De acordo com a neurologista Idele de Melo
Guimarães, a genética é um dos principais fatores para a enxaqueca na infância,
mas pode ser evitada.
De acordo com a especialista, o uso excessivo de telas ajuda a desencadear a enxaqueca mais cedo na infância |
A
frase ‘isso é coisa de adulto’ não se encaixa quando o assunto é enxaqueca,
ainda mais em uma geração que faz uso excessivo de telas desde os primeiros
anos de vida - o que pode acelerar um problema que, na maioria das vezes, tem
origem na predisposição genética.
O
diagnóstico é bem mais comum do que muitos pensam. Conforme conta a
neurologista Idele Guimarães, cerca de 40% das crianças que são atendidas em
seu consultório possuem enxaqueca. Uma revisão no Jornal Paranaense de
Pediatria de 2022 também registra que a migrânea (outro nome para a enxaqueca)
é uma das cinco doenças crônicas mais prevalentes na infância, afetando cerca
de 1,2% a 3,2% das crianças de três a sete anos e 4% a 11% de sete a 11
anos.
O
uso de telas por longos períodos prejudica o ciclo sono e a vigília, o que
desencadeia a dor. Mas ele não é a raiz do problema. Na maioria dos casos, o
fator genético é a principal origem da enxaqueca infantil, mas pode ser
evitada, conforme afirma a especialista.
De
acordo com a médica, caso haja algum histórico de enxaqueca na família, é
preciso ficar alerta para tentar evitar crises nos filhos, o que, segundo ela,
é possível eliminando alguns gatilhos, como: observar stress no ambiente
familiar; evitar a exposição a telas de computador ou celulares; beber bastante
água; incentivar brincadeiras e exercícios físicos e cuidar da alimentação,
evitando excesso de doces, alimentos enlatados e processados.
Sintomas a
partir dos seis anos
As características
mais comuns que trazem a um diagnóstico de enxaqueca são a dor pulsátil de
média e severa intensidade, unilateral, que pode ser agravada por esforço como
caminhar e subir escadas, com duração de quatro a 72 horas quando não tratada
com medicamento, e, ainda, acompanhada com pelo menos um desses sintomas, que
são náusea, vômito, fotofobia e fonofobia.
Porém, em crianças
existem algumas variáveis, segundo informa a
neurologista Idele Guimarães. “A enxaqueca infantil apresenta, além da dor de
cabeça pulsante frequente, diarreia, cólica abdominal, tonturas, falta de
apetite, mudança no comportamento e vômitos mais intensos que podem, inclusive,
vir sem cefaleia. Por esse motivo que a criança, até ter um diagnóstico
conclusivo de enxaqueca, já passou por diversos médicos, como oculista, gastro,
entre outras especialidades, antes de chegar ao neurologista”, explica.
Normalmente,
os sintomas costumam aparecer a partir dos seis anos de idade. Para o
diagnóstico, é necessário realizar uma análise completa do paciente, onde é
observado o estilo de dor de cabeça, o histórico familiar e os sintomas mais
comuns, citados anteriormente. “É importante ficar atento a esses quadros e
procurar um pediatra ou neurologista para avaliação. E também, e talvez o mais
importante, é intervir nesses gatilhos ambientais que podem provocar a crise de
enxaqueca. Com essa intervenção evita-se o uso de medicamentos e evita-se que a
enxaqueca se torne crônica”, conclui Idele.
Idele de Melo Guimarães - Médica
Neurologista formada pela Universidade Federal de Pernambuco, atua como
Secretária de Saúde de Pernambuco e do Cabo Santo Agostinho. Com mais de 17
anos de experiência em neurologista clínica pública e privada, já atuou como
médica intensivista da UTI neurológica em diversos hospitais.
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