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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Saúde bucal das mulheres é mais frágil que a dos homens





Numa análise geral, o sexo/gênero de uma pessoa pode ser determinante em várias doenças. Quando o assunto é câncer de mama, por exemplo, a grande maioria dos casos envolve mulheres – embora não se possa desprezar uma parcela ínfima de homens que enfrentam esse mal. As mulheres também sofrem mais de enxaqueca, osteoporose, infecção urinária, doenças autoimunes etc. Em determinados casos, essa desproporção também é grande em termos de saúde oral. De acordo com Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), casos de bruxismo e de DTM (disfunção temporomandibular) são muito mais diagnosticados em mulheres do que em homens.

“O homem praticamente enfrenta uma única mudança importante, que é quando entra na puberdade. Já a mulher, além da puberdade, sofre durante muitos anos com variações hormonais provocadas pela menstruação, gravidez e menopausa. Isso tudo tem impacto principalmente na saúde da gengiva e a torna mais vulnerável a doenças periodontais”, diz Cerri – chamando atenção para a gengivite. De acordo com o cirurgião-dentista, essa é uma doença que chega a afetar três em cada quatro gestantes. Apesar da relação entre gravidez e cárie não estar totalmente bem definida, sempre que possível é importante que a paciente faça um tratamento odontológico bastante minucioso e preventivo antes de engravidar.

De acordo com o especialista, a gengiva da gestante costuma sofrer alterações por conta das variações hormonais, sendo muito comum ocorrer inchaço, sangramento e maior acúmulo de tártaros. “As limpezas regulares são altamente recomendáveis durante a gravidez e no período pós-parto. Já o tratamento da cárie só é recomendado quando pode ser realizado sem uso de anestésicos. Em caso inadiável, o cirurgião-dentista deve programá-lo para o quarto ou quinto mês de gestação. Vale lembrar que procedimentos estéticos devem ser adiados para quando o bebê já tiver nascido, a fim de evitar uma exposição desnecessária a riscos”.

Outro problema que acompanha muito as mulheres é o bruxismo – que é o apertar ou ranger noturno dos dentes. Na opinião do especialista, as causas dessa vulnerabilidade feminina não se encontram apenas nas variações hormonais, mas em fatores comportamentais. “Esse acúmulo de funções e responsabilidades tem levado muitas pacientes a fazer tratamento para dor no maxilar, dor generalizada na face, dor de cabeça, dor de ouvido, perturbações no sono, tensão e rigidez nos ombros etc. E tudo isso é sintoma comum em quem sofre de bruxismo”.

Quando a mulher já entrou na menopausa, principalmente depois dos 60 anos, Artur Cerri diz que o grande problema é a Síndrome da Boca Seca – que também afeta muito mais mulheres do que homens. “Com metade do volume de saliva produzido por uma pessoa jovem, a paciente tem problemas para mastigar e engolir os alimentos. Quando não diagnosticada e tratada a tempo, essa condição pode resultar, inclusive, na perda dos dentes. Os sintomas mais comuns são presença de mau hálito, língua avermelhada ou áspera, sensação ruim na garganta, sede frequente, sensação pegajosa na língua ou mesmo ardência, dificuldade ao falar, feridas nos cantos da boca, fissuras nos lábios e rouquidão. Por isso, além de procurar um cirurgião-dentista, é importante que as mulheres escovem os dentes e façam enxágues diversas vezes ao dia, além de ingerir bastante líquido diariamente e adotar uma alimentação rica em alimentos com alto teor de água”.


Prof. Dr. Artur Cerri - cirurgião-dentista, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br/eap

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