Em média, produtos e serviços custam 12,3% mais
caros, apenas por serem caracterizados com cores ou personagens femininos.
Pesquisa
realizada pelo MPCC-ESPM (Mestrado Profissional em Comportamento do
consumidor), com apoio da InSearch, constatou que as mulher pagam, em média,
12,3% mais caro por produtos “rosa”. O objetivo da pesquisa brasileira Taxa Rosa e a Construção do Gênero
Feminino no Consumo foi identificar se, de fato, a mulher paga
mais caro que o homem, pelo mesmo produto, quando ele é voltado ao público
feminino.
A pesquisa parte da pergunta: Existe diferença de preço entre os produtos para
as mulheres e para os homens? E, os resultados são surpreendentes, pois a
pesquisa de levantamento de preços (pricing)
comprovou que sim, as mulheres pagam mais caro. Ao analisar a diferença por
categoria, chegou-se a seguinte média de preços:
- Vestuário adulto: 17% mais caro, que a mesma versão masculina;
- Vestuário bebê/infantil: 23% mais caro na versão feminina;
- Produtos de higiene: 4% mais caro;
- Corte de cabelo: 27% mais caro;
- Brinquedos: 26% mais caro.
Mas as diferenças podem ser muito maiores quando são observados produtos específicos.
Um tênis branco de couro, cano alto custa 24% mais caro no modelo feminino, em
valor pesquisado entre outubro de 2016 e janeiro de 2017. Uma calça jeans,
modelo básico, da mesma marca apresentou preço 23% maior na peça feminina.
Quando levantados os preços de produtos da categoria de saúde e beleza, um kit
de lâmina de barbear, por exemplo, possui um valor 100% maior na versão da cor
rosa. O shampoo anticaspa, da mesma marca, na versão masculina apresentou um
preço 9,8% menor na embalagem azul. Nas roupas de bebê, um macacão para menina
custa 5% mais caro, mesmo tendo a mesma quantidade de detalhes e acabamentos do
modelo masculino. A barraca para meninas sai 30% mais cara e, um prato térmico
para bebê, apenas por ser rosa, 7,7% mais caro.
Além da verificação dos preços, a pesquisa também realizou uma série de
perguntas para um grupo de 480 mulheres, entre 20 e 55 anos, em São Paulo, no
Rio de Janeiro e em Salvador, das classes A, B e C, com o objetivo de
compreender como a mulher percebe seu comportamento de consumo. Dentre as
respondentes, 96% concordam que as mulheres consumem mais produtos do que os
homens; 87% acreditam que ter filho do gênero feminino custa mais caro do que
ter filhos do gênero masculino; 93% afirma que é raro uma mulher ir ao shopping
e não comprar nenhum produto (na classe C houve menor concordância); 91%
afirmam que as mulheres não resistem a uma boa vitrine sem comprar alguma
coisa; 75% das respondentes concordam que toda mulher é consumista (maioria da
classe A e minoria da classe C); 83% responderam que as mulheres consomem mais
que os homens; 87% acreditam que as mulheres sabem comprar melhor que os homens
(minoria da classe C); 58% concordam que homens são melhores para comprar
artigos de tecnologia (maioria classe A e minoria classe C); 91% pedem a ajuda
de um homem quando vão comprar um produto de alto valor, como um imóvel; 72%
concordam que homens entendem mais de carro, por isso é sempre consultá-los na
hora da compra; ao mesmo tempo, 97% concorda que nunca teve apoio de um homem
para comprar um anticoncepcional e 74% acredita que o consumo do
anticoncepcional é uma responsabilidade da mulher. Por fim, 92% concordam que
mulheres administram melhor o dinheiro que os homens. Todas as questões foram
respondidas antes das mulheres conhecerem os resultados dos levantamentos de
preço realizado para comprar os valores cobrados para os produtos “rosa”.
A ideia de realizar esta pesquisa no Brasil e na Europa nasceu no final de
2015, quando o The New
YorK City Department of Consumer Affairs (DCA), órgão de proteção
ao consumidor de Nova Iorque, divulgou a pesquisa Pink Tax, na qual ficou
comprovado que as mulheres pagam mais por diversos itens de consumo
caracterizado ou voltado para o gênero feminino, neste estado norte americano.
Há várias categorias de produtos com versão para a mulher e versão para o homem
e, em todas elas, o preço praticado nos produtos voltados ao gênero feminino é
maior. “A maior surpresa para o DCA é que a mulheres de Nova Iorque não havia
percebido esta diferença de preço”, conta o professor do MPCC-ESPM e
pesquisador Fábio Mariano Borges. “Os órgãos de defesa do consumidor, os
gestores, os consumidores também não tinham se dado conta deste fato. Vale
lembrar que, normalmente, nas lojas de departamento o gestor que cuida da seção
de produtos femininos não é a mesma pessoa que cuida da seção de produtos
masculinos. Este é um fenômeno da departamentalização que ocorre dentro de
muitas empresas”, ressalta.
“Após
a divulgação da pesquisa Pink Tax,
diversos órgãos de proteção ao consumidor ficaram espantadas e começaram a
realizar também suas pesquisas”. Borges trabalha em parceria com pesquisadores
da Espanha, Itália e Portugal, que começaram a realizar suas pesquisas em 2016.
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