Especialista detalha que é fundamental criar uma rede de apoio que ofereça segurança em expressar seus sentimentos de forma a evitar o isolamento e até mesmo o suicídio
Pesquisa
do IBGE revela que as meninas estão sentindo mais a saúde mental negativa do
que os meninos. O estudo foi realizado com adolescentes de 13 a
17 anos e informa que para 29,6% das meninas a vida simplesmente não vale a
pena. Entre os meninos, o índice daqueles que também pensam da mesma forma está
em 13%. Cerca de 40% das meninas não aceitam o próprio corpo, enquanto que
entre os garotos o número chega a 24,5%. Outro ponto de atenção é com relação
ao bullying na escola: 57,8% das meninas e 20% dos meninos disseram já ter
sofrido. Esses são indícios de que jovens e adolescentes podem estar com quadro
de depressão.
A
psicóloga e consultora Educacional da Escola da Inteligência Ana Lídia
Zerbinatti informa como perceber os sintomas de depressão e, principalmente, de
como colaborar com quem precisa, mas que não consegue pedir ajuda. “Para evitar
que este quadro se agrave mais, é fundamental estar próximo, dar atenção e ter
um acompanhamento médico. Isso envolve a participação direta da família, amigos
e professores”, explica.
Para
facilitar a identificação dos sintomas e saber o que deve ser feito para ajudar
os adolescentes neste momento tão difícil, Ana Lídia traz dicas que podem ser
colocadas em prática pelas pessoas próximas. A seguir estão os detalhes:
1. Saber
o que é a depressão e quais fatores a desencadeiam
A
depressão é uma doença multideterminada. Não existe uma única causa, mas um
grupo delas. É a resposta do nosso organismo para um conjunto de fatores quando
passamos por perdas significativas na nossa vida. Por exemplo, traumas físicos
e/ou emocionais; problemas familiares, acadêmicos, no relacionamento, entre
outros. Isso traz mudanças ao estado psíquico da pessoa até o ponto em que ela
acaba adoecendo. Ou seja, uma desestrutura na rotina, da perda de sentido,
significado e de propósito na vida dessa pessoa.
2. Tomar
cuidado com a massificação das redes sociais
Os
maiores índices de depressão, automutilação e suicídio entre crianças e
adolescentes estão correlacionados com a massificação do acesso às redes
sociais. Por exemplo, segundo investigação do jornal norte-americano The Wall Street Journal, um relatório interno realizado pelo
Facebook informa que o Instagram, que faz parte da mesma empresa, está
relacionado a danos à saúde mental de adolescentes. O estudo informou que 13%
dos usuários britânicos e 6% dos norte-americanos relataram ter pensamentos
suicidas em decorrência do uso do aplicativo. Este pode ser um indicativo do
perigo do uso excessivo das redes sociais porque pode proporcionar a perda de
referência do que é próximo da realidade dele. São padrões
excessivos de felicidade, sucesso, beleza inacessíveis que podem levar à
depressão.
3. As
consequências na saúde mental ocasionadas pela pandemia
A
pandemia trouxe uma perda muito grande na rotina de socialização. Momentos de
lazer foram prejudicados e isso pode ocasionar problemas de saúde mental. O primeiro
passo é que as famílias observem seus filhos, como se comportam, expressam suas
emoções, quem são seus amigos. Quanto mais a gente conhece,
mais tem vínculo familiar e consegue se aproximar para fazer a intervenção e
estar atento aos sinais. É muito comum ouvir de famílias que sofrem com casos
de depressão, de automutilação ou mesmo de suicídio que o jovem não falou nada.
Muitas vezes, a gente não está prestando atenção nos sinais daquela depressão
É
importante conhecer os sintomas da depressão e, principalmente, seus filhos
porque o que mais se destaca é a mudança de comportamento daquela criança ou
adolescente. Geralmente, é uma apatia, falta de vontade de fazer as coisas.
Porém, faz parte do comportamento dos jovens, principalmente os adolescentes,
ficarem mais entediados e com falta de interesse. Por isso, não é apenas a mudança
em si, algo que acarreta em prejuízos para aquele jovem. Por exemplo, se a
família começa a perceber que a pessoa não quer mais sair com os amigos, perdeu
o interesse em atividades de que antes gostava, reclama de ter que ir à escola,
começa a ter dificuldade na escola, perda ou excesso de peso e sono. A partir
de qualquer desses indícios, é preciso ficar atenta.
4. A
importância da relação integrada entre família e escola
A escola também
precisa conhecer seus alunos, estar atenta a esses sinais e fazer os
encaminhamentos adequados. A escola deve orientar a família. O mesmo vale para
a família e ambos precisam atuar de forma conjunta. A
disciplina de educação socioemocional ajuda a prevenir para que o aluno possa
se conhecer melhor, expressar o que sente, se aproximar mais dos amigos,
família e professores, conseguir pedir ajuda quando necessário, gerenciar e
reduzir situações de estresse. É importante que a pessoa com depressão tenha um
acompanhamento médico porque se trata de uma doença e que as pessoas em volta
criem uma rede de apoio ao paciente. É papel da família, escola e amigos estar
presente, incentivar e acompanhar o tratamento porque mostra à pessoa que ela
não está sozinha.
Escola da Inteligência
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