Durante a abertura da Semana das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (de 14 a 16 de setembro de 2021), realizada
pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foi lançado o
plano de ações estratégicas para o enfrentamento das DCNT;
Thomas Ong -
Professor doutor em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP e membro do Comitê Científico Consultor do ILSI Brasil
adverte:
a prevenção deve ser
iniciada o quantos antes.
As Doenças crônicas
não-transmissíveis (DCNT), como as cardiovasculares, obesidade, diabetes e
câncer, representam os principais problemas de saúde pública, tanto em países
desenvolvidos, como em desenvolvimento. As projeções de novos casos e mortes
associadas a essas doenças nas próximas décadas são bastante preocupantes. Como
fatores de risco e desafios estão: a má-alimentação, sedentarismo, tabagismo e
poluição ambiental.
Estudos
epidemiológicos, clínicos e experimentais sugerem a origem das DCNT já no início
da vida. Alterações no desenvolvimento fetal, neonatal e ao longo da infância e
adolescência estão associadas ao maior risco de desenvolvimento de doenças
metabólicas e certos tipos de câncer na idade adulta. Para o Prof. Dr. Thomas,
"as medidas de prevenção das DCNT devem ser iniciadas o mais cedo
possível, é necessário investir em prevenção, até mesmo antes da gestação, pois
a falta de aporte de nutrientes nos pais pode ocasionar impactos no
desenvolvimento do feto com consequências para a saúde até a idade adulta".
Nesse contexto,
pediatras, ginecologistas e nutricionistas encontram-se em importante posição
para prevenir tais condições no adulto por meio da promoção de hábitos de vida
mais saudáveis, da gestante e lactante, do futuro pai e da própria criança,
como: conscientização da importância do aleitamento materno, evitar a
obesidade, mantendo o peso corpóreo em níveis adequados de acordo com as faixas
etárias, praticar atividades físicas, não fumar, comer mais frutas e verduras,
moderar o consumo de carne vermelha e alimentos embutidos e reduzir o consumo
de bebidas açucaradas e alcoólicas. Essas iniciativas podem contribuir para o
desenvolvimento adequado no início da vida, no sentido de promover a saúde e
reduzir o risco para as DCNT na vida adulta, de acordo com a perspectiva das
pesquisas de DOHaD (Developmental Origins of Health and Disease).
Durante o webinar "Nutrição
Personalizada: Onde Estamos?" realizado pelo ILSI Brasil
(International Life Sciences Institute), por meio da Força Tarefa Alimentos
Funcionais, Prof. Dr. Thomas apresentou a aula "Avanços em
Nutrigenômica", onde destaca a nutrigenômica como uma ciência
importante para área de nutrição, permitindo o avanço no conhecimento da
interação entre gene e nutriente, e afirma a necessidade do desenvolvimento de
mais pesquisas para sua aplicação clínica. A prevenção começa antes da
gestação, quando as experiências da mãe e o aporte adequado de nutrientes e
micronutrientes têm um impacto muito importante no desenvolvimento do feto.
Sobre a hipótese
DOHaD, a Universidade da Califórnia traz um estudo onde destaca que adultos que
passaram fome na infância tinham maior probabilidade de desenvolver diabetes e
osteoporose décadas depois. Quando há deficiência de nutrientes, há uma
diminuição na produção de imunoglobulinas, ou seja, das proteínas que nos
protegem.
A ciência da nutrição
tem como missão disseminar a alimentação saudável, o que devemos comer para
maximizar a saúde e prevenir as doenças crônicas. "Isso representa um
desafio enorme, pois, como já foi destacado, são vários os fatores que precisam
estar em sintonia: a microbiota intestinal, a constituição genética, os hábitos
culturais e familiares. O alimento tem efeito variado no organismo e está relacionado
aos padrões de alimentação. O que o indivíduo coloca no prato depende da sua
cultura, seu estado emocional, da sua renda e dos hábitos alimentares
adquiridos desde a infância", finaliza Prof. Thomas.
Fonte: Prof. Dr.
Thomas Prates Ong - Membro do Comitê Científico Consultor do ILSI
Brasil. Farmacêutico-Bioquímico e Doutor
em Ciência dos Alimentos pela USP.
É Professor Livre-Docente em
Nutrição Humana na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Foi pesquisador
visitante na Universidade de Cambridge, Reino Unido. É Pesquisador do CNPq e
Pesquisador do Food Research Center (CEPID da FAPESP).
ILSI Brasil
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