Dentro das
preparações para o Outubro Rosa, o médico referência em cirurgia plástica e
oncológica no Brasil Wandemberg Barbosa aborda os fatores indutores do câncer e
as formas de diagnóstico precoce da doença
O câncer de mama tem preocupado bastante os órgãos
de saúde pública dos governos de todos os países do mundo, inclusive o Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio
2020-2022 a estimativa é de 66.280 novos casos de câncer de mama no país. A
doença pode acometer homens, mas é mais comum entre mulheres com mais de 50
anos de idade, embora haja uma tendência do aumento do número de casos em
pessoas entre os 30 anos e 40 anos. Individualmente, a chance de cada mulher
desenvolver um câncer de mama é de um para 2525 na faixa dos 30 anos e um para
215 a partir dos 40 anos.
Na percepção do médico referência em cirurgia
plástica e oncológica no Brasil e um dos pioneiros de técnicas reconstrutivas
em câncer mamário, Wandemberg Barbosa, não obstante ser uma doença grave, o
câncer de mama é relativamente desconhecido por uma parcela considerável das
mulheres brasileiras. Dentro das preparações para o Outubro Rosa, mês de
conscientização sobre o câncer de mama, ele ressalta a importância da prevenção
e detecção precoce no sentido de aumentar as chances de sobrevivência daqueles
que venham a desenvolver a doença.
Wandemberg destaca que alguns fatores são apontados
como indutores de câncer, tais como: menarca precoce, menopausa tardia, casos
de câncer na família, gravidez tardia ou ausência de gravidez, tratamento
hormonal prolongado, doenças benignas de mama e terapia de reposição hormonal –
esse um aspecto ainda discutível. Além disso, a falta de exercícios, a ingestão
de moderada a intensa de bebidas alcóolicas e a obesidade podem levar ao
desenvolvimento da doença, o que leva médicos a recomendarem uma atenção maior
a alguns hábitos nocivos à saúde a fim de evitar o surgimento do câncer.
Como ações de prevenção, o médico referência em
cirurgia oncológica recomenda o autoexame, consultas periódicas ao médico e
exames clínicos. Segundo Wandemberg, para o estabelecimento do diagnóstico de
câncer de mama, durante a consulta, o médico entrevista a paciente a procura de
informações que revelem sua história clínica. “Ela é questionada, por exemplo,
a respeito de casos de câncer na família e do número de gestações, se fez uso
de anticoncepcionais, se há saída de secreção pelo bico do seio, se existe
ferida no bico do seio que não cicatriza etc.”, comenta.
A partir daí, o médico realiza exame clínico para
que seja dado o possível diagnóstico. Este exame, conforme Wandemberg, consiste
basicamente na inspeção estática e a inspeção dinâmica. Na primeira, há a
observação para a verificação de caroço ou nódulos; coloração das aréolas e dos
bicos do seio ou qualquer outra anormalidade nestas regiões; e caroços na
axila. Na segunda, o médico solicita à paciente elevar e abaixar os braços para
detectar possível depressão de pele; caroço que se movimenta ou é fixo; ou
outra anormalidade no movimento das mamas. Há ainda a apalpação das mamas e
axilas.
De acordo com Wandemberg, depois de relatar sua
histórica clínica e passar pelo exame físico, a paciente é encaminhada à
unidade de radiologia para que sejam efetuados os exames diagnósticos não
invasivos. “Os mais importantes e de mais fácil acesso à população são a
mamografia e a ultrassonografia”, explica.
Na mamografia se verifica: a densidade do tecido
mamário, que é considerada alta quando o tecido mamário está esbranquiçado,
dificultando diagnosticar tumores ou calcificações; a presença de
microcalcificações agrupadas, que podem indicar o início da formação de um
tumor; e nodulações e imagens suspeitas de câncer. “Trata-se de um exame
bastante eficaz, que, segundo a Associação Americana de Combate ao Câncer, deve
ser feito a cada dois anos para mulheres acima de 40 anos e anualmente após os
45 anos em pacientes que não possuem casos de câncer de mama na família. Caso
exista histórico familiar, recomenda-se que se faça anualmente a partir dos 35
anos”, comenta Wandemberg.
Embora muito utilizada, a ultrassonografia é
considerada um exame complementar à mamografia. Conforme o médico referência em
cirurgia oncológica, esta averiguação serve, por exemplo, para verificar se os
nódulos diagnosticados previamente são císticos (contém líquido), sólidos (por
tecido anormal, cancerígeno ou não) ou mistos. “Também é muito empregada nos
casos de densidade radiológica elevada, caracterizada por tecidos mamários
esbranquiçados, que muitas vezes escondem nódulos”, relata.
Para facilitar a cirurgia de extração do tumor, é
recomendada ainda a realização de diagnósticos invasivos. De acordo com
Wandemberg, os principais são: a punção-biópsia dirigida por ultrassom, com
material encaminhado para a citologia; e o agulhamento estereotáxico
pré-operatório. Segundo o médico, a punção é muito útil para orientar o
cirurgião se o tumor é benigno, maligno ou altamente suspeito. “Já o
agulhamento é adequado no estudo das microcalcificações que não são vistas a
olho nu pelo cirurgião, orientando-o a proceder inicialmente uma ressecção
relativamente econômica de tecido mamário, nos casos de calcificações
benignas”, diz.
Wandemberg afirma que, para um cancerologista, e
certamente para todos os médicos, é muito triste ver um paciente chegar às suas
mãos com uma situação avançada, tendo perdido a chance de cura. Nesse sentido,
o médico referência em cirurgia plástica e oncológica enfatiza a importância de
projetos de saúde, campanhas de orientação sobre a doença e propagandas
duradouras que ressaltem como a prevenção e o diagnóstico precoce são
imprescindíveis para combater e minimizar a incidência de câncer de mama entre
a população do país.
Dr.
Wandemberg Barbosa - cirurgião formado pela
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cirurgião
oncológico formado pelo Hospital A.C Camargo – Fundação Antônio Prudente.
Inclusive foi médico residente dessa instituição, terminando sua residência em
1981. Algum tempo depois, montou o Serviço de Cirurgia Oncológica do antigo
Hospital Matarazzo (atual Hospital Humberto I), na capital paulista, onde
atendia milhares de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo um
alto padrão de cirurgias, junto com assistentes e residentes. Nessa ocasião,
foi responsável por criar uma residência médica neste hospital. Em 1989,
começou a trabalhar no Hospital 9 de Julho, também em São Paulo, onde instituiu
um grupo de cirurgia oncológica, no qual atuou até 2005. Em 1998, concluiu
mestrado em Cirurgia Plástica Reparadora pela Faculdade Medicina da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e, em 1999, titulou-se
especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário