Os meios digitais vão estar ainda mais presentes na
vida dos trabalhadores e nas relações profissionais
Créditos: StartupStockPhotos / Pixabay
Prever como será a vida no planeta ou como estaremos daqui a 20 ou 30 anos é uma temeridade. As transformações no mundo ocorrem com uma velocidade avassaladora. Então, é bem possível que vamos errar os prognósticos, quaisquer que sejam. Basta olhar para a história recente: a humanidade avançou mais nos últimos 100 anos do que em todos os outros 19 séculos, desde Cristo. Provavelmente, seguiremos mudando absurdamente nos próximos 100 anos.
Mas, quando falamos em relações de trabalho, as
alterações dos últimos dois séculos, desde a Revolução Industrial, no final do
século XIX, foram menos significativas. Essas relações apenas se tornaram mais
formais, com regras mais claras, tanto para quem contrata quanto para quem é
contratado. A relação capital-trabalho também evoluiu e se tornou mais amistosa
e consensual na busca incessante pela produtividade e equilíbrio.
Recentemente, a extraordinária evolução da
computação e da robótica trouxe como consequência a redução no número de
trabalhadores no chão de fábrica, o que foi, de certa forma, compensado pelo
número de postos de trabalho nos processos digitais. Esse movimento, claro,
aumentou as exigências de treinamento e qualificação.
Outra consequência da revolução digital - e agora
da pandemia - foi o trabalho remoto, que já vinha crescendo tímidamente antes
mesmo da covid-19. Depois dela, contudo, esse tipo de arranjo cresceu
exponencialmente, alcançando níveis antes inimagináveis. Foi um salto de vários
anos, impulsionado pela necessidade de distanciamento e que, segundo especialistas,
não será revertido quando tudo isso passar.
Como estará o mundo na segunda metade deste século?
Hoje, médicos já fazem cirurgias de forma remota, empresas globais reúnem seu
“board” por videochamada, trabalhadores resolvem complicados problemas técnicos
e de operação de máquinas com uma simples chamada de vídeo feita do próprio
telefone celular.
Sem dúvida, os meios digitais vão estar ainda mais
presentes na vida dos trabalhadores e nas relações profissionais. Para
acompanhar essa revolução, é fundamental conhecer as muitas possibilidades que
existem. Jovens que se preparam para entrar no mundo do trabalho podem
frequentar, paralelamente ao curso técnico ou universitário, cursos de
especialização em tecnologia digital para conhecer, com alguma desenvoltura,
ferramentas tradicionais como Excel, Photoshop e Word, além dos muitos
aplicativos específicos para cada atividade profissional.
E, embora esse seja um grande diferencial na
acirrada concorrência pelos melhores postos de trabalho, é importante lembrar
que os fatores que há séculos diferenciam os seres humanos continuarão sendo
essenciais e decisivos na conquista de um emprego: caráter, bons modos,
empatia, gentileza, sobriedade, bom humor, honestidade, autoconfiança,
facilidade de relacionamento, entre dezenas de outros atributos pessoais.
Além de tudo isso, o bom profissional do futuro
deve ser eclético, aberto a novos desafios, adaptável a situações adversas. Ele
deve saber improvisar, resistir a situações de estresse com a convicção de que
é suficientemente bom para algo que aparenta ser intransponível. Para isso é
preciso ler, estar informado. Ser um especialista, sim, mas, sobretudo, ser um
generalista, com um pouco de conhecimento de física, de química, de astronomia,
de história, geografia, cultura, psicologia, línguas e outras habilidades
humanas.
Pode parecer muito e, com certeza, é. Mas o sucesso
dependerá cada dia mais da capacidade individual de conhecer o mundo e as
milhões de possibilidades do ser humano. Essa é uma grande oportunidade para
aqueles que querem fazer a diferença. Ler, estudar, buscar o conhecimento na
internet, nos livros de história, nos cursos técnicos, nas bibliotecas, nas
boas amizades, na conversa e no convívio com profissionais de sucesso.
Assim sempre foi: os mais preparados, os que mais
interagem com os outros e que melhor se adaptam às situações diversas e
adversas é que vencerão. “É uma velha receita que para sempre permanecerá.” O
trabalho mudará, é verdade, mas os bons profissionais seguirão conquistando novos
mundos.
Edson
José Ramon - empresário, presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL) e
conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR).
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