Conceito, cujo dia
é celebrado em 03/11, está baseado na indissociabilidade entre as saúdes
humana, animal e ambiental
A pandemia de Covid-19 evidenciou quão integradas
são as saúdes humana, animal e ambiental. Com o surgimento de um novo vírus, o
conceito de Saúde Única, definido por esta indissoabilidade, tornou-se pauta
mais presente em todo o mundo. O tema faz parte, inclusive, do relatório sobre
prevenção de pandemias da Organização das Nações Unidas (ONU), que vem alertado
sobre o fato de que 75% das doenças emergentes no planeta têm origem animal.
O documento elenca tendências que impulsionam o
surgimento de doenças zoonóticas – aquelas que afetam tanto humanos quanto
animais –, como: crescente demanda por proteína animal; expansão agrícola não
sustentável; crises climáticas e exploração da vida selvagem. Neste contexto, o
relatório aponta a promoção da Saúde Única como solução.
“Fica cada vez mais claro que a Saúde deve ser
vista de forma integral, multifatorial e com forte ação de planejamento
preventivo”, frisa o presidente da Comissão de Políticas Públicas do Conselho
Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Celso da Costa Carrer.
Este olhar começou a ser construído no início do
século XX, quando a ideia de que saúde corresponde apenas à ausência da doença
deu lugar uma visão mais ampla e de integralidade. “O ser humano passou a ser
entendido como ser bio-psíquico-social, o qual pode adoecer por interferência
de diferentes fatores em seu bem-estar”, enfatiza a ex-presidente da Comissão
de Zootecnia e Ensino do CRMV-SP, Célia Regina Orlandelli.
Conceito deve ser incorporado pelo SUS
Apesar de as discussões terem sido ampliadas sobre
o assunto, ainda há muito a ser feito para a efetiva promoção da Saúde Única no
Brasil. A incorporação do conceito no Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das
necessidades pontuadas pela presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-SP,
Adriana Maria Lopes Vieira.
“Trata-se de um importante passo a ser dado para
conceber soluções adaptáveis, prospectivas e multidisciplinares, visando o
enfrentamento dos desafios que, certamente, ainda teremos pela frente”,
enfatiza Adriana.
A inclusão de médicos-veterinários nas equipes dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) do SUS, em 2011, foi um importante
avanço neste sentido. No entanto, a Saúde Única deve ser o pilar que norteia as
diretrizes do sistema, cujos resultados seriam observados na forma de
prevenção.
Para Célia, o cenário atual evidenciou que os
investimentos em tratamentos ainda são mais valorizado do que os empenhos em
prevenção e em promoção da saúde. “As discussões sobre as vacinas nos fazem
enxergar melhor o porquê de os gestores públicos não se atentarem para a
importância do investimento em Medicina Veterinária Preventiva e, apesar da
criação do Nasf, as estratégias e a inserção ou não de médicos-veterinários nas
equipes ainda é definida por cada prefeitura, a seu modo.”
A união de saberes pelo bem de todos
De acordo com Carrer, um dos cernes da questão é a
complementaridade e a soma de diferentes expertises, ou seja, equipes
multiprofissionais trabalhando em conjunto. Promover o entendimento desta união
de saberes visando a saúde e o bem-estar coletivos foi justamente o que levou à
criação do Dia Mundial da Saúde Única (03/11).
“Já está claro que o desenvolvimento de ações com
abordagem interdisciplinar, envolvendo várias áreas de conhecimento, não apenas
aquelas diretamente ligadas à Saúde, é indispensável”, diz Adriana.
O papel do médico-veterinário e do zootecnista
No que tange à atuação dos profissionais de
Medicina Veterinária e de Zootecnia, são inúmeras as formas de atuação de
ambos, cujos resultados permeiam a Saúde Única. “Os médicos-veterinários,
por exemplo, além de contribuírem por meio do diagnóstico de doenças de animais
que podem afetar suas famílias e as comunidades vizinhas, trabalham nas áreas
de vigilância, epidemiologia e controle de doenças, entre outros campos”, diz
Adriana.
Quanto aos profissionais da área de ciências
agrárias, Célia afirma serem também verdadeiros promotores de saúde. “Isso por
que os processos passam muito fortemente pelo cuidado e pelo respeito aos
ecossistemas. A inserção desses profissionais em práticas produtivas de menor
impacto garante maior qualidade para o meio ambiente e a redução de
interferências na saúde dos animais."
Saiba mais
Em 2020, as celebrações do Dia da Saúde Única são
especialmente comoventes em face da pandemia COVID-19. A pandemia faz a data
ser reconhecida e adotada como mais necessária agora do que nunca antes. Para
mais informações sobre as ações de comemoração: https://www.onehealthcommission.org/
Sobre
o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina
Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização
do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando
pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários
e zootecnistas do estado de São Paulo, com quase 42 mil profissionais ativos.
Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos
relacionados com as profissões por ele representadas.
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