Vera Cruz Hospital oferece a intervenção, em evidência pela pandemia de Covid-19
Os reflexos da
pandemia de Covid-19, além de sentidos diariamente pela população, também já
fazem parte das estatísticas. No ano passado, segundo levantamento feito pela
Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), com dados do
Portal da Transparência, as mortes causadas por doenças respiratórias cresceram
27,5% em relação a 2019, passando de 3.353 para 4.275 no país. A Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG) está entre as enfermidades que mais registraram
aumento: 522%.
Dentre as patologias
que causam a SRAG, estão as decorrentes de agressões agudas por vírus ou
bactérias, entre elas o novo coronavírus. Há também as patologias pulmonares crônicas,
tais como enfisema, bronquite, doenças imunomediadas, neoplasia e cardiopatias
graves, que também podem comprometer o pulmão.
Os dados chamam a
atenção para o Dia Mundial do Pulmão, no próximo sábado (25), data cujo
propósito é promover a conscientização sobre o combate e a prevenção das
doenças que afetam os órgãos. No olhar do médico Maurício Marson, um dos
responsáveis pelo serviço de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) do
Vera Cruz Hospital, a terapia, em evidência atualmente após inúmeras
internações decorrentes de casos graves de Covid, tem sido uma grande aliada
para recuperar pacientes com quadros graves.
O especialista explica
que há critérios clínicos rigorosos que envolvem as características da doença e
da pessoa, o tempo de acometimento e sua chance de reversibilidade, para se
aprovar este tipo de intervenção. "Usamos parâmetros do respirador
artificial, gasometrias - que são análises dos gases no sangue -, imagens de
radiologia, tomografia e ecocardiograma. São feitos cálculos fisiológicos e
utilizamos alguns escores para tomar a decisão", pontua.
A ECMO drena o sangue
venoso por uma cânula inserida em uma veia, e a passagem do sangue através de
uma membrana faz a função do pulmão, devolvendo oxigênio ao paciente com baixos
níveis de gás carbônico. Uma bomba impulsiona o sangue nesse processo e o uso
de anticoagulante é necessário. "Não há um tempo fixo para a recuperação
do órgão e duração do suporte. O que sabemos é que algumas patologias demandam
mais tempo e isso ditará o período necessário de suporte", destaca o
médico.
O analista de
logística Paulo Sérgio Smizmaul, de 53 anos, por exemplo, foi uma das 23
pessoas tratadas pelo Vera Cruz Hospital com a ECMO, sendo o segundo em razão
do novo coronavírus. Foram necessários 73 dias de internação, dos quais 43
foram conectados ao pulmão artificial para vencer a batalha. "Eu precisava
descansar, me sentia muito mal, com falta de ar", relata. Em julho, outro
paciente ficou ligado ao aparelho por dois meses e, após 99 dias, teve alta.
Marson esclarece que o
pulmão artificial já era usado para restabelecer outras pessoas, de outras
enfermidades, antes da pandemia. "Nosso grupo foi o primeiro centro do
ELSO ["Extracorporeal Life Support Organization" traduzido do
inglês como Organização Extracorpórea de Suporte à Vida] do Brasil, sociedade
que regulamenta a prática da ECMO no mundo, e nossos cirurgiões ocupam cargos
de destaque na sessão latino-americana da entidade. Atuamos com suporte
circulatório e pulmonar desde o final dos anos 90 e fomos aprimorando a técnica
com maior conhecimento e disponibilidade de materiais adequados. No Vera Cruz
Hospital, utilizamos o método há vários anos e, apenas nos últimos cinco anos,
23 pacientes foram beneficiados. A taxa de sucesso é superior a 60% de alta
hospitalar. São números comparáveis aos principais centros do mundo",
orgulha-se.
Segundo o médico,
doenças irreversíveis e crônicas graves, com acometimento multiorgânico, não
são boas candidatas ao suporte. Ele salienta que o tratamento serve para dar
tempo necessário ao pulmão para se recuperar da agressão e voltar a assumir
suas funções. "Indicamos para enfermidades que decorrem de alterações
pulmonares reversíveis: agudas, com grande chance de serem tratadas, ou crônicas
agravadas e não-terminais. Neste cenário, as infecções virais, bacterianas, as
doenças imunomediadas controladas, pós-operatórias, que se manifestam com a
SRAG, são as principais", conclui.
Vera Cruz Hospital
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