A Drª Roberta Parreira, médica geriatra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), explica que o advento dos medicamentos para disfunção erétil permitiu o retorno à vida sexual ativa para muitos idosos. “Meus pacientes conversam comigo sobre o assunto quando se sentem à vontade. E dizem que veem o sexo como uma necessidade de vida, algo agradável. Ainda que nesta etapa da vida, por exemplo, homens e mulheres tenham condições físicas e biológicas particulares”, diz.
No entanto, diante do aumento de infecções pelo vírus da Aids na população idosa, é importante que os profissionais de saúde peçam teste de sorologia e auxiliem no cuidado e na prevenção, aconselha a Drª Roberta. “Quando se investiga demências, por exemplo, destacar Aids e sífilis é parte do protocolo. As ditas comorbidades precisam ser verificadas até para saber de possíveis interações medicamentosas”, complementa.
Tendência local e mundial
Apenas em São Paulo, maior cidade do Brasil, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, no último ano, os idosos foram os únicos entre a população adulta que tiveram crescimento nas infecções pelo HIV/Aids. Enquanto a taxa de novas infecções no geral diminui no município para perto de 18%, entre 2017 e 2018, na população idosa, os casos cresceram 15% no mesmo período.
O crescimento dos casos de HIV/Aids entre idosos no Brasil acompanha uma tendência mundial. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), se prosseguir nesse ritmo de infecções nessa faixa etária, em 2030, 70% da população do mundo com 60 anos ou mais poderá ter o diagnóstico positivo para o vírus da Aids.
“Precisamos de campanhas de prevenção e políticas de saúde voltadas a essa população e outros grupos entre os quais os casos de HIV estão crescendo”, conclui a Drª Roberta, que também é mestre em Epidemiologia, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nenhum comentário:
Postar um comentário