michaela. Essas políticas
internas podem incluir, por exemplo, auxílio-creche, horários para amamentação
e flexibilidade de horários para quando as crianças estiverem doentes, por
exemplo. Outra forma de ser uma empresa responsável, nesse sentido, é permitir
que os homens que têm filhos também disponham dessa flexibilidade, como forma
de contribuir para que suas companheiras também possam manter seus empregos.
- Ofereça treinamentos
A falta de oportunidade para assumir novas
responsabilidades e desafios dentro da organização pode ser o único obstáculo
para que as mulheres da equipe alcancem novos horizontes. Por isso, é
fundamental promover internamente ou oferecer benefícios em forma de
mensalidades e descontos em cursos de capacitação e desenvolvimento.
Atualmente, essa prática é considerada um diferencial na hora de contratar e
reter talentos, ajudando a atrair profissionais dedicados e interessados em evoluir.
- Atenção à igualdade salarial
De nada adianta, entretanto, atrair e manter boas
profissionais, se a política salarial da organização não for também voltada à
equidade. Na prática, isso significa que pessoas que desempenham a mesma
função, independentemente do gênero, precisam receber o mesmo valor. “Esse é o
tipo de ponto inegociável quando o assunto é equidade. Não existe um motivo
plausível para que homens ganhem mais que mulheres que exercem o mesmo cargo
e/ou as mesmas atividades”, ressalta a especialista.
- Mulheres na liderança
Por fim, além de ter um quadro equilibrado, do
ponto de vista do gênero, também é preciso assegurar-se de que essas mulheres
tenham acesso a posições de liderança e estratégicas dentro da organização. Não
basta trazê-las para dentro da equipe, se elas não puderem alçar voos mais
altos ou ter perspectivas de crescimento dentro da própria organização que as
contratou. “Ter mulheres na liderança é imprescindível não apenas como forma de
reconhecer e valorizar o trabalho delas, mas também para inspirar outras
mulheres”, finaliza Michaela
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