A imunização deve ser realizada antes do início da vida sexual. Especialista fala sobre importância da prevenção e riscos da doença
A campanha Setembro em Flor vem para alertar sobre a importância da conscientização contra os tumores ginecológicos, assim como o câncer do colo do útero, doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus Humano (HPV). A infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o mundo, atingindo de forma massiva as mulheres.
Diversos especialistas acreditam que na pandemia as medidas restritivas impostas para evitar o aumento do contágio pela covid-19, assim como o fechamento das escolas, pode ter impactado em uma menor procura pela vacinação contra o HPV, uma vez que muitas das campanhas são realizadas nas instituições de ensino.
Apesar da pandemia, é importante reforçar que a cobertura vacinal contra o HPV é considerada insatisfatória há algum tempo. As entidades de saúde consideram ideal que as taxas sejam de 80% tanto para as meninas, quanto para os meninos. Mas, a realidade é outra: no Acre, apenas 33,6% do público-alvo está vacinado, no Rio Grande do Norte, 46,2%, Pará, 43,9%, Rio de Janeiro, 44,6%, Santa Catarina, 65,2%, Minas Gerais, 66,8% e Paraná com 72,7%.
Desde 2014, a vacina é oferecida nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todo o Brasil para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos.
"Geralmente,
a infecção genital por HPV é bastante frequente e, na maioria dos casos, é
assintomática e autolimitada, ou seja, até os 30 anos de idade grande parte das
mulheres tem a infecção resolvida. Mas, quando ocorre a persistência do vírus
nas células do colo do útero, elas podem avançar para o desenvolvimento de
câncer", comenta Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
De olho na prevenção
Diante dessa realidade, é importante reforçar que a ferramenta essencial na luta contra o câncer do colo do útero é a vacinação contra o HPV. "A imunização pode prevenir também o câncer de vulva, ânus e vagina nas mulheres e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus".
Além
da vacinação, que é considerada uma prevenção primária, é importante realizar
os exames de rotina ginecológica, como o Papanicolau (anualmente e depois a
cada três anos), dos 25 aos 64 anos de idade. "Ele é muito importante para
identificar lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do
útero", alerta Marcela. Vale lembrar ainda que os exames devem ser feitos
mesmo se a mulher for vacinada contra o HPV, pois o imunizante não protege
contra todos os tipos oncogênicos da doença.
Primeiros sinais
A doença em estágios iniciais é assintomática, mas a dor na relação sexual ou sangramento vaginal pode estar presente. Por isso, é muito importante o rastreamento com o exame Papanicolau de rotina.
No
entanto, se a doença estiver mais avançada, pode ser que a paciente tenha
anemia - devido a perda de sangue - dores nas pernas e costas, problemas
urinários ou intestinais e perda de peso não justificada. "Geralmente, os
sangramentos acontecem durante a relação sexual, mulheres que já estão na menopausa
ou ainda fora do período menstrual. Por isso, é muito importante buscar pelo
aconselhamento de um especialista", orienta a oncologista.
Diagnóstico da doença em estágio inicial aumenta chances de sucesso no tratamento
A oncologista da Oncoclínicas São Paulo explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia. "Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do útero quando necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas sessões de radioterapia e quimioterapia", comenta Marcela Bonalumi.
Apesar
da doença ser bastante silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver
uma redução de até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero.
"Muitas mulheres não descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as
pacientes a realizarem periodicamente seus exames de rotina, como o
Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam consumidas informações de
qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao combate do HPV", finaliza.
Oncoclínicas
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