O que colher de uma boa entrevista sempre foi fruto
de uma longa discussão. Por isso, ter a visão de vários interlocutores, cada um
com seu ponto de vista e com uma visão diferente da psique humana e das
virtudes de cada candidato sempre enriqueceu o debate do perfil ideal. Não
esquecendo que cada entrevista pode ser também fruto de uma autoanálise do
entrevistador.
O filtro pode ser o currículo. Mecanismos de busca
ajudam, claro. Tecnologia está aí para isso. Mas é naquele velho e bom olhar
que o tabuleiro de xadrez começa a movimentar as peças. A coerência da
narrativa faz mais sentido do que um currículo bem redigido. O ditado de que se
preparar para uma entrevista é fundamental para o sucesso nunca foi tão
verdadeiro e ainda conta com poucos adeptos. Isso serve para as duas pontas da
mesa, ou da tela .. Entrevistar significa também vender uma paixão e uma
oportunidade concreta de despertar no candidato o interesse em se juntar a uma
fórmula vencedora. Esse link tem que existir. A conexão tem que ser estável
É nas entrelinhas que sabemos o sabor da feijoada.
Conversar sobre atividades e interesses praticados fora do ambiente de trabalho
podem determinar a diferença entre gostar e efetivamente se dedicar a uma
causa. Qual o nível de detalhe que a paixão em nós desperta?
A dicotomia entre o tempo de Chronos e o tempo de
Kayros... Mas voltando à feijoada .. Pessoalmente, gosto de conversar sobre a
paixão que move cada um e ver o brilho de alguém descrevendo como gosta de
cozinhar, de música, de literatura ou de qualquer atividade que desperte um
profundo interesse. Já me imaginei uma vez saboreando uma feijoada, onde o
candidato descreveu cada passo e cada detalhe e ponto dos ingredientes. Mesmo
se eu fosse vegano acho que gostaria de ter experimentado. Se a empresa
fosse essa feijoada ... quais os ingredientes que o candidato à vaga gostaria
de ter?
O entrevistador passou a ser o candidato e o
candidato o entrevistador? Extremos de uma tendência de equilíbrio de forças
por um propósito que visa ao modelo participativo e que culmina com uma gestão
saudável e colaborativa de todos. Já fiz uma provocação em uma entrevista em
que, após 15 minutos de conversa, resolvi mudar as funções e mudar os papeis
(Quid Pro Quo Clarice, Quid Pro Quo – para quem viu o filme o Silêncio dos
Inocentes). A reação do candidato foi de perplexidade inicial, mas iniciou um
outro diálogo sobre preparação. Portanto, cada uma das pontas, preparem-se para
serem entrevistados e entrevistadores. Sempre um ótimo exercício.
A feijoada tem que ser boa para quem a
prepara e para quem a degusta.
Henning Dornbusch - mentor de executivos, com
formação em coach e sócio proprietário na JHD Consult.
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