Nova lei contra
assédio permite o acolhimento de mulheres em bares, restaurantes e eventos no
DF
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou
nesta semana o projeto de lei nº 103/2023, que cria o protocolo "Por Todas
Elas" no Distrito Federal, visando prevenir, detectar e encaminhar
situações de potenciais crimes contra mulheres em bares, boates, festas e
eventos no DF. Inspirado no protocolo espanhol "No se calem", a lei
estabelece procedimentos e treinamentos para impedir violências contra mulheres
em ambientes de diversão noturna.
A medida garante que o primeiro acolhimento à
vítima de violência seja feito pelos trabalhadores do local, que devem acionar
a polícia e o atendimento médico. Victor Quintiere, especialista em Direito
Penal do Centro Universitário de Brasília (CEUB), esclarece que o crime de
importunação sexual é definido como qualquer ato libidinoso praticado contra alguém
sem seu consentimento, como toques, beijos forçados ou exposição de partes
íntimas. No Brasil, em casos que envolvam estupro, por exemplo, a pena pode
variar de 6 a 30 anos de acordo com disposições iniciais do Art 213, do Código
Penal.
Segundo a pesquisa ‘Visível e Invisível: A
Vitimização de Mulheres no Brasil’, realizada pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), 53,3% das mulheres brasileiras afirmaram ter sofrido
algum tipo de violência sexual ao longo da vida. "O aumento no número de
casos registrados pode indicar maior conscientização nas autoridades em relação
ao tema e medidas mais eficazes para prevenir e punir esses crimes estão sendo
tomadas", celebra.
Na prática, em casos de agressão e assédio sexual,
a vítima será conduzida para um local seguro e reservado dentro do
estabelecimento, onde receberá o acolhimento necessário. "A equipe do bar
ou casa noturna deverá fornecer informações sobre o agressor e o crime, como
imagens de câmeras de segurança e preservar o ambiente do crime", detalha.
Diante da aprovação do projeto de lei do DF, o
professor avalia que, para evitar discussão sobre o princípio da legalidade, o
protocolo poderá sofrer alteração em seu texto. Essa mudança seria no sentido
de incluir expressamente locais com aglomeração, o que afastaria dúvidas sobre
o seu uso em locais como metrô, por exemplo. "Dessa forma, as medidas se
tornariam mais abrangentes, assegurando a segurança e o direito de ir e vir das
mulheres. A ampliação seria muito bem-vinda e reforçaria o combate à
importunação sexual".
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