A Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais - Anfarmag vem realizando levantamentos mensais junto aos proprietários das farmácias de manipulação associadas entre março e setembro deste ano, tendo recebido cerca de 2.000 respostas no total. Os resultados não só reforçam o perfil resiliente do setor frente às crises, como demonstram o papel fundamental do segmento dentro do contexto de prestação de serviços de saúde essenciais.
Durante a crise sanitária, apesar de enfrentarem inúmeras adversidades como outros segmentos da economia, as farmácias de manipulação vêm sendo muito demandadas pela sociedade. “Ao longo dos últimos meses, as farmácias de manipulação tanto atuaram para suprir a população de produtos e medicamentos que ficaram mais escassos no mercado, como tiveram participação ativa junto a médicos e outros profissionais de saúde no desenvolvimento de fórmulas sob medida para pacientes entubados e na atenção a pacientes crônicos ou agudos que não podiam ser desassistidos”, explica o diretor executivo da Anfarmag, Marco Fiaschetti.
O mês mais difícil para o setor foi abril, quando 63% dos empresários relataram uma redução no volume de fórmulas vendidas. Houve, entretanto, uma rápida reação das empresas, que, de maio em diante, passaram a relatar crescimento desse indicador.
O melhor mês foi julho, quando 75% apontaram aumento no volume de venda, seguido por flutuações em agosto e setembro.
A maioria das empresas manteve estável o quadro de funcionários ao longo de todo esse período, sendo que, no pior mês (março), 20,4% precisaram demitir ao menos um colaborador. No entanto, de maio em diante começaram a ganhar destaque as empresas que contrataram novos funcionários. Em julho, as empresas que afirmavam ter realizado uma ou mais contratações somavam 31%.
Para evitar as demissões e minimizar os riscos de contaminação da equipe, principalmente no início da pandemia, parte das farmácias adotaram medidas especiais, a exemplo de concessão de férias, redução da jornada de trabalho, suspensão temporária de parte ou toda a equipe e adoção de turnos de 12h por 36h.
Se nos dois primeiros meses do levantamento a “queda de vendas e do faturamento” dividia espaço com “disponibilidade e preço dos insumos” na disputa pelo posto de principal desafio enfrentado pelo setor, este último fator rapidamente se tornou predominante, preocupando 61,7% dos empresários em setembro.
Principais
dados do setor de farmácias de manipulação
levantados
pelo Panorama Setorial Anfarmag 2020
- O
Brasil tem cerca de 8000 farmácias de manipulação (7939 em dezembro de
2019 e 8.057 no levantamento parcial de 2020)
- 96,6%
das farmácias de manipulação faturam menos de R$ 3,6 milhões ao ano – dado
que confirma a predominância de empresas de pequeno porte
- 79,8%
dos estabelecimentos são matrizes e 20,3% são filiais.
- O
faturamento médio das farmácias de manipulação é de R$ 876 mil ao ano.
- A
idade média das empresas do setor é de 16 anos e 11 meses, dado muito
relevante quando comparado à idade média das empresas brasileiras, que
atualmente está entre 5 e 7 anos.
- Verifica-se
que o valor do salário médio em todas as regiões, em valores corrigidos
pelo IPCA-IBGE, obteve ganho real de 8,7% acima da inflação
- Houve
queda no número de funcionários de menor escolaridade e, quanto maior a
formação, maior foi o crescimento de vagas nos últimos 24 meses. O número
de funcionários com mestrado ou doutorado subiu quase 50%.
- O
maior crescimento em número de funcionários foi o da região Norte, com
aumento de 11%, seguido do Centro-oeste, com 10,4%.”
- A
faixa etária predominante dos funcionários encontra-se entre 30 e 39 anos,
o que corresponde a 33,3% do número total de carteiras assinadas.
- Apenas
11,6% encontram-se registrados em organizações com mais de 100
funcionários. Quase um terço dos empregos do setor são oferecidos por
empresas que têm entre 20 e 49 funcionários.
- Mais
de 70% do segmento de farmácias de manipulação é ocupado pelo sexo
feminino.
- De
todo faturamento anual, 27,4% do faturamento estão distribuídos em 66% dos
CNPJ do setor, com receita bruta de até R$ 700 mil. Já as empresas com
receita bruta anual entre R$ 701 mil e R$ 3,6 milhões, que representam
30,6% dos CNPJ ativos, concentram 40,2% do faturamento.
- O
setor faturou R$ 6,96 bilhões em 2019.
- O
número de farmácias de manipulação aumentou em 6% nos últimos dois anos e
14,5% desde 2014.
- A
margem de crescimento relativo do setor foi de 5,8% acima da inflação,
enquanto a evolução do PIB brasileiro foi de apenas 2,2%.
- O
setor conta com 57.827 postos de trabalho com carteira assinada.
- O
setor arrecada R$ 492 milhões ao ano em impostos.
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