No Brasil, o câncer de próstata é a segunda
maior causa de morte por câncer entre os homens diagnosticados com esse tipo de
doença no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Para 2019 são estimados
cerca de 68,2 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Nesse cenário preocupante, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
(SBRA) tem boas notícias. Graças aos avanços da medicina na área de reprodução
assistida, a fertilidade masculina pode ser preservada diante do problema.
O procedimento recomendado pela entidade
consiste na coleta de sêmen para congelamento de espermatozoides antes do
início do tratamento oncológico - cirurgia, quimioterapia, radioterapia e
uso de medicamentos.
A próstata é uma glândula que faz parte do
sistema reprodutor masculino responsável por produzir uma secreção fluida para
nutrição e transporte dos espermatozoides. Situa-se logo abaixo da bexiga e à
frente do reto, sendo atravessada pela uretra, canal que se estende desde a
bexiga até a extremidade do pênis e por onde a urina também é eliminada.
“Na verdade, o câncer de próstata não causa
infertilidade. São os tratamentos contra a doença que podem deixar os homens
inférteis”, afirma o urologista e especialista em reprodução humana assistida
creditado pela SBRA, Matheus Roque. Os tratamentos afetam a função da glândula
masculina.
Dependendo do caso, o médico pode indicar a
retirada cirúrgica da glândula. Sem a próstata, a produção do líquido seminal é
afetada, ou seja, o homem fica infértil. “Quando pensamos na cirurgia de
retirada da próstata, como um dos principais tratamentos contra a doença,
deve-se ressaltar a ocorrência da azoospermia obstrutiva, ou seja, a obstrução
no local em que o espermatozoide deveria passar. O homem continua produzindo espermatozoides,
mas eles não serão ejaculados, ocorrendo assim a infertilidade. É como se fosse
uma vasectomia”, explica Roque.
No caso dos pacientes que precisam de
quimioterapia e radioterapia para combater as células cancerígenas, o
comprometimento da fertilidade aumenta. Segundo Edson Borges Júnior, urologista
e especialista em reprodução humana assistida e membro da diretoria da SBRA,
metade das pessoas que passam por tratamentos contra o câncer ficam estéreis.
“O tumor é um tecido que se divide rapidamente. Os tratamentos das neoplasias,
como radioterapia e quimioterapia, atingem não apenas estas células, mas também
o tecido testicular, comprometendo a produção de espermatozoides", explica
ele.
Mas a doença não significa o fim da
fertilidade para os pacientes que desejam manter a capacidade reprodutiva.
Atualmente, as técnicas de reprodução assistida permitem o congelamento de
espermatozoide em uma clínica de reprodução. Mas os especialistas advertem: é
preciso realizar o procedimento antes do início de qualquer tratamento contra o
câncer.
Nos casos cirúrgicos, além da possibilidade
do congelamento antes da cirurgia, ainda é possível obter posteriormente os
espermatozoides diretamente do testículo para o processo de fertilização in
vitro, no qual o óvulo é fecundado no laboratório e o embrião é transferido
para o útero. “É preciso fazer uma punção na região do epidídimo ou testículos
para encontrar espermatozoides”, explica Roque.
Sobre a doença - Segundo o Inca, a cada dia
42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente três
milhões vivem com a doença. Apesar de ser uma doença mais frequente após os 65
anos de idade, os casos a partir dos 50 anos de idade têm sido mais frequentes.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
recomenda que os homens a partir da puberdade devam procurar um profissional
especializado, para avaliação individualizada. O início da avaliação do risco
de câncer de próstata começa aos 50 anos e, naqueles da raça negra, obesos
mórbidos ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar
aos 45 anos.
Os exames deverão ser realizados após uma
análise dos fatores de risco pelo urologista e ampla discussão de riscos e
potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75
anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de
dez anos.
Com informações: https://portaldaurologia.org.br/
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