Ação reaproveita
resíduos pós-consumo para inserção em novos ciclos de produção; quase 7 mil
trabalhadores da reciclagem devem ser beneficiados com recursos do programa
Embaladas pela crescente discussão sobre temas como
sustentabilidade, ESG e otimização de recursos, indústrias brasileiras têm
buscado, com uma força ainda maior durante a pandemia, alinhar suas operações e
valores para que o respeito à natureza seja um dos grandes pilares em suas
rotinas. Muitas delas, inclusive, têm arranjado formas de compensar o meio
ambiente por meio de iniciativas da logística reversa, sistema que visa
reinserir os resíduos sólidos pós-consumo em novos ciclos de produção. A ação
busca reaproveitar, descartar apropriadamente os resíduos gerados em suas
fábricas e, até mesmo, compensar a sociedade pelo uso de materiais
renováveis.
No Paraná, empresas e indústrias locais têm se
associado ao Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR), que fornece a todas as
companhias parceiras o selo de excelência InPAR, que estampa nas embalagens dos
produtos participantes a garantia de boas práticas de logística reversa. Cerca
de 40 empresas já possuem a certificação ‘Reciclar é Preciso - Empresa Amiga do
Meio Ambiente’. “Buscamos, por meio desse selo, chamar a atenção dos
consumidores, para incentivar o consumo com indústrias que estejam engajadas na
defesa do meio ambiente”, afirma o executivo do InPAR, Gustavo Fanaya.
Entre as ações, os associados do InPAR buscam
atingir a meta do Ministério do Meio Ambiente, firmado pelo Acordo de
Embalagens em Geral, em 2015, de recuperação de, no mínimo, 22% do volume
equivalente às embalagens pós-consumo inseridas no mercado. Ou seja, a cada 100
embalagens de papel produzidas, as empresas parceiras do InPAR precisam
‘compensar’ a sociedade com quantias equivalentes a 22 unidades. Isso pode ser
feito a partir de investimentos em organizações como associações e cooperativas
de trabalhadores de reciclagem, que realizam a operação de logística reversa
nos mercados em que ocorre a comercialização final dos produtos.
Em 2020, a instituição efetuou investimentos no
programa Reciclar pelo Brasil, gerenciado pela ANCAT (Associação Nacional dos
Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis). Esse é o principal projeto
apoiado pelo movimento Coalizão Embalagens, organização formada por 14
entidades empresariais nacionais. Cerca de 563 associações ou cooperativas
de reciclagem são beneficiadas pelo programa. “A proposta é garantir em médio
prazo a elevação sustentada e perene da remuneração dos trabalhadores do
segmento de triagem de material reciclável advindo das embalagens pós-consumo”,
explica Fanaya.
Exemplo na indústria
Uma das participantes da iniciativa é a Unium,
marca institucional das indústrias das cooperativas Frísia, Castrolanda e
Capal. Em sua produção de itens de trigo, leite e proteína animal, a Unium
utiliza cerca de 80% de embalagens plásticas e 20% em papel. No ano passado, os
resíduos da marca totalizaram 1.027 toneladas, ou 12,79% do volume total das
embalagens entregues ao InPAR. “Fazemos parte do projeto de logística reversa
desde 2017. Nós pagamos, com muita satisfação, uma anuidade e uma contribuição
para o financiamento de atividades dessas instituições”, avalia o coordenador
industrial do Moinho Herança Holandesa, Emanoel Eber Rodrigues. “Esse projeto tem
muita importância para a Unium, pois está sensivelmente alinhado com nossos
valores de preservação do meio ambiente e de sustentabilidade de operações”,
acrescenta.
Alguns dos investimentos para auxiliar os
trabalhadores servem para a compra de kits de EPIs, treinamentos de
colaboradores, assessoramento técnico e adequação de instalações. A estimativa
é de que, com os recursos arrecadados pelas empresas participantes, 6.750
trabalhadores de material reciclável sejam beneficiados com as atividades em todo
o Brasil em 2021.
Unium
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