O desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e de alguns dos tipos comuns de câncer está entre os fatores de
risco deste público. Especialista também debatem o papel da equipe
multidisciplinar no acompanhamento de iniciativas relacionadas à nutrição e aos
exercícios como forma de reduzir os casos.Problema mundial, e que afeta mais de 30% da população brasileira,
a obesidade é fator que desencadeia diversas doenças crônicas
, entre elas, a hipertensão e diabetes. Crédito (foto): Divulgação.
No próximo dia 31, é comemorado o Dia da Saúde e da Nutrição. A data, assim como o Mês da Obesidade, lembrado em março, chama a atenção para o aumento de casos dessa enfermidade tanto no Brasil como no mundo. Dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2020, por exemplo, indicam que, atualmente, mais da metade dos adultos apresenta excesso de peso (60,3%), o que representa 96 milhões de pessoas, com prevalência maior no público feminino (62,6%), enquanto, no masculino, a incidência é de 57,5%.
Já quando o assunto é obesidade, a condição atinge 25,9% da população, alcançando 41,2 milhões de adultos. E, em 2020, entre as crianças acompanhadas nos programas de Atenção Primária à Saúde (APS), do Sistema Único de Saúde (SUS), 15,9% dos menores de cinco anos e 31,7% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso, e, dessas, 7,4% e 15,8%, respectivamente, apresentavam obesidade, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) para as idades determinadas.
Na faixa dos adolescentes, acompanhados pelos programas de APS em 2020, 31,8% e 11,9% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. Considerando todas as crianças brasileiras menores de 10 anos, estima-se que cerca de 6,4 milhões tenham excesso de peso e 3,1 milhões tenham obesidade. Analisando, ainda, todos os adolescentes brasileiros, estima-se que cerca de 11 milhões tenham excesso de peso e 4,1 milhões tenham obesidade.
A enfermidade está relacionada ao aumento do risco para outras doenças como as do coração, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doença do fígado e diversos tipos de câncer (como de cólon, de reto e de mama), problemas renais, asma, dores nas articulações, entre outras. Assim, reduz a qualidade e a expectativa de vida. Além disso, as evidências apontam a obesidade como importante fator de risco para a forma grave e letal da Covid-19.
Para esses casos, uma equipe multidisciplinar pode ser decisiva entre o paciente seguir ou não o tratamento. É o que explica o Dr. José Ribas, da clínica REVIV, que ressalta o papel da equipe durante o acompanhamento do paciente, já que esta oferece dados clínicos como um todo, além de deixar o paciente melhor assistido em várias áreas, pois avalia a soma de todas as patologias clínicas, como hipertensão e diabetes, além de doenças articulares.
Por outro lado, o profissional ressalta que o efeito contrário
também pode acontecer, ou seja, o paciente fugir das recomendações prescritas
pela equipe médica. Entretanto, essa condicionante depende do comprometimento
individual para que o tratamento obtenha sucesso. “Cabe lembrar que, de nada
adianta uma equipe multidisciplinar complexa, se o paciente não se comprometer
a seguir as orientações adequadas”, pontua o profissional.
Nutrição
Além disso, as questões referentes à nutrição devem estar alinhadas às expectativas de cada paciente. A nutricionista Priscila Eduarda, pontua que, entre os protocolos vigentes, estão o encaminhamento para o profissional responsável, além da ingestão de alimentos corretos para a saúde do indivíduo. “Aqueles alimentos que são mais ricos em fibras trazem mais saciedade ao paciente, como vegetais, hortaliças e frutas com baixa carga glicêmica, além dos farelos e sementes, como linhaça, chia, sementes de abóbora e girassol, bem como as proteínas magras, como carne bovina, peixe e frango”, esclarece a profissional.
Outro ponto, para a profissional, diz respeito às particularidades
de cada paciente, sempre possuindo uma parte importante durante o tratamento.
“A busca pelo check-up, as consultas e os retornos com fins de avaliação da
dieta, para que esta se mantenha dentro dos padrões adequados, além dos exames
bioquímicos feitos em laboratório, também são excelentes iniciativas para
manter o paciente na rota do tratamento”, pontua.
Prática esportiva
Para que o tratamento tenha eficácia, a nutrição deve ser aliada a uma boa prática esportiva. O fisiologista do esporte Dr. Luiz Rocha explica que não existe um tempo ideal para a execução de atividades físicas, mas a continuidade do exercício é um fator para a saúde, assim como a adaptação da rotina do indivíduo. “Artigos publicados recentemente mostram que a atividade física, de forma isolada, ajuda no controle da pressão arterial por até 18h após o exercício, por exemplo”, acrescenta Dr. Luiz Rocha.
Rocha também avalia que, a depender do peso corporal do indivíduo,
alguns terão mais dificuldade em determinados tipos de exercício, enquanto
outros terão menos. Porém, além da prática esportiva, uma boa dieta é
fundamental para que os resultados apareçam e para que as pretensões do indivíduo
sejam realizadas.
Saúde mental
Para que estes pacientes tenham eficácia no tratamento, a questão da interação com os profissionais da área é de suma importância. Para isso, segundo a psicóloga Cinthia Melgaço, esses fatores levam o paciente a aprender a lidar com novas rotinas, bem como o enfrentamento de situações adversas durante o período de adoecimento, incluindo o acompanhamento de mudanças comportamentais.
Outro ponto importante está na rede de apoio, crucial para que o tratamento tenha resultados satisfatórios. A profissional explica que deve haver uma compreensão, dentro desta, tanto do paciente que faz o acompanhamento quanto das pessoas que estão à sua volta para que observem quesitos como autocobrança e pressão da sociedade, em geral. Outros pontos como a dificuldade nos relacionamentos sociais e a implementação de estratégias ajudam o paciente na mudança do estilo de vida. “A mudança de hábitos serve para a vida inteira, pois precisa de constância e persistência. É importante o paciente compreender que nada acontece de uma hora para outra”, pondera Cinthia.
Por fim, cabe destacar que a presença da equipe multidisciplinar
em todas as etapas do processo de perda de peso do paciente não tem apenas o
intuito de contribuir no emagrecimento deste, mas também prestar toda a
assistência pós-tratamento. “A avaliação do paciente como um todo, em exames
laboratoriais e de imagens são fundamentais para a identificação de distúrbios
e alterações hormonais, por exemplo, e essa identificação é necessária para que
se possa provocar um equilíbrio fisiológico e um emagrecimento satisfatório
para o paciente”, conclui Dr Ribas.
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