Especialistas explicam a importância da alimentação saudável e listam os alimentos que devemos consumir para prevenção
A Fração Mundial do Coração (World Heart Federation) escolheu o dia 29 de setembro para celebrar mundialmente o Dia do Coração, desde o ano 2000. Nasceu da necessidade de conscientizar e incentivar indivíduos, famílias, comunidades e governos para criar uma comunidade global de heróis do coração – pessoas que prometem agir agora para viver mais e melhor no futuro, comprometendo-se a consumir alimentos saudáveis; fazer exercícios físicos; não fumar; controlar os níveis de colesterol.
O QUE É DISLIPIDEMIA?
Dr. Francisco Tostes (@doutortostes) - médico atuante em endocrinologia e sócio da Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), explica que a dislipidemia refere-se a níveis em desordem, de um ou mais tipos de lipídios (gordura) no sangue.
Aposto que já deve ter escutado algo sobre “colesterol alto”, mas sabe o que isso significa?
Seu sangue contém três tipos principais
de lipídios:
·
Lipoproteína de alta densidade (HDL);
·
Lipoproteína de baixa densidade (LDL);
·
Triglicerídeos.
Se você tem dislipidemia, geralmente
significa que seus níveis de LDL ou triglicerídeos estão muito altos. Também
pode significar que seus níveis de HDL estão muito baixos.
Talvez você nunca tenha escutado algo
sobre HDL e LDL, mas certamente já ouviu sobre colesterol “bom” e colesterol
“ruim”.
O colesterol LDL é considerado o
tipo “ruim” de colesterol. Isso porque ele pode se acumular e formar
aglomerados ou placas nas paredes de suas artérias. Demasiada placa nas
artérias do seu coração pode causar um ataque cardíaco.
O HDL é o colesterol “bom” porque ajuda
a remover o LDL do sangue.
Os triglicerídeos vêm das calorias que
você come, mas não queimam imediatamente. Os triglicerídeos são
armazenados nas células de gordura, eles são liberados como energia quando você
precisa deles. No entanto, se você comer mais calorias do que queima,
poderá obter um acúmulo de triglicerídeos.
Níveis elevados de LDL e triglicerídeos
colocam você em maior risco de ataque cardíaco e derrame. Baixos níveis de
colesterol HDL estão ligados a maiores riscos de doenças cardíacas.
EXISTE DISLIPIDEMIA GENÉTICA?
O Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi)
- Médico Geneticista, com especialização em neurologia,
explica que existem formas familiares: a chamada
hipercolesterolemia familiar.
A hipercolesterolemia familiar é uma
doença autossômica dominante caracterizada pelo aumento de de lipoproteínas de
cadeias leves (LDL) colesterol e ocorre com uma prevalência de 1 em 250
indivíduos no mundo.
Entretanto, apesar de ser uma doença
comum, são encontradas referências que relatam diagnóstico que varia de 1 a
10%. Os motivos associados a estes números podem estar associados a necessidade
de mais políticas para o diagnóstico e limitações no diagnóstico clínico e
molecular.
Internacionalmente, não há critérios
diagnósticos para a dislipidemia familiar e são utilizados sets ou
grupos de critérios: Simon Broome criteria, Dutch Lipid
Clinic Network, and Make Early Diagnosis to Prevent Early Death e o diagnóstico
é realizado utilizando, por exemplo as concentrações de colesterol plasmáticas,
xantomas tendinosos, o diagnóstico molecular e a história familiar.
A maior parte dos pacientes com
hipercolesterolemia familiar possuem uma variante nos genes LDLR, APOB ou
PCSK9. Nem todos os pacientes com diagnóstico clínico possuem possuem variantes
associadas a hipercolesterolemia familiar, entretanto os pacientes
identificados com variantes patogênicas apresentam maior chance de desenvolver
doença coronariana quando comparados os sem a variante.
Portanto, o diagnóstico molecular é
útil para a confirmação diagnóstica, para informação quanto ao risco de doença
coronariana e aconselhamento genético familiar.
O aconselhamento genético deve
ocorrer pré e pós teste e todo paciente com suspeita de hipercolesterolemia
familiar deve ser referenciado ao médico geneticista. Nesta consulta também
poderão ser avaliadas outras possibilidades diagnósticas formas familiares mais
raras como, as relacionadas ao gene LDLRAP1.
No mundo aproximadamente 200 mil
pessoas vão ao óbito por causas cardíacas relacionadas à doença, os quais
poderiam ser evitados com tratamentos apropriados.
Caso a hipercolesterolemia familiar
não for tratada, os heterozigotos desenvolvem doença ateroesclerótica antes dos
55 anos e homozigotos muito cedo, com óbito que pode ocorrer antes dos 20 anos
de idade.
No entanto, quando o diagnóstico é
realizado e o tratamento realizado, a história natural da doença pode ser
modificada.
SINTOMAS
A cardiologista Mariana James, da clínica Nutrindo
Ideais (@nutrindoideais), explica
que na maior parte dos casos, as dislipidemias são
assintomáticas, só sendo diagnosticadas já em estágio avançado. Por essa razão,
pessoas que se encontram em grupos de risco, como os citados nos tipos primário
e secundário, devem realizar os exames de rotina.
No entanto, a dislipidemia pode levar a
doenças cardiovasculares, que podem ser sintomáticas. Níveis elevados de
colesterol LDL estão associados à doença arterial coronariana (CAD), que é
o bloqueio nas artérias do coração, e à doença arterial periférica (DAP),
que é o bloqueio nas artérias das pernas. CAD pode levar a dor no peito e,
eventualmente, um ataque cardíaco. O principal sintoma da DAP é a dor nas pernas
ao caminhar.
Vários comportamentos podem levar à
dislipidemia, eles incluem:
·
Fumar cigarro;
·
Obesidade e estilo de vida sedentário;
·
Consumo de alimentos ricos em gordura saturada e gordura trans.
O consumo excessivo de álcool também
pode contribuir para níveis mais elevados de triglicérides.
NUTRICIONISTA EXPLICA A IMPORTÂNCIA DA
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA COMBATER A DISLIPIDEMIA
De acordo com a nutricionista
Fabiana Albuquerque da equipe Nutrindo Ideais (@nutrindoideais),
mudanças no estilo de vida podem ajudá-lo a controlar seus níveis de colesterol
e triglicerídeos. O primeiro passo é mudar sua dieta. As mudanças
devem incluir consumir menos gordura saturada, açúcar refinado, farinhas
refinadas e álcool. Adicionar mais frutas, vegetais, proteínas magras,
grãos integrais e gorduras insaturadas (consideradas gorduras boas) à sua dieta
pode ajudar a diminuir em 10%.
Sendo assim, a alimentação saudável e atividade física regular favorecem o aumento de HDL. Quando a alimentação é rica em gordura de origem animal, o LDL fica acumulado no sangue, podendo depositar-se no interior dos vasos sanguíneos, prejudicando a circulação e aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
LISTA ALIMENTOS QUE DEVEM SER
CONSUMIDOS PARA A PREVENÇÃO
Fabiana argumenta que a nutrição
funcional pode ser uma grande aliada no combate, na prevenção das dislipidemias
e na promoção da saúde e do bem-estar. Uma dieta equilibrada, variada, saudável
com adição de alimentos funcionais torna-se fundamental para pessoas com perfil
lipídico alterado.
Estes são alguns dos alimentos que
auxiliam na prevenção e no combate à dislipidemia:
Frutas vermelhas e uva - ricos em
antocianinas e compostos fenólicos que são altamente antioxidantes;
Abacate e azeite extra-virgem - ricos
em gorduras monoinsaturadas, importantes para saúde cardiovascular;
Aveia - rica em fibras solúveis (beta
glucanas), que, por não serem absorvíveis, ajudam a "varrer" o
colesterol para fora do corpo;
Linhaça - fibra rica em ômega 3;
Peixes como salmão, atum, sardinha e
anchova - ricos em ômega 3;
Chocolate amargo (cuidado com
quantidade, ideal 20g ao dia) - ricos em flavonóides, especialmente a
epicatequina;
Podemos também incluir alguns chás
antioxidantes, como por exemplo, o chá verde, que é riquíssimo em polifenóis,
incluindo grandes quantidades de uma catequina chamada EGCG (antioxidante
natural que ajuda a prevenir danos nas células).
FONTES:
Dr. Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em
endocrinologia e sócio da Nutrindo Ideais (@nutrindoideais). O médico endocrinologista e sócio da Nutrindo Ideais, maior
clínica multidisciplinar do Brasil, Dr. Francisco Tostes (@doutortostes) é
graduado há mais de 14 anos em medicina pela Faculdade Souza Marques e tem como
foco de atuação a melhora na qualidade de vida de seus pacientes, seja através
da prevenção ou empregando o que há de melhor no tratamento de doenças e outros
problemas.
Dr. Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, com
especialização em neurologia. Com
atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, é graduado em Medicina pela
Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética
Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente
Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É mestrando do Programa de
Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG e participa de estudos fase 3 na
mesma instituição. É integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa
D’Or/ Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a
esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro.
Dra. Mariana James, cardiologista da clínica Nutrindo
Ideais (@nutrindoideais). Graduada em Medicina pela Fundação Técnico Educacional Souza
Marques, Cardiologista com residência médica no Hospital Naval Marcílio Dias e
pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto de Pós-Graduação Médica do Rio de
Janeiro, serviço do Prof Stans Murad. Ecocardiografista pelo Ecor, serviço do Prof
Morcef. Formação em Medicina Integrativa pela FAPES. CRM
5266901-6.
Fabiana
Albuquerque - nutricionista da equipe Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) e especialista em nutrição esportiva e
funcional pela Vp. CRN 13101170.
REFERÊNCIAS:
INSEGURANÇA
ALIMENTAR (FIS) E DISLIPIDEMIA -
https://www.physiciansweekly.com/food-insecurity-fis-and-dyslipidemia
13 ALIMENTOS PARA
BAIXAR O COLESTEROL PARA ADICIONAR À SUA DIETA -
https://www.healthline.com/nutrition/13-foods-that-lower-cholesterol-levels
O QUE VOCÊ PRECISA
SABER SOBRE HIPERLIPIDEMIA COMBINADA FAMILIAR - https://www.healthline.com/health/mixed-hyperlipidemia
AJUFO, Ezimamaka
et al. A randomized controlled trial of genetic testing and cascade screening
in familial hypercholesterolemia. Genetics in Medicine, 26 May 2021. Available
from: https://doi.org/10.1038/s41436-021-01192-z.
Accessed: 15 Sept. 2022.
BALDRY, Emma et
al. Outcomes from a pilot genetic counseling intervention using motivational
interviewing and the extended parallel process model to increase cascade
cholesterol screening. Journal of Genetic Counseling, 14 July 2021. Available
from: https://doi.org/10.1002/jgc4.1466.
Accessed: 15 Sept. 2022.
BALDRY, Emma et
al. Outcomes from a pilot genetic counseling intervention using motivational
interviewing and the extended parallel process model to increase cascade
cholesterol screening. Journal of Genetic Counseling, 14 July 2021. Available
from: https://doi.org/10.1002/jgc4.1466.
Accessed: 15 Sept. 2022.
IZAR, Maria
Cristina de Oliveira et al. Atualização da Diretriz Brasileira de
Hipercolesterolemia Familiar – 2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 27
Sept. 2021. Available from: https://doi.org/10.36660/abc.20210788.
Accessed: 15 Sept. 2022.
POLANSKI, Amanda.
A scoping review of interventions increasing screening and diagnosis of
familial hypercholesterolemia. Genetics in Medicine, vol. 24, no. 09, 17 June
2022. Available from: https://doi.org/10.1016/j.gim.2022.05.012.
Accessed: 15 Sept. 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário