segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Novembro Azul: congelamento de espermatozoides pode preservar capacidade reprodutiva do homem


No Brasil, o câncer de próstata é a segunda maior causa de morte por câncer entre os homens diagnosticados com esse tipo de doença no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Para 2019 são estimados cerca de 68,2 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Nesse cenário preocupante, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) tem boas notícias. Graças aos avanços da medicina na área de reprodução assistida, a fertilidade masculina pode ser preservada diante do problema.
O procedimento recomendado pela entidade consiste na coleta de sêmen para congelamento de espermatozoides antes do início do tratamento oncológico - cirurgia,  quimioterapia, radioterapia e uso de medicamentos.
A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino responsável por produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto, sendo atravessada pela uretra, canal que se estende desde a bexiga até a extremidade do pênis e por onde a urina também é eliminada.
“Na verdade, o câncer de próstata não causa infertilidade. São os tratamentos contra a doença que podem deixar os homens inférteis”, afirma o urologista e especialista em reprodução humana assistida creditado pela SBRA, Matheus Roque. Os tratamentos afetam a função da glândula masculina.
Dependendo do caso, o médico pode indicar a retirada cirúrgica da glândula. Sem a próstata, a produção do líquido seminal é afetada, ou seja, o homem fica infértil.  “Quando pensamos na cirurgia de retirada da próstata, como um dos principais tratamentos contra a doença, deve-se ressaltar a ocorrência da azoospermia obstrutiva, ou seja, a obstrução no local em que o espermatozoide deveria passar. O homem continua produzindo espermatozoides, mas eles não serão ejaculados, ocorrendo assim a infertilidade. É como se fosse uma vasectomia”, explica Roque.
No caso dos pacientes que precisam de quimioterapia e radioterapia para combater as células cancerígenas, o comprometimento da fertilidade aumenta. Segundo Edson Borges Júnior, urologista e especialista em reprodução humana assistida e membro da diretoria da SBRA, metade das pessoas que passam por tratamentos contra o câncer ficam estéreis. “O tumor é um tecido que se divide rapidamente. Os tratamentos das neoplasias, como radioterapia e quimioterapia, atingem não apenas estas células, mas também o tecido testicular, comprometendo a produção de espermatozoides", explica ele.
Mas a doença não significa o fim da fertilidade para os pacientes que desejam manter a capacidade reprodutiva. Atualmente, as técnicas de reprodução assistida permitem o congelamento de espermatozoide em uma clínica de reprodução. Mas os especialistas advertem: é preciso realizar o procedimento antes do início de qualquer tratamento contra o câncer.
Nos casos cirúrgicos, além da possibilidade do congelamento antes da cirurgia, ainda é possível obter posteriormente os espermatozoides diretamente do testículo para o processo de fertilização in vitro, no qual o óvulo é fecundado no laboratório e o embrião é transferido para o útero. “É preciso fazer uma punção na região do epidídimo ou testículos para encontrar espermatozoides”, explica Roque.
Sobre a doença - Segundo o Inca, a cada dia 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente três milhões vivem com a doença. Apesar de ser uma doença mais frequente após os 65 anos de idade, os casos a partir dos 50 anos de idade têm sido mais frequentes.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que os homens a partir da puberdade devam procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. O início da avaliação do risco de câncer de próstata começa aos 50 anos e, naqueles da raça negra, obesos mórbidos ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos.
Os exames deverão ser realizados após uma análise dos fatores de risco pelo urologista e ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de dez anos.




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