Segundo IBGE, 4
milhões de brasileiros vivem com renda advinda de entregas de apps
A economia compartilhada já era tendência antes da
pandemia de COVID-19 desacelerar e colocar em crise a economia global. Mas, a
pandemia acelerou o processo natural de transformação e vimos os negócios e
serviços online passarem de item de comodidade e fonte de renda extra, para
alternativa segura à saúde e base do sustento de milhares de famílias.
“Esses apps foram essenciais para a manutenção de
muitas atividades durante a fase de isolamento social, viabilizando a
subsistência de inúmeras empresas que deles se valeram para serviços de
delivery e também na manutenção do orçamento familiar quando centenas de
pessoas passaram a trabalhar para empresas de entregas”, explica o
economista Luiz Alberto Machado.
Atualmente, quase quatro milhões de autônomos vivem
com renda gerada por aplicativos de entrega ou de consumo colaborativo de
acordo com dados de 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A tecnologia cada vez mais baseada em inteligência
artificial se uniu a explosão de startups conectando oferta e procura,
fundamento do capitalismo, de maneira simples, direta e rápida em que com
poucos cliques o consumidor consegue resolver o que precisa.
“Na retomada da economia os serviços online e
iniciativas de consumo colaborativo podem desempenhar papel importante por
permitir a realização de uma série de atividades-meio com baixo custo, fator
primordial num momento em que muitas empresas tiveram seu fluxo de caixa
comprometido e que estão com capital de giro reduzido”, explica
Machado.
Machado ressalta ainda que, nesse momento de
contenção de gastos, a economia compartilhada deve ganhar cada vez mais adeptos
consolidando uma lenta e gradual mudança no modo de consumo do brasileiro. “A substituição
do “ter” pelo “usufruir” tem um apelo muito forte, sobretudo entre os jovens,
cuja mentalidade dá muito valor a aspectos como igualdade, sustentabilidade,
cooperação e solidariedade. A meu ver, é possível supor que, com a volta à
normalidade, a tendência anterior será retomada e, em alguns casos, ampliada”.
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) calcula que, em 2018, o total de trabalhadores atuando por
conta própria no setor de entregas cresceu 104,2% como consequência da falta de
vagas formais.
Embora os apps estejam criando oportunidades para
quem precisa trabalhar, o poder público precisa pensar nos impactos sobre o
sistema de saúde e no INSS já que a maioria dessas pessoas não possui carteira
assinada ou plano de saúde.
“Ainda não está ainda muito clara a situação dos
trabalhadores que prestam serviço para essas empresas no que se refere a
fatores como vínculo empregatício e cobertura em caso de acidentes. Se isso não
ocorrer, a possibilidade de uma enxurrada de questões judiciais será
inevitável”, pondera Machado.
Luiz Alberto Machado - graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, com
mestrado em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa, em
Portugal. Dedicou-se à atividade acadêmica e à consultoria. É diretor da SAM –
Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas – consultor da Fundação
Espaço Democrático e conselheiro da FEI – Fundação Educacional Inaciana “Pe.
Sabóia de Medeiros” – e da Fundação Brasil Criativo. Palestrante nas áreas de
Economia, Criatividade, Inovação E Economia Criativa, é autor dos livros: Como
enfrentar os desafios da carreira profissional (2012) e Das quadras para a vida
(2018), esse segundo título escreveu em conjunto com seu filho Guga Machado.
Jogou basquete por vários anos no Pinheiros, Sírio, Palmeiras e Paulistano,
além das seleções paulistas e brasileira nas categorias menores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário