Tikún, como é
chamado o macho de onça-parda, é acompanhado pelas câmeras de monitoramento do
Onçafari no Legado das Águas
Pequenos passeios, parada para um descanso e até
marcação de território. Esses são os flagras do Tikún, macho de onça-parda
monitorado no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do
país, pelas câmeras do Onçafari, projeto dedicado ao estudo e conservação da
vida selvagem. A instalação das câmeras faz parte da parceria entre Onçafari e
o Legado das Águas, que visa realizar o levantamento populacional de
onças-pardas e pintadas na Reserva, para ações de proteção desses felinos na
Mata Atlântica.
Os registros do Tikún foram feitos na campanha
(período de tempo entre a instalação da câmera e retirada para coleta das
imagens) de outubro a dezembro de 2020 realizada pelo Onçafari no Legado das
Águas, que também registrou, em números absolutos, mais de 1.500 animais,
divididos em 30 espécies, entre mamíferos, aves, insetos, répteis e anfíbios. A
quantidade de avistamentos pelas câmeras demonstra a efetividade da parceria e
a qualidade da floresta do Legado das Águas como refúgio e abrigo seguro para
as espécies animais.
Monitorar e diferenciar onças-pardas (Puma
concolor) é uma tarefa desafiadora. Isso porque, diferentemente das
onças-pintadas (Panthera onca) – que são identificadas por suas rosetas –, os
pesquisadores individualizam as pardas por marcas físicas, como cicatrizes, por
exemplo. A característica que permite que o Tikún seja acompanhado é uma
fratura na ponta da cauda, o que deu origem ao seu nome, que significa
“quebrado”, em tupi-guarani.
De acordo com Victória Pinheiro, bióloga do
Onçafari responsável pelo projeto no Legado das Águas, as imagens mostram um
animal adulto saudável. “Os vídeos mostram o Tikún descansando, passeando pela
floresta e marcando território, que é quando espalham urina ou fezes para
deixar o seu odor naquele espaço. Pelo porte físico também é possível dizer que
a sua saúde está em dia”, diz.
Ao que tudo indica, o Tikún está gostando do
momento de fama, já que foi registrado em quatro pontos distintos onde as
câmeras estão instaladas. A frequência dos registros é essencial para fornecer
informações importantes sobre a espécie, que é pouco estudada na Mata
Atlântica. “É impossível dizer quando um animal será registrado novamente,
ainda mais uma onça-parda, que ocupa um território amplo, percorrendo grandes
distâncias, e não necessariamente os mesmos lugares. Mas os registros
frequentes do Tikún podem fornecer informações importantes sobre a ocorrência
da espécie e até mesmo do comportamento no bioma, já que os registros o mostram
fazendo diferentes atividades. Esses são resultados bastante impressionantes,
tanto pela frequência quanto pela quantidade”, completa a bióloga.
Vamos espiar?
Confira momentos registrados nos vídeos abaixo:
https://www.grupoprinter.com.br/conteudo/KUB3d3MBMRVOTpIJVO6nrWs7hGVRQcl464LpCsVa
https://www.grupoprinter.com.br/conteudo/2mKoh4ur8UYC3iSurybHb1fowHWPUq1U1YDMUGXB
Características
Com exceção da cauda, o Tikún é como todos os
outros indivíduos da sua espécie. A onça-parda é o segundo maior felino do
Brasil, que pode ser encontrado em diversos biomas brasileiros, além do Canadá
até a região meridional da cordilheira do Andes. Porém, mesmo com a ampla
distribuição, é ameaçada de extinção em algumas localidades.
É uma espécie “topo de cadeia” e “bioindicadora”,
isso significa que as florestas em que elas estão presentes são ambientes
saudáveis, abrigando animais e vegetais que são essenciais para o bom
funcionamento dos ecossistemas que produzem água, regulam o clima e protegem o
solo.
As onças-pardas também têm duas características bem
interessantes: diferentemente dos outros grandes felinos, como a onça-pintada,
elas não esturram ou rugem. Sua vocalização (som que produz para se comunicar)
é similar a um miado. Além disso, suas patas traseiras são proporcionalmente as
maiores entre os felinos, o que as fazem ser ágeis, possibilitando pulos mais
altos e uma habilidade extrema para subir em árvores.
Uma informação importante a ser frisada é que esse
animal tem medo da presença humana. “Não somos vistos como presas. A maioria
dos animais que fazem parte da cadeia alimentar das onças-pardas têm olhos na
lateral do crânio e utilizam as quatro patas para se locomover, ou seja, muito
diferente de nós. Essas características, entre outros fatores, fazem com que
elas tenham medo de nós. Ataques a humanos, sejam de onças-pardas ou pintadas,
são extremamente raros. O animal precisa ser submetido a uma situação de muito
estresse, quando se sente acuado”, esclarece Victória.
O Tikún poderá ser acompanhado pelas redes sociais
do Legado das Águas, basta buscar @legadodasaguas no Facebook ou Instagram.
Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata
Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos
ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no
sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e
conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve
sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a
manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas
hidrelétricas. Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de
pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de
valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São
Paulo. Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas
Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada,
cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira
sustentável.
Sobre o Onçafari
O Onçafari atua no Pantanal, Cerrado, Amazônia e
Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e
contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está
inserido por meio do ecoturismo e de estudos científicos. O projeto é focado na
preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em
onças-pintadas e lobos-guarás.
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