Com a chegada do inverno, grupo de risco deve redobrar os cuidados com higienização, reforço da imunidade e imunização
Com a chegada do inverno e o
aumento significativo do número de casos de infecções do trato respiratório
como influenza e resfriados, especialistas em imunidade alertam para os
cuidados redobrados que os idosos devem ter para reforçar a imunidade, manter a
higiene correta de mãos e ambientes, além da vacinação contra gripe, disponível
na rede pública de saúde.
A atenção para os níveis de vitamina D adequados no organismo também é aliada da prevenção, é o que aponta artigo publicado pela centenária revista científica britânica The Lancet¹, em seu portal, em análise publicada no final do mês de maio, destacando que a suplementação de vitamina D pode ser especialmente importante para idosos, que, sobretudo, ainda apresentam maior risco de contágio pelo novo coronavírus – e de deficiência deste hormônio.
A endocrinologista Marise Lazaretti Castro, professora adjunta de endocrinologia da UNIFESP explica que os idosos fazem parte dos grupos de risco de hipovitaminose D mundialmente. “Pelo grande percentual de deficiência visto entre nossos idosos, metade deles têm deficiência grave e quase 90% estão abaixo das concentrações desejáveis, todos deveriam fazer suplementação com vitamina D. Os benefícios desta reposição sobre a saúde musculoesqueléticas já são bastante conhecidos, e este benefício adicional sobre a redução no risco de infecções agudas respiratórias pode auxiliar, inclusive, durante a pandemia”, aponta a especialista.
Vitamina D além da saúde dos ossos
O texto da Lancet lembra que a vitamina D tem um papel bem caracterizado no
equilíbrio de cálcio e fósforo, promovendo a renovação óssea. O baixo nível
desse pré-hormônio também está associado a doenças não transmissíveis e a
doenças infecciosas, principalmente as do trato respiratório.
Especialmente sobre este aspecto, a revista científica cita uma metanálise de
dados de 2017 que abrange 11,3 mil pacientes em 25 ensaios clínicos
randomizados. Eles mostraram a que suplementação de vitamina D protegia contra
infecção do trato respiratório aguda, principalmente em pacientes com níveis de
vitamina D muito baixos.
Atualmente,
as evidências também vinculam especificamente os resultados do COVID-19 e o
status de vitamina D. Segundo o artigo, isso se explicaria uma vez que o
SARS-CoV-2, o novo coronavírus, surgiu e começou a se espalhar no hemisfério
norte no final de 2019 (inverno local), quando os níveis de vitamina D estão no
seu ponto mais baixo. Em uma análise transversal na Europa, a mortalidade por
Covid-19 foi significativamente associada ao status da vitamina D em diferentes
populações.
A autora Fiona Mitchell relata que o papel da vitamina D na resposta à infecção por Covid-19 pode ser duplo: apoiar a produção de peptídeos antimicrobianos no epitélio (tecido) das vias respiratórias, ou seja, criando uma barreira de proteção que torna os sintomas de Covid-19 menos prováveis e, no segundo momento, colaborando na redução da resposta inflamatória à infecção.
A endocrinologista brasileira, no entanto, destaca que a evolução do quadro de
infecção pelo novo coronavírus depende de uma série de fatores - a
adequação da vitamina D é apenas um deles. “Pela facilidade, segurança e baixo
custo, a suplementação com vitamina D é uma medida que deve ser recomendada,
especialmente para os idosos”, reforça a professora.
¹Mitchell, F. Vitamin-D and COVID-19: do deficient
risk a poorer outcome? The Lancet. Maio, 2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(20)30183-2/fulltext#%20.
Acesso em 02.06.2020
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