sexta-feira, 31 de março de 2023

Confiança dos empresários do comércio sofre queda de 4,2% no primeiro trimestre de 2023

Cenário é resultado do arrefecimento da economia, somado a alto endividamento das famílias e juros e inflação elevados, aponta FecomercioSP

 

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) fechou o primeiro semestre de 2023 com variação negativa de 4,2%, em comparação ao mesmo período de 2022. Ao contrapor com os últimos três meses do ano passado, a queda é ainda maior (-8,4%).

 
Os outros dois indicadores analisados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), referentes à intenção de expandir os negócios e à situação dos estoques, também apresentarem índices negativos: 4,8% e 5,3%, respectivamente, na comparação entre janeiro a março de 2022.
 
De acordo com a Entidade, os índices confirmam a tendência de arrefecimento da economia. As preocupações dos empresários do comércio com a conjuntura macroeconômica se intensificaram diante do alto endividamento das famílias e dos juros elevados, fatores que afetam a intenção de consumo – de bens ou de serviços.
 
A alta inflação – assim como a política econômica e as possíveis mudanças que podem ser adotadas pelo novo governo frente a um elevado déficit fiscal – também é motivo de pessimismo entre os empresários. Consequentemente, há uma retração no consumo, o que limita a expansão dos negócios. Com menos investimentos, há menos contratações.
 


Março


No mês de março, foi registrada a quarta variação desfavorável seguida no ICEC (-4,1%), quando comparado ao mesmo período de 2022. Em relação ao mês anterior, o declínio foi de 2,3%, ao passar de 112,3 pontos, em fevereiro, para 109,7 pontos, no terceiro mês do ano. Os indicadores referentes à intenção de expandir os negócios e à situação dos estoques também apresentarem índices negativos: 5,9% e 1,1%, respectivamente, na comparação interanual.
 
Dentre as variáveis que integram o ICEC, a que avalia as condições atuais (ICAEC) registrou queda de 2,1%, entre março de 2023 e o mesmo período do ano passado. O IEEC, que mensura as expectativas futuras, caiu 6,1%. Já a variável do índice de investimento (IIEC) ficou negativa em 3,2%, na mesma base de comparação. Em relação a fevereiro, o primeiro indicador apresentou queda de 6,2%, o segundo subiu 1,1%, e o terceiro teve baixa de 3,1%.
 


Expansão e investimento


Ainda segundo o mesmo levantamento, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) fechou o terceiro mês do ano com recuo de 3,8%, na comparação com março de 2022. Retrações também foram constatadas nas variáveis que medem as Expectativas para Contratação de Funcionários e o Nível de Investimento das Empresas. Na mesma base comparativa, os índices ficaram negativos em 5,9% e 1,1%, respectivamente.
 
O Índice de Estoque (IE) recuou 4,8% em 12 meses. A proporção dos empresários que consideram a situação adequada dos estoques caiu de 58,6% para 56,3%, em 12 meses. Aqueles que relatam a situação inadequada para cima avançou de 27,4%% para 29,7%, ao passo que os que acreditam que o estoque é inadequado para baixo passou de 13,1% para 14%. A queda na intenção de consumo também pode ser percebida pelo aumento do número de empresários que relatam a inadequação para cima dos estoques.
 
Segundo a FecomercioSP, o empresário do comércio, diante das tantas incertezas instaladas na economia, deve estabelecer um planejamento de longo prazo, uma vez que o cenário atual é de retração do consumo. É fundamental agir com resiliência nas operações e nas decisões do dia a dia, assim como estimular as vendas e gerir estoques adequadamente. Estas medidas se tornam cruciais para evitar quedas de receitas. Além disso, optar por liquidações, com uma análise criteriosa das margens de preços, ainda é uma boa estratégia para reduzir o estoque dos produtos que não estão com boa performance de vendas. Decisão esta que pode aumentar a receita e abrir espaço para realizar novos investimentos.


 
Notas metodológicas


ICEC O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.
 


IEC


O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas. Apesar desta pesquisa também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca a região metropolitana.
 


IE


O Índice de Estoque (IE) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques: “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e “abaixo” (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo). Como nos dois índices anteriores, a pesquisa se concentra no município de São Paulo, entretanto sendo a sua base amostral considera a região metropolitana.
 
FecomercioSP

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