Incentivar e promover bons hábitos alimentares é investimento na saúde dos funcionários e nos resultados da empresa
A alimentação é o recurso mais
consistente para potencializar a saúde humana e a sustentabilidade
ambiental. Uma alimentação saudável é aquela capaz de fornecer
todos os nutrientes de que o organismo necessita para estar bem e equilibrado.
E, cada vez mais, a ciência mostra que a nutrição tem um papel fundamental
tanto na manutenção da saúde, quanto na prevenção e tratamento de inúmeras
doenças.
O Dia Mundial da Saúde e Nutrição, celebrado em 31
de março, é uma oportunidade para refletir sobre como tratamos nosso recurso
mais importante: o corpo. A pandemia de Covid-19 provou que, muito além de uma
questão estética ou de bem-estar, alimentar-se bem e fazer
exercícios são hábitos essenciais para que a saúde esteja
sempre em dia.
Para tanto, o alimento precisa ser digerido e absorvido
adequadamente para que ele se transforme em nutrientes. E os de origem vegetal
são de vital importância para a saúde humana, especialmente devido a sua
atividade antioxidante, que promove efeitos positivos quando ingeridos em
quantidades adequadas.
A nutrição está estreitamente ligada aos cuidados
básicos com a saúde, embora ainda falte educação sobre este tema e maior
consciência sobre sua influência nos resultados das organizações.
Uma alimentação equilibrada, consciente, promove a
redução considerável no desenvolvimento de:
- doenças cardiovasculares,
- neurodegenerativas,
- inflamatórias; e
- cânceres.
“A quantidade e qualidade da alimentação determinam
o funcionamento adequado do organismo em todos os níveis. Os nutrientes agem em
sinergia, sendo que um depende da presença do outro para a sua ação ser
efetiva. Portanto, o que pode desequilibrar a alimentação são os excessos e/ou
deficiências nutricionais”, explica a nutricionista Rosicler Dennanni
Rodriguez, especialista em Alimentação Coletiva, pós-graduada em Nutrição
Clínica Funcional e membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
A especialista afirma que uma dieta com a
combinação certa de proteínas, carboidratos, gorduras saudáveis, vitaminas,
minerais e compostos bioativos impacta o cérebro, a cognição e o estado
emocional, e pode ajudar a melhorar as funções cerebrais, níveis de energia,
memória, além de controlar as emoções.
“Em suma, aliada ao exercício físico,
sono suficiente e hidratação adequada, a nutrição
é fundamental para a saúde e qualidade de vida”, garante
Rosicler.
Melhora da capacidade
Ter uma alimentação nutricionalmente equilibrada e
saudável interfere na saúde, vitalidade e qualidade de vida, e pode melhorar a
capacidade dos trabalhadores em desempenhar suas atividades. A relação entre
alimentação saudável e produtividade no trabalho já foi tema de estudos
inclusive da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), atestando que uma alimentação
inadequada no ambiente de trabalho pode reduzir até 20% da produtividade
e da eficiência dos colaboradores.
Sem nutrição e qualidade de vida adequados,
ressalta a nutricionista, a força de trabalho se desgasta mais rapidamente,
podendo elevar os índices de:
- acidentes de trabalho;
- absenteísmo;
- insatisfação;
- falta de motivação;
- menor capacidade produtiva;
- desenvolvimento de doenças,
como diabetes e obesidade; e
- até mesmo transtornos
psicológicos.
“A qualidade de vida do trabalhador,
refletida com a melhora do estado de saúde, trará impactos diretos sobre a sustentabilidade
da empresa, através da redução nos índices de absenteísmo e de
gastos com assistência médica, pois saúde e vitalidade são fatores essenciais
para o aumento da produtividade”, destaca a conselheira da ABQV, salientando
que incentivar e promover bons hábitos alimentares é um investimento não só na
saúde dos funcionários, mas também para os resultados da companhia.
Desafios da nutrição
Rosicler afirma que o ser humano está se
alimentando cada vez mais e se nutrindo cada vez menos.
Em 2021, a prevalência do sobrepeso e obesidade
voltaram a crescer no Brasil. Os dados do
Vigitel Brasil 2021 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico) mostraram que 22,4% da população com mais de
18 anos está obesa. O excesso de peso também aumentou,
correspondendo a 57,2% da população.
O aumento do excesso de peso, da obesidade e de
doenças a eles relacionadas (diabetes, hipertensão etc.) está associado com o
consumo muito elevado de:
- alimentos ultraprocessados;
- de alto teor de sal, açúcar
e gorduras saturadas e hidrogenadas;
- composição nutricional
desbalanceada, com baixo teor de fibras;
- alta necessidade energética,
levando a um consumo de calorias maior do que o gasto diário, além de
impactarem o meio ambiente.
Segundo
estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics,
o consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em 45% o risco
de obesidade entre os adolescentes. A pesquisa apontou ainda que uma
alimentação com alto consumo desse tipo de produto aumenta em 52% o risco de
acúmulo de gordura abdominal e em 63% a chance para gordura visceral, entre os
órgãos internos.
“O desafio é mudar a visão da alimentação prazerosa
para racional e nutritiva, que atenda às necessidades do organismo e que atue
de forma efetiva e preventiva sobre a saúde”, afirma a nutricionista, ressaltando
que nenhum alimento é proibido, porém as preferências alimentares favorecem
uma repetição na escolha de determinados alimentos, podendo gerar um desequilíbrio
na alimentação devido à falta de alguns nutrientes, deixando o
corpo debilitado.
O
Guia Alimentar da População Brasileira (2014) traz uma regra de ouro: faça
dos alimentos frescos (in natura e minimamente processados) a base de sua
alimentação. Assim, devemos priorizar verduras, frutas, legumes, cereais
integrais, leguminosas etc.; incentivar o consumo de alimentos saudáveis e as
práticas saudáveis na rotina diária desde a infância.
Promoção da saúde no ambiente
corporativo
O ambiente de trabalho como um local
importante para promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
Muitas organizações oferecem programas de promoção de saúde e de
qualidade de vida aos seus empregados com o propósito de
promover estilo de vida saudável, prevenir ou gerenciar enfermidades, cooperar
com a saúde ocupacional e com a melhoria do clima organizacional.
Para Rosicler, a empresa tem um papel fundamental
na promoção e acesso a alimentos e/ou refeições saudáveis, e de ações
educativas para estimular e proporcionar mudanças de comportamento alimentar
para a formação de novos hábitos, auxiliando o
colaborador a fazer escolhas saudáveis.
Existem duas formas essenciais, na visão da
especialista, para conduzir a mudança de comportamento alimentar nas
organizações:
- criar oportunidades e
ambiente, promovendo o acesso às refeições; e
- construir habilidades e
conhecimentos: educar.
“A educação nutricional apresenta ao
colaborador, de forma clara e expositiva, os ganhos com a adoção do lado
racional da alimentação, auxiliando-os nas escolhas de alimentos saudáveis que
promovem saúde e segurança alimentar”, explica a conselheira da ABQV.
Outro ponto fundamental é o alinhamento de todo
tipo de alimento oferecido no ambiente corporativo, das refeições servidas no
restaurante com os demais serviços oferecidos de cafeteria, copas, lanchonetes
etc., dando prioridade aos produtos saudáveis. Os alimentos “não saudáveis”
também podem ser oferecidos, mas a sugestão é não estarem muito a vista e não
serem subsidiados.
Mas para que as ações de promoção de alimentação
saudável na empresa sejam efetivas, Rosicler diz que alguns pré-requisitos são
necessários para a organização e as lideranças:
- Compreender o significado de
“saúde, bem-estar, qualidade de vida e ambiente de trabalho saudável” e se
isso é um valor para a organização.
- Estabelecer as razões para
implantar uma política e/ou programa de qualidade de vida.
- Compreender a importância da
nutrição e da alimentação no contexto de saúde, bem-estar e qualidade de
vida.
- Definir o que se espera com
um programa de alimentação e nutrição.
- Conhecer/estabelecer o
orçamento disponível.
- Definir quais são as
prioridades, resultados esperados e como mensurá-los.
- Compreender que o principal
foco a ser atingido é a mudança de comportamento, que será possível com
educação e promoção e/ou facilidade de acesso aos alimentos/refeições e
bebidas saudáveis.
“Esses requisitos precisam ser amplamente
analisados e devidamente esclarecidos antes de se iniciar as ações. Feito isso,
o programa de alimentação saudável poderá começar a ser delineado, superando
alguns mitos, especialmente de que uma comida saudável é uma comida com
restrição de alimentos e para fins terapêuticos. Na verdade, a comida saudável
pode e dever ser saborosa, prazerosa, preventiva e sustentável”, finaliza a
nutricionista.
Associação Brasileira de Qualidade de Vida - ABQV
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