Numa análise geral, o sexo/gênero de uma
pessoa pode ser determinante em várias doenças. Quando o assunto é câncer de
mama, por exemplo, a grande maioria dos casos envolve mulheres – embora não se
possa desprezar uma parcela ínfima de homens que enfrentam esse mal. As
mulheres também sofrem mais de enxaqueca, osteoporose, infecção urinária,
doenças autoimunes etc. Em determinados casos, essa desproporção também é
grande em termos de saúde oral. De acordo com Artur Cerri, diretor da Escola
de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), casos de
bruxismo e de DTM (disfunção temporomandibular) são muito mais diagnosticados
em mulheres do que em homens.
“O homem praticamente enfrenta uma única
mudança importante, que é quando entra na puberdade. Já a mulher, além da
puberdade, sofre durante muitos anos com variações hormonais provocadas pela
menstruação, gravidez e menopausa. Isso tudo tem impacto principalmente na
saúde da gengiva e a torna mais vulnerável a doenças periodontais”, diz Cerri –
chamando atenção para a gengivite. De acordo com o cirurgião-dentista, essa é
uma doença que chega a afetar três em cada quatro gestantes. Apesar da relação
entre gravidez e cárie não estar totalmente bem definida, sempre que possível é
importante que a paciente faça um tratamento odontológico bastante minucioso e
preventivo antes de engravidar.
De acordo com o especialista, a gengiva da
gestante costuma sofrer alterações por conta das variações hormonais, sendo
muito comum ocorrer inchaço, sangramento e maior acúmulo de tártaros. “As
limpezas regulares são altamente recomendáveis durante a gravidez e no período
pós-parto. Já o tratamento da cárie só é recomendado quando pode ser realizado
sem uso de anestésicos. Em caso inadiável, o cirurgião-dentista deve
programá-lo para o quarto ou quinto mês de gestação. Vale lembrar que procedimentos
estéticos devem ser adiados para quando o bebê já tiver nascido, a fim de
evitar uma exposição desnecessária a riscos”.
Outro problema que acompanha muito as
mulheres é o bruxismo – que é o apertar ou ranger noturno dos dentes. Na
opinião do especialista, as causas dessa vulnerabilidade feminina não se
encontram apenas nas variações hormonais, mas em fatores comportamentais. “Esse
acúmulo de funções e responsabilidades tem levado muitas pacientes a fazer
tratamento para dor no maxilar, dor generalizada na face, dor de cabeça, dor de
ouvido, perturbações no sono, tensão e rigidez nos ombros etc. E tudo isso é
sintoma comum em quem sofre de bruxismo”.
Quando a mulher já entrou na menopausa,
principalmente depois dos 60 anos, Artur Cerri diz que o grande problema é a
Síndrome da Boca Seca – que também afeta muito mais mulheres do que homens.
“Com metade do volume de saliva produzido por uma pessoa jovem, a paciente tem
problemas para mastigar e engolir os alimentos. Quando não diagnosticada e tratada
a tempo, essa condição pode resultar, inclusive, na perda dos dentes. Os
sintomas mais comuns são presença de mau hálito, língua avermelhada ou áspera,
sensação ruim na garganta, sede frequente, sensação pegajosa na língua ou mesmo
ardência, dificuldade ao falar, feridas nos cantos da boca, fissuras nos lábios
e rouquidão. Por isso, além de procurar um cirurgião-dentista, é importante que
as mulheres escovem os dentes e façam enxágues diversas vezes ao dia, além de
ingerir bastante líquido diariamente e adotar uma alimentação rica em alimentos
com alto teor de água”.
Prof. Dr. Artur Cerri - cirurgião-dentista, diretor da Escola
de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br/eap
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