Realizar exames de rotina, usar preservativo,
manter uma alimentação saudável, evitar o contato com metais pesados e não
consumir álcool e drogas são as principais orientações do ginecologista e
especialista em Reprodução Assistida, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, diretor
clínico da Fertivitro, para evitar a infertilidade e problemas na gestação
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e
com o intuito de mobilizar a sociedade sobre os cuidados com a saúde feminina,
a Fertivitro orienta como se prevenir das principais doenças e destaca os
problemas que afetam a realização do sonho da maternidade.
O ginecologista e especialista em
Reprodução Assistida, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, diretor da Fertivitro,
explica quais são os métodos de prevenção do câncer do colo do útero, de que
forma o desequilíbrio alimentar prejudica a fertilidade e fala dos malefícios
do álcool, tabaco e drogas para a tentativa de engravidar e na gestação. O
médico orienta, ainda, como as mulheres devem proceder ao optar por uma
gravidez tardia e quais medidas adotar no caso de contato com metais pesados,
antes e enquanto estiverem grávidas.
Previna-se contra o câncer do colo do útero - faça
exames de rotina e use preservativos
De acordo com as estatísticas do INCA (Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), no ano de 2016, foram
identificados mais de 16 mil novos casos de câncer do colo do útero, terceiro
tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do
colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
O câncer do colo do útero, também chamado de cervical,
é causado pela infecção persistente por alguns tipos (chamados oncogênicos) do
Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por este vírus é muito frequente
e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto,
em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o
câncer, segundo o INCA. Estas alterações das células são diagnosticadas pelo
exame preventivo conhecido como Papanicolaou, e são curáveis em quase todos os
casos.
“Existem duas formas de evitar a doença, uma é sempre
usar preservativo durante a relação sexual, o que impede a contração do vírus
HPV, e também pela realização periódica do exame Papanicolau”, alerta Dr. Luiz
Eduardo Albuquerque, da Fertivitro.
Obesidade e anorexia afetam a fertilidade e a gravidez
– tenha uma alimentação saudável
O desequilíbrio na alimentação pode causar a obesidade
ou anorexia, doenças que afetam diretamente a fertilidade feminina, a gestação
e o feto.
Obesidade
A
obesidade é um dos principais fatores de risco para a fertilidade, porque está
associada a ciclos menstruais irregulares, problemas na ovulação e anovulação
(falha da ovulação) e níveis elevados de hormônios masculinos, diminuindo,
dessa forma, as chances de gestação.
O
excesso de gordura corporal influencia, ainda, a produção do hormônio liberador
de gonadotropina (GnRH), essencial para regular a ovulação nas mulheres.
Especificamente, o GnRH provoca a liberação dos hormônios Folículo Estimulante (FSH)
e Luteinizante (LH), ambos responsáveis pela produção dos óvulos.
De acordo com os dados do
Ministério da Saúde, a obesidade e o excesso de peso (IMC maior ou igual a 25
kg/m²) atingem 30% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva (16 a 45
anos). “Estar acima do peso gera problemas hormonais anormais que afetam o
processo reprodutivo. Existe uma relação entre a obesidade e a ação da
insulina liberada pelo pâncreas, que pode levar
a uma condição de infertilidade, conhecida como Síndrome do Ovário Policístico
(SOP)”, explica Dr. Luiz.
A dica do especialista é adotar uma dieta rica em
frutas, legumes, verduras, carnes brancas, grãos e cereais e praticar
exercícios físicos regularmente. “Evite comidas gordurosas, industrializadas,
frituras e excesso de açúcar”, acrescenta.
Anorexia
No
caso da anorexia, um transtorno alimentar mais frequente em mulheres entre 13 e
20 anos, a característica da doença é a restrição rígida a ingestão de
alimentos e a prática excessiva de exercícios físicos. É uma disfunção que envolve componentes psicológicos,
fisiológicos e sociais.
A relação da anorexia com a infertilidade se deve ao fato da desnutrição
prejudicar o ciclo ovulatório, reduzindo os níveis de hormônios como FSH
(Hormônio Folículo Estimulante) e o LH (Hormônio Luteinizante), responsáveis pelo
processo da ovulação, portanto, nesses casos, a infertilidade é causada pela
falta de ovulação. Além de causar amenorreia, ausência de fluxo menstrual por
um período maior que noventa dias.
As gestantes com anorexia têm maior incidência de hiperemese gravídica
(vômitos durante a gestação que não melhoram com tratamento ambulatorial),
resultando num menor ganho ponderal, retardo de crescimento fetal intrauterino,
prematuridade, recém-nascido de baixo peso e desnutrição do bebê pós-parto.
Como se trata de um distúrbio psiquiátrico é possível se deparar,
frequentemente, com um aumento da incidência de depressão pós-parto. “Lembrando
que a paciente anoréxica necessita de um estreito acompanhamento durante o
pré-natal e o pós-parto”, alerta o ginecologista, especialista em Reprodução
Assistida.
Tabaco, drogas e álcool causam infertilidade – mantenha bons hábitos de vida
O consumo de tabaco,
álcool e drogas prejudica a saúde da mulher sob diversos aspectos,
principalmente, no que se refere à sua fertilidade e à gestação.
Álcool
O álcool, além de estimular o uso de outras substâncias químicas como o
cigarro e as drogas, pode causar uma alteração no funcionamento normal do
sistema regulador cerebral responsável pela produção dos hormônios femininos.
Com isso, é possível haver falha da menstruação, aumento do hormônio prolactina
(responsável, entre outras, pela produção de leite), diminuição da libido
(desejo sexual), falha na ovulação e defeito de fase lútea (pós-ovulação) e,
com isso, resultar em infertilidade. Segundo estudos realizados por Hakim RB,
divulgados na publicação científica Fertility and Sterility, o
consumo de álcool está relacionado com até 50% à redução da fertilidade
feminina.
Não é recomendado o consumo de álcool também na gestação. A substância
talvez seja a mais perigosa, já que pode levar a várias complicações, entre
elas a mais séria: a Síndrome Alcóolico Fetal. A doença, que pode ocorrer em
30% a 40% dos filhos de mulheres alcoólatras, é caracterizada por deficiência
de crescimento, retardo mental, distúrbios de comportamento, além do aumento da
incidência de problemas cardíacos e cerebrais após o nascimento. “O álcool
também é responsável pelo aumento no risco de aborto espontâneo em 2 a 3 vezes,
pode aumentar o risco de parto prematuro e morte fetal”, explica Dr. Luiz.
Cigarro
O tabaco também é responsável por alterações
hormonais, aumento da incidência de câncer e diminuição nas taxas de sucesso
nos tratamentos de reprodução assistida. O cigarro pode causar alterações
menstruais, devido a disfunções hormonais e lesões tubárias, o que aumenta a
incidência de gestação ectópica (nas trompas). Pode reduzir a quantidade de
estrogênio circulante e alterar a circulação sanguínea ovariana, o que contribui
para a diminuição da qualidade e quantidade de óvulos e aumenta o risco de
problemas genéticos nos embriões. Devido aos seus efeitos nos vasos sanguíneos,
além de diminuir o aporte de sangue aos órgãos genitais está relacionado a uma
menor taxa de implantação embrionária. O pesquisador Hakim RB divulgou na
revista científica Fertility and Sterility que mulheres que
nunca fumaram tiveram o dobro de sucesso na taxa de gestação comparadas às que
fumaram.
A maconha, a droga atualmente mais consumida, pode originar alterações
hormonais e, consequentemente, diminuir a fertilidade e as taxas de sucesso nos
tratamentos de reprodução assistida. A droga está associada à diminuição da
qualidade dos óvulos. O uso da maconha durante a gravidez pode ter efeitos extremamente
variáveis sobre o feto, dependendo da quantidade e frequência do consumo. Menor
duração da gestação e crianças com baixo peso ao nascer são algumas de suas
complicações.
Cocaína, crack e heroína
Já a cocaína e o crack podem levar a diminuição da libido, diminuição na
produção hormonal com alteração no número e qualidade dos óvulos. Quando
consumidos durante a gestação, estão associados aos recém-nascidos de baixo
peso, malformações ou problemas neurológicos. A cocaína diminui o fluxo de
sangue para o feto, que poderá ter restrição de crescimento no útero ou baixo
peso ao nascer. Também é responsável pelo aumento da pressão na mãe ou
nascimento prematuro por insuficiência placentária ou descolamento da placenta
e ainda contrações uterinas precoces. Devido a sua ação direta no sistema
vascular fetal pode causar malformações urogenitais, cardiovasculares e do
sistema nervoso central.
A heroína na mulher está associada a distúrbios no ciclo menstrual,
aumenta o risco de aborto, parto prematuro, baixo peso fetal e morte do feto ao
nascimento. Os filhos de mãe dependente desta droga poderão sofrer a síndrome
da morte súbita, sintomas de abstinência logo após o nascimento e problemas
durante seu desenvolvimento.
O especialista da Fertivitro, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque, alerta que
“é de suma importância interromper o consumo de drogas aos casais que pretendem
engravidar, pois estas substâncias demoram em média de três a seis meses para
serem depuradas pelo organismo, portanto, podem resultar em infertilidade
temporária ou permanente”.
Profissionais em contato
com metais pesados – diminua o tempo de exposição
A exposição a metais
pesados, como o cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico, níquel, ouro, entre
outros, afetam a fertilidade. Essas substâncias químicas são nocivas ao
organismo porque podem causar aborto, malformações fetais e parto prematuro;
danificam a placenta, os óvulos e afetam os ovários.
No ovário, o acúmulo de metais pesados altera a produção de estradiol e progesterona.
Isto pode interferir no desenvolvimento normal do óvulo e causar alterações
cromossômicas embrionárias.
A gravidez que ocorre na presença de altas concentrações de metais
pesados cursam com alto risco de perdas, malformações fetais, insuficiência
placentária e nascimento prematuro. “A exposição ao chumbo, por exemplo,
aumenta os riscos de aborto, parto prematuro (nascimento antes das 37 semanas),
baixo peso ao nascer, atrasos do desenvolvimento, do comportamento e da
aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso. Além disso, o
chumbo é teratogênico, causa malformações congênitas no feto. Tal substância
pode estar presente na água potável, pela corrosão de encanamentos, em pilhas,
cerâmicas, joias e tintas”, explica Dr. Luiz, da Fertivitro.
Mercúrio, ácido arsênico e cádmio também aumentam os riscos de aborto e
de bebês nascidos mortos. Alguns estudos mostram que o cádmio induz a formação
de miomas uterinos, causa aborto e danos à placenta e reduz o peso do bebê ao
nascer, além de ser teratogênico, especialmente ao sistema nervoso central.
O indicado para profissionais que estão em contato com
essas substâncias é adotar níveis mínimos de exposição, utilizar equipamentos
de proteção e reduzir a jornada de trabalho diário, se possível. “Algumas pesquisas relatam que antioxidantes,
como a vitamina C, E, A e zinco, protegem o organismo contra os efeitos
maléficos destes metais. Também como prevenção, é indicado adotar uma
alimentação orgânica (cultivada sem agrotóxicos). É importante lavar
exaustivamente e descascar os alimentos antes de comê-los para remover os
produtos químicos agrícolas que porventura estejam presentes”, orienta o
ginecologista, especialista em Reprodução Humana, Dr. Luiz Eduardo Albuquerque.
Gestação tardia – congele seus óvulos
Tentar engravidar após os 35 anos reduz as chances de uma gestação,
porque a qualidade e quantidade de óvulos começam a declinar. Além da
dificuldade de uma gravidez, as taxas de aborto são maiores nessa idade, em
decorrência de alterações cromossômicas no embrião formado.
Nesses casos, para preservar a fertilidade, é possível congelar os
óvulos e realizar a fertilização in vitro (FIV), em que a
fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório, no
momento em que a paciente considerar oportuno tentar engravidar.
Em casos de infertilidade – tratamentos de reprodução humana
Existem três tipos de tratamentos para a infertilidade: coito
programado, cuja relação sexual é programada no período fértil; Inseminação
Intrauterina (IIU), que consiste em selecionar os melhores espermatozoides e
colocá-los dentro do útero, para facilitar o encontro do óvulo com os
espermatozoides; e a fertilização in vitro (FIV), em que a
fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório.
Dr. Luiz Eduardo Albuquerque - diretor clínico da Fertivitro, é
ginecologista especialista em Reprodução Humana. Mestre em Ginecologia pela
Unifesp e pós-graduado em Ginecologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de
Janeiro (RJ), possui o TEGO - Título de Especialista em Ginecologia e
Obstetrícia, certificado pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia).Em seu currículo internacional destacam-se: título de especialista em
Reprodução Humana pelo Instituto Dexeus, certificado em Barcelona, na
Espanha; membro da American Society for Reproductive Medicine (ASRM),
nos Estados Unidos; e membro da European Society of Human Reproductive and
Embriology (ESHRE), na Bélgica. O profissional atuou como diretor do Núcleo de Esterilidade Conjugal do
Centro de Referência da Saúde da Mulher, no Hospital Pérola Byington, em São
Paulo (SP), durante os anos de 2001 a 2003. Atualmente, faz parte do corpo
clínico da instituição, no setor de Reprodução Humana.Foi médico do setor de Reprodução Humana da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), entre 2004 e 2014.
Fertivitro — Centro de Reprodução
Humana
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