Crescimento
do mercado interno e alta do dólar favorecem inflação; custo de vida em São
Paulo também sobe
Em meio
ao afrouxamento do isolamento social e à retomada lenta de alguns setores da
economia, como o varejo, os preços da “cesta da pandemia” seguem em alta em
outubro: segundo levantamento da FecomercioSP com base nos dados do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do IBGE, eles subiram
9,98% neste mês em comparação ao mesmo período do ano passado. É o maior
crescimento para um mês de outubro desde 2016.
Em
setembro, a cesta registrou alta de 8,52% – e, em agosto, cresceu 8,10%. A
prévia da inflação de outubro, vale dizer, é de um aumento de 0,94%, segundo o
IPCA-15.
A “cesta da pandemia” é uma elaboração da FecomercioSP para mensurar o
desempenho dos preços de três grupos de produtos considerados essenciais para a
subsistência em um momento de crise, como o atual: alimentação e bebidas;
habitação; e saúde e cuidados pessoais.
Entre eles, a alta mais significativa foi do primeiro grupo, de alimentação e
bebidas – 19,68% em comparação a outubro de 2019.
Só o arroz está 50,81% mais caro agora do que há 12 meses, por exemplo. Depois
dele, itens como feijão (44,72%), leite (34,9%) e maçã (34,16%), além de carnes
bovinas como músculo (36,33%), contrafilé (33,13%) e alcatra (25,9%), também
tiveram aumentos expressivos nos preços em outubro. Por outro lado, produtos
como batata-inglesa (-13,32%), cebola (-12,13%) e cerveja (-3,33%) registram
queda.
Encontrar alimentos básicos com valor mais alto nas gôndolas dos supermercados
também pressiona o custo de vida para cima, como aponta pesquisa da
FecomercioSP com dados de São Paulo [veja tabela abaixo].
Os produtos do grupo de habitação tiveram crescimento de 8,22% – também o maior
para um mês de outubro desde 2016 –, com destaque para o aumento de 10,19% no
preço do detergente, em comparação com o ano passado.
Já os itens de saúde e cuidados pessoais ficaram 2,75% mais caros, abaixo da
média – considerando a inflação dos outros dois grupos.
A expansão dos preços da “cesta da pandemia”, segundo a Federação, é resultado
de fatores como o crescimento da demanda interna em meio à crise, a alta do
dólar – que impacta nos custos de produção de alguns produtos – e,
especialmente, no caso das carnes, o apetite do mercado exterior sobre partes
bovinas e suínas.
Ainda de acordo com a FecomercioSP, a previsão é de que os preços dos alimentos
continuem crescendo nos próximos meses, tanto pelas baixas dos estoques agora
em comparação a 2019 quanto pela atração em exportar em dólar.
Custo de vida também sobe em São Paulo
Depois de registrar um tímido avanço em agosto, o Custo de Vida por Classe
Social na região metropolitana de São Paulo (CVCS) teve alta de 0,60% em setembro.
No ano, a expansão já é de 0,93%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses
aponta para um crescimento de 3,04%.
É a maior alta do CVCS desde dezembro do ano passado, quando fechou em 1,03%.
Além disso, é o crescimento mais significativo desde o início da pandemia.
Assim como mostram os números da “cesta da pandemia”, o aumento no custo de
vida está ligado, principalmente, à inflação dos alimentos: 11,06% mais caros
agora do que em setembro de 2019. Eles também cresceram 1,77% em comparação com
agosto deste ano.
Artigos do lar também são itens vendidos mais caros agora: 4,07% de aumento em
relação ao mesmo mês do ano passado, situação parecida à do grupo de despesas
pessoais, com alta de 2,19% em 12 meses.
De acordo com a FecomercioSP, os dados gerais só não são mais altos porque os
preços do setor de serviços, em retração desde o início da crise sanitária,
amortecem a inflação.
Notas metodológicas
Cesta da pandemia
A Fecomercio tem feito um acompanhamento, desde o início da pandemia, do
comportamento dos preços de acordo com hábitos de consumo que estão sendo
alterados diante desta nova realidade, bem como a ponderação destes dispêndios
no orçamento familiar. Para tanto, elabora mensalmente a cesta da pandemia,
composta por três grupos considerados essenciais para a subsistência:
alimentação e bebidas; habitação; e saúde e cuidados pessoais, com base em
dados do IBGE.
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de
Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de
renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de
preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A
estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo
obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS
avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.
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