Cenário é
resultado do arrefecimento da economia, somado a alto endividamento das
famílias e juros e inflação elevados, aponta FecomercioSP
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) fechou o primeiro semestre de 2023 com variação negativa de 4,2%, em comparação ao mesmo período de 2022. Ao contrapor com os últimos três meses do ano passado, a queda é ainda maior (-8,4%).
Os outros dois indicadores analisados pela Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), referentes à intenção
de expandir os negócios e à situação dos estoques, também apresentarem índices
negativos: 4,8% e 5,3%, respectivamente, na comparação entre janeiro a março de
2022.
De acordo com a Entidade, os índices confirmam a tendência de arrefecimento da
economia. As preocupações dos empresários do comércio com a conjuntura
macroeconômica se intensificaram diante do alto endividamento das famílias e
dos juros elevados, fatores que afetam a intenção de consumo – de bens ou de
serviços.
A alta inflação – assim como a política econômica e as possíveis mudanças que
podem ser adotadas pelo novo governo frente a um elevado déficit fiscal –
também é motivo de pessimismo entre os empresários. Consequentemente, há uma
retração no consumo, o que limita a expansão dos negócios. Com menos
investimentos, há menos contratações.
Março
No mês de março, foi registrada a quarta variação desfavorável seguida no ICEC
(-4,1%), quando comparado ao mesmo período de 2022. Em relação ao mês anterior,
o declínio foi de 2,3%, ao passar de 112,3 pontos, em fevereiro, para 109,7
pontos, no terceiro mês do ano. Os indicadores referentes à intenção de
expandir os negócios e à situação dos estoques também apresentarem índices
negativos: 5,9% e 1,1%, respectivamente, na comparação interanual.
Dentre as variáveis que integram o ICEC, a que avalia as condições atuais
(ICAEC) registrou queda de 2,1%, entre março de 2023 e o mesmo período do ano
passado. O IEEC, que mensura as expectativas futuras, caiu 6,1%. Já a variável
do índice de investimento (IIEC) ficou negativa em 3,2%, na mesma base de
comparação. Em relação a fevereiro, o primeiro indicador apresentou queda de
6,2%, o segundo subiu 1,1%, e o terceiro teve baixa de 3,1%.
Expansão e investimento
Ainda segundo o mesmo levantamento, o Índice de Expansão do Comércio (IEC)
fechou o terceiro mês do ano com recuo de 3,8%, na comparação com março de
2022. Retrações também foram constatadas nas variáveis que medem as
Expectativas para Contratação de Funcionários e o Nível de Investimento das
Empresas. Na mesma base comparativa, os índices ficaram negativos em 5,9% e
1,1%, respectivamente.
O Índice de Estoque (IE) recuou 4,8% em 12 meses. A proporção dos empresários
que consideram a situação adequada dos estoques caiu de 58,6% para 56,3%, em 12
meses. Aqueles que relatam a situação inadequada para cima avançou de 27,4%%
para 29,7%, ao passo que os que acreditam que o estoque é inadequado para baixo
passou de 13,1% para 14%. A queda na intenção de consumo também pode ser
percebida pelo aumento do número de empresários que relatam a inadequação para
cima dos estoques.
Segundo a FecomercioSP, o empresário do comércio, diante das tantas incertezas
instaladas na economia, deve estabelecer um planejamento de longo prazo, uma
vez que o cenário atual é de retração do consumo. É fundamental agir com
resiliência nas operações e nas decisões do dia a dia, assim como estimular as
vendas e gerir estoques adequadamente. Estas medidas se tornam cruciais para
evitar quedas de receitas. Além disso, optar por liquidações, com uma análise
criteriosa das margens de preços, ainda é uma boa estratégia para reduzir o
estoque dos produtos que não estão com boa performance de vendas. Decisão esta
que pode aumentar a receita e abrir espaço para realizar novos investimentos.
Notas metodológicas
ICEC O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a
percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do
País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem
segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de
empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas
formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que
avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos
empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município
de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região
metropolitana.
IEC
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo o mês pela FecomercioSP
desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de
0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse
absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a
perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de
máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas. Apesar desta pesquisa
também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca a região
metropolitana.
IE
O Índice de Estoque (IE) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de
2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São
Paulo. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente,
inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice,
é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de
estoques: “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e “abaixo”
(em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a
demanda em curto prazo). Como nos dois índices anteriores, a pesquisa se
concentra no município de São Paulo, entretanto sendo a sua base amostral
considera a região metropolitana.
FecomercioSP
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