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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Cerca de 30% das crianças sofre de insônia em alguma fase da vida



Pediatra explica os principais motivos e dá dicas aos pais


É de conhecimento popular que um bom dia começa com uma noite bem dormida e para as crianças não é diferente. O sono adequado é fundamental para o crescimento e desenvolvimento delas, promovendo funções importantes para o corpo. 

Segundo a pediatra, Dra. Maju Carvalho, o sono tem função reparadora do corpo e da mente, remodelagem de sinapses cerebrais e participação no processo de consolidação da memória e do aprendizado. “Além disso, no período do sono ocorrem funções fisiológicas importantes, como a liberação do hormônio de crescimento. Não dormir o tempo necessário pode ter consequências sérias, como falta de atenção, muita irritabilidade, falta ou excesso de apetite, cansaço excessivo e até crescimento deficiente”, explica.

insônia, definida pelo demorar para adormecer ou ter o sono interrompido por qualquer razão, com dificuldade de adormecer novamente, pode acometer até 30% das crianças em alguma fase da vida.

O sono pode sofrer influências sociais, comportamentais, familiares e até alimentares. Cada idade pode sofrer interferência no sono por algum fator: desde as cólicas, os gases e o refluxo ácido de bebês; além dos quadros febris, questões emocionais (chegada de um irmãozinho ou entrada na escola), ansiedade, depressão, falta de rotina e mudança no dia a dia (como em uma viagem, por exemplo).

Confira algumas dicas para uma boa noite de sono das crianças:


Soneca da tarde: até os três anos, há a necessidade de períodos de sono diurnos para completar a quantidade de sono fundamental para as crianças e esses períodos variam de acordo com cada faixa etária. Com o avançar da idade, as sonecas diminuem gradativamente. É importante se atentar ao tempo, elas não devem ocorrer após às 16 horas, para que não prejudique o sono da noite.


Rotina: é preciso que haja uma rotina, mesmo aos fins de semana. “Os hábitos e horários para o sono muito diferenciados entre os dias da semana e o fim de semana favorecem distúrbios do ritmo circadiano (que é basicamente nosso “relógio interno”), levando aos distúrbios do sono. Criar uma rotina do sono desde o lactente é fundamental para a saúde e o bem-estar da criança e da família”.


Hora de dormir: desde o 3º mês de vida, é recomendado estabelecer horários para a criança dormir e acordar. Na hora de dormir, deve-se criar uma rotina calma, prazerosa e acolhedora. O que inclui, por exemplo, tomar um banho morno, amamentar, conversar calmamente, contar histórias e escovar os dentes. É importante lembrar que a criança deve ser colocada na cama sonolenta, mas acordada.


Quarto da criança: deve-se ter pouca luminosidade e pouco barulho no local, sem aparelhos eletrônicos e em temperatura agradável, além de evitar brincadeiras agitadas antes de dormir. E, principalmente, não criar associações negativas para o início do sono, como adormecer mamando, no sofá, assistindo TV e no colo, ou seja, a criança deve aprender a iniciar o sono sozinha, sem a participação de outras pessoas ou objetos. É aceitável a presença de objetos transicionais, como uma boneca ou ursinho, para aqueles com mais de um ano de idade. “Estudos mostram que crianças com TV no quarto têm mais dificuldade em adormecer. Assim, não é interessante que crianças tenham equipamentos que possam distrair sua atenção no quarto de dormir, como TV, DVD, computadores e videogames”, alerta Dra. Maju.


Alimentação: um fato importante também é manter uma alimentação mais leve para as crianças à noite. Deve-se evitar um jantar muito pesado e bebidas com cafeína como café, chás escuros e refrigerantes tipo cola após às 17h, até mesmo porque elas não fazem bem à saúde das crianças.


Limites: outro tipo de insônia decorre exatamente da falta de limites e de uma rotina. Esta é mais frequente em crianças nos períodos pré-escolares e escolares, caracterizada pela recusa da criança em ir para a cama no horário de dormir e da utilização de meios para protelar o sono, como pedir água ou outra história. Os pais precisam, preventivamente, de forma amorosa, mas firme, estabelecer horários que a criança irá incorporar na sua rotina.


“É importante lembrar que quando a criança desperta a noite, os pais não precisam e não devem ir vê-la imediatamente, pois rápidos despertares noturnos são normais. Se precisarem atender a criança, evite acender a luz ou tirá-la do berço ou cama. Essas orientações visam prevenir a insônia comportamental, mais frequente dos 6 meses aos 3 anos”, orienta. Além disso, o pediatra também deve estar atento e orientar a família quanto aos padrões de normalidade e da higiene do sono e, dependendo do caso, da necessidade de exames ou de um especialista no assunto.





Dra. Maria Julia Carvalho - formada pela UNICAMP (2004-2009). Fez residência em pediatria pela Santa Casa de SP (2010-2012). E é especialista em oncohematologia infantil pela Santa Casa de São Paulo (2012-2014). Plantonista na unidade de internação do hospital infantil Sabara e na UPA do Einstein de Perdizes. facebook.com/dramajucarvalho




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