A escola é o
primeiro lugar onde se aprende a socializar fora do ambiente familiar, onde
culturas e opiniões distintas dão início aos primeiros conflitos, é uma
excelente oportunidade de aprendizado, tanto de frustações, medo do novo e de
mudanças quanto de troca de experiências.
A Neurociência comprova que estimular a
criança o quanto antes a conhecer e saber lidar com seus sentimentos, ajuda a
criar caminhos neurológicos que faz com que ela se recupere de uma experiência
negativa ou de alguma frustração com mais sabedoria e rapidez, porque estimula
o córtex pré-frontal, área do cérebro que atua no planejamento, pensamento
criativo, capacidades emocionais e modulação do comportamento.
A Inteligência Emocional auxilia na prevenção do
bullying, preconceitos, uso das drogas, violência e suicídio. Pesquisas revelam
uma melhora significativa no rendimento escolar e nas notas das avaliações,
mostrando que devido ao estado emocional equilibrado se aprende com maior
facilidade, pois a competência socioemocional está ligada diretamente ao
processo de aprendizagem, além de ser uma das habilidades mais valorizadas no
mercado de trabalho, porque envolve trabalho em equipe, resiliência e
comunicação. Por este motivo, o aluno terá este aprendizado para a vida toda.
Mas para uma criança ser saudável
emocionalmente não significa que não poderá chorar, muito pelo contrário, isso
também faz parte do autoconhecimento. É imprescindível que ela se expresse,
exteriorize e aprenda a se acalmar.
Em 1990, a Unesco promoveu uma conferência Mundial
da Educação para todos, na Tailândia, onde foram definidos quatro pilares
importantes para a educação, também abordados na Base Nacional Comum
Curricular, são eles: aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Todos eles estão interligados com as habilidades socioemocionais.
Aprender a conhecer: é o interesse em buscar o
conhecimento, manter-se atualizado. Vê-se necessário manter em alta essa
habilidade em tempos onde a tecnologia entrega tudo pronto.
Aprender a fazer: é colocar em prática os
aprendizados, aperfeiçoando-os com as atualidades.
Aprender a conviver: em uma sociedade interativa, é
necessário desenvolver a percepção, o respeito e saber argumentar sua opinião
sem entrar em conflitos.
Aprender a ser: desenvolver o
pensamento crítico, ser autônomo e estar aberto para conhecimentos novos.
Para facilitar essa busca pelo desenvolvimento da
criança em sua plenitude pela Educação Emocional, Daniel Goleman, escritor
renomado, psicólogo, jornalista científico nos Estados Unidos apresenta cinco
aspectos centrais:
Autoconhecimento: identificar e lidar com suas
próprias emoções e limitações, quanto mais consciente estivermos acerca de
nossas emoções, mais facilmente entenderemos o sentimento de outra pessoa;
Consciência social: reconhecer que o outro também
tem sentimentos, pensamentos e expectativas (empatia);
Tomadas de decisões responsáveis: identificar,
analisar, refletir e ter habilidades para solucionar um problema por meio de
atitudes éticas e construtivas;
Habilidade de relacionamentos: relações
interpessoais saudáveis e;
Autocontrole: aprender a controlar suas emoções,
sentindo, respirando e pensando sobre como solucionar sem a intensidade da
emoção.
Algumas práticas em sala de aula podem ser
facilitadoras, como jogos cooperativos que acrescentam muito nessa conquista,
trabalham o grupo, desenvolvendo estratégias e ensinando a lidar com as perdas
e frustações.
Um ambiente dinâmico onde há interação entre
professor e aluno e entre aluno e aluno, propicia respeito com as diferentes
opiniões, ensinando o aprendiz a ser um bom ouvinte, fazendo
com que se sinta acolhido, respeitado e que tenha uma maior autoestima.
A experiência da autoavaliação com o intuito de
buscar uma melhor versão dentro de si, buscando a concentração e equilíbrio
interior e estados de espírito positivos, enquanto duram, aumentam a capacidade
de pensar com flexibilidade e mais complexidade, tornando assim mais fácil a
resolução dos conflitos.
Apresentar as emoções através de livros, filmes,
buscar formas lúdicas como a confecção de um termômetro dos sentimentos, “emociometro”,
colocando os sentimentos base, que a cada dia se faz a referência para a
criança pensar sobre o que está sentindo e relacionar que pensamentos tem
reações que precisam ser repensadas antes das atitudes.
Desenvolver atividades que envolvam interpretar
emoções através de expressões faciais e corporais, dramatizações, apresentação
de peças teatrais, dança, música e até mesmo brincar de mímica para compreensão
da empatia e buscar formas positivas de auxiliar o outro.
Para trabalhar o autocontrole e ludicidade fazer o
semáforo, sendo vermelho (Pare e se acalme), amarelo (verificar seu sentimento,
pensar em soluções construtivas para tentar prever consequências), verde (siga
com o melhor plano). Além de técnicas de relaxamento, como Mindfulness que evita
o stress, trabalhar o conhecimento e controle da respiração, meditação entre
outras.
Os educadores de modo geral, necessitam de
conhecimentos e habilidades desenvolvidas para aplicar todos esses
ensinamentos, uma vez que servem também para lidar com seus próprios
sentimentos, procurando por reciclagens em treinamentos, leituras, cursos e
outros, porque é importante dar bons exemplos de atitudes e servir de
referências para muitas crianças com comportamentos positivos além de ensinar e
incentivar, gera segurança e conforto para os aprendizes.
Sabrina
Mader Ribeiro - Professora do Colégio Santa Amália – Unidade Saúde,
em São Paulo, instituição mantenedora da Liga Solidária.
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