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Frequentemente não gostamos de um conteúdo, pois
não o dominamos e temos dificuldades em lidar com ele. Porém, essa falta de
entendimento geralmente é causada pelo excesso de lacunas que vão se formando
ao longo da vida escolar, impedindo o cérebro de criar conexões lógicas de
conteúdo e dificultando o aprendizado.
A dificuldade sistêmica em uma disciplina
geralmente é percebida por um conjunto de fatos, como baixo desempenho em
testes e atividades, desinteresse ou negligência no estudo da disciplina,
necessidade constante de ajuda com pouca evolução própria, feedback de
professor e reação emocional negativa, como ansiedade e estresse.
A literatura indica que existem dois modos como a
mente opera, o modo focado, em que nos concentramos em uma determinada
atividade e ativamos os grupos de neurônios que possuem algo semelhante àquele
conhecimento, e o modo difuso, que ocorre quando várias áreas do cérebro são
ativadas para encontrar quais grupos de neurônios possuem algo relacionado a
isso, obviamente com menos resolução.
O que acontece é que quando nos deparamos com uma
matéria que já sabemos que temos dificuldade, entramos em um estado chamado
“Efeito Einstellung”. Na psicologia, de maneira simplificada, ocorre quando a
primeira ideia que vem à mente, desencadeada por características familiares de
um problema, impede que uma solução melhor seja encontrada.
Inserindo esse conceito na educação, é um efeito
que “trava” o cérebro, que busca uma solução ou sentido que muitas vezes aquele
grupo de neurônios não possui, mas foi provocado por uma abordagem inicial
errada. Esse processo é muito comum em matemática e ciências, principalmente em
pré-vestibulandos, onde a abordagem inicial é se adaptar aos macetes e, por
isso, ficam travados naquele pensamento por horas e horas.
O segredo para driblar essa adversidade é desligar
o pensamento focado e ativar o modo difuso. Alguns exemplos são tomar banho,
dormir, caminhar ou escutar música, pois são nessas horas que nosso cérebro abre
para o modo difuso e através de uma visão geral, começa a formar conexões
buscando uma solução eficaz com base em experiências anteriores.
É importante lembrar que as pessoas aprendem em
velocidades diferentes cada um dos vários tipos de conteúdo, o que pode
prejudicar o processo de aprendizagem, pois a maioria vai no ritmo da
instituição de ensino e não respeita o seu tempo de absorção próprio em cada
matéria. Por isso, em conteúdos específicos que temos grande dificuldade,
sempre deve-se começar pelo básico e progredir conforme o seu entendimento sem
deixar de lado as datas, mas adaptando-as a cada realidade.
Além disso, devemos levar em consideração as
armadilhas da própria mente, que frequentemente pode maximizar pontos que não
são tão relevantes para o conceito geral da matéria. Por isso, é necessário que
os estudantes terminem o conteúdo primeiro e depois observem a real
dificuldade. Muitas vezes empacamos em um tópico específico que não atrapalha o
entendimento total, por isso, dê a chance ao cérebro de ver o conteúdo total
primeiro, pois se sentir que o que sabe do geral é suficiente, a dúvida pode
ser sanada pontualmente com uma pergunta ou exercício.
Hoje, pontuo que alguns dos principais passos para
destravar um conteúdo de maior dificuldade são: não passar muito tempo sem
retornar ao tema, variar as fontes para coletar mais informações sobre os
assuntos de maiores dificuldades e associar a matéria com algo conhecido para
conectar suas vivências anteriores com o novo, bem como buscar ajuda de pessoas
que dominem o assunto e possam explicar de maneira mais compreensível.
Posso dizer que os professores desempenham um papel
crucial na identificação das dificuldades dos alunos. Algumas contribuições que
esses profissionais podem fornecer, são dependentes do modelo da instituição,
mas podem também flexibilizar metodologias de ensino com o propósito de
encontrar novas formas de transmitir seu conteúdo. O estabelecimento de metas e
apoio emocional são duas formas de quebrar barreiras em disciplinas específicas.
Analiso que a observação atenta do desempenho escolar, da participação em aula e interações com colegas são importantes para identificar as necessidades do aluno. Para isso, é favorável que as turmas sejam reduzidas, a fim de possibilitar uma ação mais efetiva do professor. Fornecer feedbacks construtivos ajudam os alunos a identificar suas áreas de melhoria e desenvolver habilidades. É um processo longo e trabalhoso, mas é efetivo e compensador.
Lorenzo
Tessari - Chief Operating Officer (COO) da Gama Ensino, startup de tecnologia desenvolvedora de um algoritmo proprietário que
identifica os gaps de aprendizado dos alunos para o direcionamento dos seus
estudos.
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