Pesquisa do IBGE aponta que seis em cada dez brasileiros são obesos e quase dois terços da população estão com sobrepeso
A obesidade é uma das
doenças que mais cresce no Brasil e no mundo e suas consequências para a saúde
estão envolvidas na incidência cada vez maior de diversas condições crônicas,
como diabetes, problemas cardiovasculares, câncer e hipertensão, entre outras.
A última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde,
mostrou que 96 milhões de pessoas são obesas ou estão acima do peso no país, o
que corresponde a seis em cada dez brasileiros. E quando considera-se apenas a
população adulta, a incidência da obesidade mais do que dobrou entre 2002 e
2019, indo de 12,2% para 26,8%.
São dados
preocupantes, principalmente considerando que esses índices tendem a continuar
crescendo nos próximos anos. "O cenário se agrava ainda mais quando
levamos em conta o impacto da pandemia sobre a população. Boa parte das pessoas
passou por meses de isolamento, o que aumentou a prevalência do sedentarismo e
o consumo de alimentos como forma de aliviar a ansiedade", pontua o nutricionista
ortomolecular Rafael Félix, da Via Farma. E assim como a pandemia tem impactado
no peso da população, o excesso de peso também tem influenciado o cenário da
Covid-19 no Brasil. "Como tem sido observado, a obesidade é um fator de
risco importante para o desenvolvimento de formas graves da doença, mesmo
quando o excesso de peso não é acompanhado de comorbidades. Já quando estão
presentes quadros de diabetes e hipertensão, o risco torna-se ainda
maior", diz Félix.
Os impactos da
obesidade
É inegável que a crise
sanitária e econômica que o mundo atravessa mudou os hábitos de vida e trouxe
impactos importantes para a saúde mental de boa parte da população. O estresse
e a ansiedade crescentes trazem diversas repercussões para a saúde, e uma delas
é a mudança no apetite e na qualidade da alimentação. "É nesses momentos
que as pessoas passam a buscar alimentos que prejudicam a composição corporal,
como os ultraprocessados, refinados e doces, entre outros alimentos de alto
valor calórico", alerta o nutricionista. Assim, é preciso atentar-se aos
gatilhos da má alimentação para evitar que quadros de sobrepeso ou obesidade de
instalem ou se agravem nesse período.
Na prática, podemos
dizer que as origens da obesidade são multifatoriais, já que ela não está
exclusivamente relacionada ao estilo de vida. Além de contar com a genética
como fator importante, a doença ainda está ligada ao estresse crônico,
distúrbios do sono e até mesmo à exposição prolongada a toxinas ambientais, que
agem como disruptores endócrinos, prejudicando o equilíbrio hormonal do
organismo. "No entanto, é preciso ter em mente que o estilo de vida ainda
é o maior determinante no desenvolvimento da obesidade. Por isso, as mudanças
de hábito são essenciais para combater a doença, junto de outras estratégias
que podem ser indicadas pelo médico e nutricionista", destaca.
O melhor tratamento,
aliás, é aquele multidisciplinar, já que que a doença é complexa e traz
implicações que demandam o envolvimento de diversas especialidades da saúde.
"A obesidade é uma doença endócrina e metabólica, de caráter inflamatório.
O desequilíbrio que ela causa no organismo intensifica o estresse oxidativo,
causando disbiose intestinal e alterações que afetam a ação da insulina, cortisol,
hormônios sexuais e tireoidianos" elenca o nutricionista. De acordo com
ele, o excesso de peso ainda bagunça o relógio biológico e interfere nos
mecanismos de detoxificação do fígado, aumentando a pré-disposição a problemas
hepáticos. "Com o corpo em desarmonia, também aumentam os riscos de
comorbidades como diabetes tipo 2, doenças do coração, pressão alta, colesterol
elevado e alguns tipos de câncer", afirma Félix.
Mas não é só o Índice
de Massa Corpórea (IMC) acima de 30 que representa riscos para a saúde. O
sobrepeso também vem crescendo no país e sua predominância passou de 43,3% para
61,7% nos últimos 17 anos, representando, segundo o IBGE, quase dois terços da
população brasileira. "Esse dado também é muito preocupante, pois nos leva
a concluir que boa parte da população pode ter acúmulo de gordura na região
abdominal, o que já é fator de risco para diabetes tipo 2 e doenças
cardiovasculares", aponta o nutricionista. Isso acontece porque quando a
gordura abdominal é do tipo visceral, acaba se acumulando entre os órgãos,
prejudicando seu funcionamento e a circulação sanguínea. Por isso, ao mínimo
sinal de que o tamanho da barriga está passando dos limites saudáveis, já é
indicado buscar ajuda para reverter o quadro e evitar que doenças crônicas se
instalem.
Devido a tantas
consequências que a obesidade pode trazer para a saúde e para a qualidade de
vida, é preciso contar com a orientação de um endocrinologista e, se possível,
de outros especialistas para lutar contra o excesso de peso. "O acompanhamento
médico, nutricional e até mesmo psicológico é essencial para que o
emagrecimento aconteça de forma saudável e efetiva. Dentre as opções
terapêuticas, podemos citar as abordagens medicamentosas, fitoterápicas e até
mesmo a intervenção cirúrgica, em último caso. Independente de qual seja a
estratégia escolhida pelo médico, a dieta equilibrada e os exercícios físicos
regulares devem estar sempre presentes", afirma. "Muitas vezes, é
possível ajudar o paciente apenas com uma reorganização dos hábitos de vida e a
prescrição de fórmulas fitoterápicas personalizadas, como o blend entre Alchemilla
vulgaris L, Olea europaea L, Mentha piperita e Cuminum cyminum L,
que tem se mostrado seguro e eficaz no combate à obesidade. Tudo vai depender
do grau da doença e das características de cada perfil", finaliza.
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