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quinta-feira, 30 de março de 2023

Dia do Autismo, como a otorrinolaringologia pode ajudar crianças com TEA

No 16o. ano em que a Organização das Nações Unidas celebra o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, a otorrinolaringologista Dra. Roberta Pilla demonstra a importância de sua especialidade na detecção e tratamento do transtorno e dá 15 sinais cruciais para prestar atenção nas crianças 

 

Ouvir e compreender os sons, responder à voz dos pais, formular as primeiras palavras e frases, reagir a tons de voz diferentes… todos esses processos nos lembram o desenvolvimento normal de um bebê em seus primeiros meses de vida. E, de fato, mostram isso. Qualquer comportamento atípico nessa área liga o alerta para a possibilidade de distúrbios auditivos e linguagem. O que poucos sabem é que anormalidades na fala e audição também podem levantar a hipótese de um transtorno de espectro autista (TEA), ou autismo. Por isso, a presença de um otorrinolaringologista é vital num diagnóstico precoce do transtorno, a fim de detectar e, eventualmente, tratar a questão, minimizando as dificuldades da vida da criança e de sua família. 

Dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), conta que sua especialidade pode ser considerada a primeira em importância para investigar possibilidades de autismo, principalmente quando há questões relacionadas à habilidade auditiva e de desenvolvimento de linguagem. "Numa consulta de avaliação otorrinolaringológica em si, podemos investigar a criança em relação a questões de desenvolvimento e questões sociais. Distúrbios de sono que também podem estar relacionados ao autismo também podem ser inicialmente investigados pelo otorrinolaringologista. Conforme alguns sinais e sintomas de alerta, ele inicia a triagem precoce deste distúrbio", detalha. 

As questões ligadas ao sono, ao sistema respiratório, a alterações auditivas e distúrbios da linguagem são muito frequentes nesse grupo de pacientes, segundo a especialista, que salienta o quanto essas comorbidades podem interferir negativamente no quadro clínico comportamental e social das crianças autistas. "O otorrino, por conta disso, acaba colaborando com pais e cuidadores no afastamento de desordens que possam agravar o quadro de autismo, da mesma forma que ajuda no diagnóstico e investigação desse transtorno", acrescenta. 

Uma vez que o sistema de comunicação humano carrega tantas complexidades e órgãos inter-relacionados, o otorrino figura como um importante aliado na realização de diagnósticos diferenciais e na elaboração de programas terapêuticos. "Na perda auditiva, por exemplo, do diagnóstico à conduta terapêutica, o otorrino é fundamental na elaboração do tratamento clínico ou até cirúrgico", diz Dra. Roberta, ao reforçar que as perdas auditivas estão relacionadas diretamente a um maior risco de atrasos no desenvolvimento nas habilidades de comunicação receptiva e expressiva. 

 

Diagnóstico precoce, sempre uma vantagem para a criança 

Entre as principais ponderações de Dra. Roberta, o diagnóstico no tempo certo pode ser o maior aliado para o tratamento e bem-estar da criança, já que recupera a possibilidade do desenvolvimento das habilidades do autista, evitando perdas nos processos de aprendizagem e de interação social. 

Muitas vezes, segundo Dra. Roberta, a criança pode aprender a sentar, engatinhar e andar de acordo com os marcos de desenvolvimento, mas apresentar dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social. Em casa, segundo ela, os pais devem observar se a criança está com comportamentos diferentes de outras da sua faixa etária. 

"A partir do momento que se nota um comportamento não habitual, é muito importante procurar um profissional para uma avaliação mais completa e para definição de possíveis diagnósticos", recomenda a especialista. 

Para auxiliar nesse aspecto, a seguir, Dra. Roberta Pilla reúne 15 principais sinais de alerta para os cuidadores observarem na criança, na intenção de um diagnóstico precoce dos transtornos do espectro autista (TEAs): 

  1. Dificuldade em manter contato visual;
  2. Não responde ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais;
  3. Não olha para objetos para os quais os pais estão olhando ou apontando;
  4. Não fala nenhuma palavra aos 15 meses ou frases aos 24 meses;
  5. Repete exatamente o que os outros dizem sem entender o significado;
  6. Pode não responder quando chamado pelo nome, mas responde a outros sons (como a buzina de um carro ou o miado de um gato);
  7. Pode perder a linguagem ou outros marcos sociais entre os 15 e 24 meses de idade;
  8. Balança as mãos, balança o corpo ou roda em círculos; anda na ponta dos pés por um longo tempo ou agita as mãos (chamado de “comportamento estereotipado” ou estereotipia);
  9. Prazer em atividades incomuns, em interesses obsessivos, fazendo-as repetidamente durante o dia;
  10. Brinca com partes de brinquedos em vez do brinquedo inteiro (por exemplo, girando as rodas de um caminhão de brinquedo);
  11. Pode ser muito sensível ou nada sensível a cheiros, sons, luzes, texturas e toque;
  12. Não brinca de brincadeiras simbólicas, como faz de conta, casinha, boneca;
  13. Tem dificuldade para entender gestos, linguagem corporal ou tom de voz;
  14. Confunde o uso dos pronomes, por exemplo, diz “eu” quando queria dizer “você”;
  15. Tem dificuldade para elaborar frases, usa somente uma palavra por vez.


Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil. Laringologia e Voz. Distúrbios da Deglutição; Via Aérea Pediátrica. Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003). Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania -- Philadelphia/USA (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009). Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016). Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORLCCF) (2016).

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