A cada hora de atraso no tratamento de um AVC, cerca de 120 milhões de neurônios morrem e aumentam as sequelas
Pesquisa feita pela Organização Mundial
de Derrames (WSO) apontou que os atendimentos a casos de AVC diminuíram em 60%
durante os primeiros meses da pandemia do novo Coronavírus. A redução da
quantidade de atendimentos se deveu principalmente pelo medo de contágio pela
COVID-19. Segundo a Coordenadora de Neurologia do Hospital Marcelino
Champagnat, Lívia Figueiredo, muitas pessoas interromperam consultas de rotina
e alguns pacientes deixaram de buscar atendimento mesmo apresentando sintomas
graves de AVC.
Todos os anos cerca de 100 mil pessoas
perdem a vida por causa do acidente vascular cerebral, segundo dados do
Ministério da Saúde. Essa doença silenciosa é a segunda causa de morte no país,
ficando atrás apenas das doenças cardíacas. Mesmo com a frequência de
acometimento maior em pessoas acima de 60 anos, com as mudanças da rotina, o
AVC vem sendo observado em adultos com média de idade de 45 anos.
Normalmente, a pessoa sente fraqueza
súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar e em muitos casos a perda de
visão. “Além disso, outros sintomas comuns são perda de coordenação e
equilíbrio, boca torta e dor de cabeça que se inicia de forma súbita e já de
forte intensidade. E, nesse momento, o socorro médico deve ser imediato. Quanto
mais rápido for realizado o tratamento, maiores são as chances de recuperação
completa e menores os riscos de sequelas” comenta a neurologista.
Vale lembrar também que estudos
recentes têm mostrado que pacientes com COVID-19 podem ter uma maior incidência
da doença. Muitas pesquisas, entre elas a realizada numa força-tarefa entre
profissionais de saúde do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, e
pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), apontam
que a COVID-19 também é uma doença vascular, além de pulmonar. Os estudos são
feitos com base em análises, autorizadas por familiares, de pacientes
internados no hospital ou que morreram pela doença e que tinham comorbidades
como hipertensão arterial, diabetes e obesidade.
Principal causa de invalidez no mundo
A paralisia causada pelo acidente
vascular cerebral ocorre pela interrupção de fluxo sanguíneo para o cérebro,
seja por entupimento ou rompimento dos vasos. E sem suprimento de sangue, parte
do cérebro sofre isquemia e deixa de funcionar. O AVC isquêmico, tipo mais
comum e que acomete cerca de 85% dos pacientes, ocorre quando há redução do
fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral por oclusão do vaso por um
trombo/coágulo. Já o AVC hemorrágico ocorre por rompimento de uma artéria do cérebro,
por exemplo, por uma rotura de aneurisma e acontece com menos frequência.
As sequelas da doença podem trazer
diversas incapacidades, sendo que podem acometer uma em cada quatro pessoas e
dependem da parte do cérebro que foi afetada pelo AVC, podendo ser graves e
incapacitantes. A neurologista explica que quanto antes for feito o socorro e o
atendimento, maiores são as chances de recuperação. A cada minuto sem
suprimento sanguíneo, temos a morte de quase 2 milhões de neurônios. Portanto,
quanto mais cedo for realizado o tratamento, a recuperação e a redução de
sequelas serão mais efetivas.
Hoje, 90% dos casos de AVC estão
ligados aos hábitos cotidianos que poderiam ser modificados, de acordo com a
Academia Brasileira de Neurologia. Entre eles: evitar o consumo de álcool,
parar de fumar, praticar atividade física, manter dieta saudável, realizar o
check up de rotina e controlar a pressão arterial.
Hospital Marcelino Champagnat
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