Durante a menstruação, em uma simples troca de absorvente, é comum pensarmos que existe um mau cheiro presente no sangue menstrual. Porém, de acordo com Mariana Betioli, obstetriz e fundadora da marca de coletores menstruais Inciclo, o sangue tem um odor neutro, quase imperceptível.
“Quando usamos absorventes descartáveis, sentimos um odor que pode incomodar, de fato. Mas esse cheiro não é do sangue menstrual e muitas pessoas não sabem disso”, afirma Mariana Betioli.
“O cheiro aparece quando o sangue entra em contato com o ar e com as substâncias químicas dos absorventes descartáveis e começa a entrar em decomposição. Para disfarçar o odor, esses produtos são até mesmo perfumados ou contam com neutralizadores de odor, mas não chega a funcionar muito bem”, explica a especialista.
“Além disso, os absorventes possuem camadas plásticas que não permitem a passagem de ar, criando um ambiente úmido e quente. Assim, provoca a proliferação excessiva de bactérias e aumenta ainda mais o odor, em um círculo vicioso.”
Mariana destaca que o cheiro do sangue isolado é bem fraco, assim como o de outras partes do corpo, e que não deve ser motivo de preocupação. “O sangue menstrual tem cheiro, mas é um cheiro bem fraquinho de ferro super comum, que reflete todos os nutrientes que contém em sua composição”, acrescenta.
Por esse motivo, outras formas de coletar a menstruação são indicadas, como o coletor e o disco menstrual. De acordo com Mariana, essas opções são mais saudáveis e seguras para a região íntima.
“O ideal é evitar produtos químicos em contato com a região genital e deixar a área mais arejada. A melhor alternativa para a higiene menstrual é usar o coletor ou o disco menstrual, que são feitos de silicone hipoalergênico, um material substâncias químicas. Além de acabar com o desconforto do mau cheiro, reduz o risco de infecção”, garante a obstetriz.
Betioli reforça que o consenso de que a região íntima da mulher é suja, fedida, nojenta e precisa ter seu odor disfarçado, não é baseado em estudos científicos, e sim em tabus que sempre estiveram presentes na nossa cultura.
“Na verdade, esse tipo de pensamento não está restrito apenas ao cheiro da menstruação. A vagina também é constantemente associada ao odor de peixe. Não é coincidência você ir na farmácia e ter uma prateleira cheia de produtos de higiene íntima feminina, com aroma de flores e doces. Não existe nada parecido para a higiene íntima dos homens, porque é algo culturalmente enraizado, e não biologicamente apontado”, reflete.
“É
importante conhecer o seu próprio corpo e seus odores naturais, até para
observar padrões e perceber quando algo não vai bem. O tema da menstruação e da
saúde da mulher como um todo ainda é rodeado de tabus, e é preciso desconstruir
isso para a sua própria segurança. Não deixe de se consultar com uma
ginecologista de confiança, fazer exames regulares e acompanhar de perto a sua
saúde íntima”, conclui a CEO da Inciclo.
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