A gravidez na adolescência é um dos
principais fatores que leva os jovens brasileiros a abandonarem os estudos.
Segundo a UNESCO, 25% das garotas que engravidam abandonam a escola. E assim, o
sonho profissional de muitos jovens é adiado ou deixa de ser realizado. Só por
essa questão, já temos motivo de sobra para se olhar a gravidez na adolescência
como um problema social a ser evitado. No entanto, hoje, temos mais um fator
para aumentar a nossa atenção – o surto do Zika Vírus.
O aumento repentino no número de
casos de microcefalia, uma condição neurológica rara identificada, em geral,
durante a gestação, vem alertando as autoridades médicas brasileiras. Segundo
boletim epidemiológico divulgado no dia 15 de dezembro pelo Ministério da
Saúde, enquanto em 2010 e 2014 foram registrados um total de 781 casos em todo
país, durante o ano de 2015 já foram registrados 2.401 casos da doença e 29
óbitos em 549 municípios do Brasil. A suspeita é que o número crescente de
casos de microcefalia esteja relacionado à infecção de mulheres pelo Zika
vírus, pertencente a mesma família do vírus da dengue e que também é
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
A microcefalia é a má formação do
cérebro que ocorre durante a gestação do bebê no útero, ou seja, ele não se
desenvolve de maneira adequada. Neste caso, a criança nasce com a
circunferência do crânio menor do que a esperada para sua idade, que é em média
de 32 cm. Esse problema congênito pode ser causado por vários fatores, como
infecções que atinjam o bebê durante a gestação. O que parece ser o caso do
Zika Vírus. A microcefalia compromete o desenvolvimento físico e intelectual da
criança.
A melhor forma de prevenir os casos
de microcefalia associados ao Zika é evitar que as mulheres engravidem nesse
momento. Embora considerada uma medida radical, para os médicos, essa conduta
pode evitar um desastre maior. “Não é o momento para engravidar, independente
do lugar onde mora no Brasil. Há risco em potencial em toda gravidez”, disse o
Dr. Thomaz Gallop, Ginecologista e Obstetra em entrevista ao Jornal Folha de
S.Paulo.
Segundo o especialista em medicina
fetal, a infecção por Zika pode afetar o feto em qualquer período da gravidez,
embora, teoricamente, os 3 primeiros meses sejam de maior vulnerabilidade.
Estamos num momento onde ainda não há
um controle adequado do mosquito Aedes aegypti, portanto, a prevenção da gravidez,
principalmente, na adolescência, deve ser considerada pelos casais. Ainda não
temos vacina para prevenir e não existe tratamento para crianças com
microcefalia, só terapia de suporte. Consequentemente, as sequelas nas crianças
são para a vida toda!
O que a
escola tem a ver com isso?
TUDO! 19% (549.556) dos bebês
nascidos vivos no Brasil são filhos de meninas entre 10 a 19 anos, ou seja, em
plena idade escolar. Como a escola é um dos principais locais de aprendizagem e
de relações sociais dos alunos, ela se torna potencialmente, um espaço
significativo para ampliar a visão dos jovens e seus familiares sobre a
necessidade de se evitar a gravidez na adolescência, ainda mais nesse momento
crítico.
Na minha experiência como Educadora
Sexual e Coordenadora do Projeto Vale Sonhar do Instituto Kaplan, as escolas se
mostraram extremamente adequadas e eficazes no trabalho de prevenção da
gravidez, atingindo resultados significativos. Para se ter ideia, o Vale Sonhar
é um projeto que está implantado nas escolas de ensino médio da rede Estadual
de Educação de São Paulo, Alagoas, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e,
recentemente, de Sergipe.
De 2007 à 2015, o projeto já
beneficiou 750.000 alunos do ensino médio, e mais de 6.000 professores e
coordenadores pedagógicos foram capacitados com essa metodologia, reduzindo de
50% a 14% o número de gravidez nas escolas que participam da iniciativa.
O Instituto Kaplan realiza a
capacitação do Vale Sonhar, juntamente com um material didático específico,
criado especialmente para o projeto. O curso pode ser aplicado nas instituições
interessadas ou os educadores que desejarem obter a formação, podem fazer
inscrições individuais nos cursos oferecidos no Instituto.
Para saber mais sobre o projeto Vale
Sonhar, visite o site do Instituto Kaplan: http://www.kaplan.org.br/
Agora, o momento é de todos se
engajarem nessa causa. Faça alguma coisa para evitar a gravidez na sua escola!
Maria Helena Vilela - educadora sexual e coordenadora do Projeto
Vale Sonhar do Instituto Kaplan
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