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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Prevenção e a detecção precoce são essenciais para aumentar as chances de sobrevivência de pacientes com câncer de mama

Dentro das preparações para o Outubro Rosa, o médico referência em cirurgia plástica e oncológica no Brasil Wandemberg Barbosa aborda os fatores indutores do câncer e as formas de diagnóstico precoce da doença


O câncer de mama tem preocupado bastante os órgãos de saúde pública dos governos de todos os países do mundo, inclusive o Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2020-2022 a estimativa é de 66.280 novos casos de câncer de mama no país. A doença pode acometer homens, mas é mais comum entre mulheres com mais de 50 anos de idade, embora haja uma tendência do aumento do número de casos em pessoas entre os 30 anos e 40 anos. Individualmente, a chance de cada mulher desenvolver um câncer de mama é de um para 2525 na faixa dos 30 anos e um para 215 a partir dos 40 anos.

Na percepção do médico referência em cirurgia plástica e oncológica no Brasil e um dos pioneiros de técnicas reconstrutivas em câncer mamário, Wandemberg Barbosa, não obstante ser uma doença grave, o câncer de mama é relativamente desconhecido por uma parcela considerável das mulheres brasileiras. Dentro das preparações para o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, ele ressalta a importância da prevenção e detecção precoce no sentido de aumentar as chances de sobrevivência daqueles que venham a desenvolver a doença.

Wandemberg destaca que alguns fatores são apontados como indutores de câncer, tais como: menarca precoce, menopausa tardia, casos de câncer na família, gravidez tardia ou ausência de gravidez, tratamento hormonal prolongado, doenças benignas de mama e terapia de reposição hormonal – esse um aspecto ainda discutível. Além disso, a falta de exercícios, a ingestão de moderada a intensa de bebidas alcóolicas e a obesidade podem levar ao desenvolvimento da doença, o que leva médicos a recomendarem uma atenção maior a alguns hábitos nocivos à saúde a fim de evitar o surgimento do câncer.

Como ações de prevenção, o médico referência em cirurgia oncológica recomenda o autoexame, consultas periódicas ao médico e exames clínicos. Segundo Wandemberg, para o estabelecimento do diagnóstico de câncer de mama, durante a consulta, o médico entrevista a paciente a procura de informações que revelem sua história clínica. “Ela é questionada, por exemplo, a respeito de casos de câncer na família e do número de gestações, se fez uso de anticoncepcionais, se há saída de secreção pelo bico do seio, se existe ferida no bico do seio que não cicatriza etc.”, comenta.

A partir daí, o médico realiza exame clínico para que seja dado o possível diagnóstico. Este exame, conforme Wandemberg, consiste basicamente na inspeção estática e a inspeção dinâmica. Na primeira, há a observação para a verificação de caroço ou nódulos; coloração das aréolas e dos bicos do seio ou qualquer outra anormalidade nestas regiões; e caroços na axila. Na segunda, o médico solicita à paciente elevar e abaixar os braços para detectar possível depressão de pele; caroço que se movimenta ou é fixo; ou outra anormalidade no movimento das mamas. Há ainda a apalpação das mamas e axilas.

De acordo com Wandemberg, depois de relatar sua histórica clínica e passar pelo exame físico, a paciente é encaminhada à unidade de radiologia para que sejam efetuados os exames diagnósticos não invasivos. “Os mais importantes e de mais fácil acesso à população são a mamografia e a ultrassonografia”, explica.

Na mamografia se verifica: a densidade do tecido mamário, que é considerada alta quando o tecido mamário está esbranquiçado, dificultando diagnosticar tumores ou calcificações; a presença de microcalcificações agrupadas, que podem indicar o início da formação de um tumor; e nodulações e imagens suspeitas de câncer. “Trata-se de um exame bastante eficaz, que, segundo a Associação Americana de Combate ao Câncer, deve ser feito a cada dois anos para mulheres acima de 40 anos e anualmente após os 45 anos em pacientes que não possuem casos de câncer de mama na família. Caso exista histórico familiar, recomenda-se que se faça anualmente a partir dos 35 anos”, comenta Wandemberg.

Embora muito utilizada, a ultrassonografia é considerada um exame complementar à mamografia. Conforme o médico referência em cirurgia oncológica, esta averiguação serve, por exemplo, para verificar se os nódulos diagnosticados previamente são císticos (contém líquido), sólidos (por tecido anormal, cancerígeno ou não) ou mistos. “Também é muito empregada nos casos de densidade radiológica elevada, caracterizada por tecidos mamários esbranquiçados, que muitas vezes escondem nódulos”, relata.

Para facilitar a cirurgia de extração do tumor, é recomendada ainda a realização de diagnósticos invasivos. De acordo com Wandemberg, os principais são: a punção-biópsia dirigida por ultrassom, com material encaminhado para a citologia; e o agulhamento estereotáxico pré-operatório. Segundo o médico, a punção é muito útil para orientar o cirurgião se o tumor é benigno, maligno ou altamente suspeito. “Já o agulhamento é adequado no estudo das microcalcificações que não são vistas a olho nu pelo cirurgião, orientando-o a proceder inicialmente uma ressecção relativamente econômica de tecido mamário, nos casos de calcificações benignas”, diz.

Wandemberg afirma que, para um cancerologista, e certamente para todos os médicos, é muito triste ver um paciente chegar às suas mãos com uma situação avançada, tendo perdido a chance de cura. Nesse sentido, o médico referência em cirurgia plástica e oncológica enfatiza a importância de projetos de saúde, campanhas de orientação sobre a doença e propagandas duradouras que ressaltem como a prevenção e o diagnóstico precoce são imprescindíveis para combater e minimizar a incidência de câncer de mama entre a população do país.

 

Dr. Wandemberg Barbosa - cirurgião formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cirurgião oncológico formado pelo Hospital A.C Camargo – Fundação Antônio Prudente. Inclusive foi médico residente dessa instituição, terminando sua residência em 1981. Algum tempo depois, montou o Serviço de Cirurgia Oncológica do antigo Hospital Matarazzo (atual Hospital Humberto I), na capital paulista, onde atendia milhares de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo um alto padrão de cirurgias, junto com assistentes e residentes. Nessa ocasião, foi responsável por criar uma residência médica neste hospital. Em 1989, começou a trabalhar no Hospital 9 de Julho, também em São Paulo, onde instituiu um grupo de cirurgia oncológica, no qual atuou até 2005. Em 1998, concluiu mestrado em Cirurgia Plástica Reparadora pela Faculdade Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e, em 1999, titulou-se especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.


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