No Brasil, quase 100 mil pessoas atuam na área de
Relações Governamentais. Esses profissionais ajudam a influenciar o poder
público a tomar decisões e, por isso, costumam ser contratados por grandes
empresas, principalmente no setor privado, como multinacionais, escritórios de
consultoria ou advocacia, além de órgãos públicos, associações de classe e
sindicatos. A ideia é justamente proteger os interesses do negócio.
A área não exige uma formação pré-definida, mas os
lobistas, como são conhecidos, costumam ser formados em Direito, Ciências
Políticas ou Relações Internacionais. Por ser um cargo de grande
responsabilidade e exposição, as empresas costumam buscar no mercado executivos
sêniores para ocupar essas posições. O salário costuma variar de R$ 5 mil a R$
20 mil, mas pode até superar os R$ 40 mil, dependendo do cargo e da
instituição, segundo a pesquisa O Perfil do Profissional de Relações Governamentais,
realizado pela RealGov, organização que estuda o setor.
Além disso, quem trabalha com Relações
Governamentais precisa ter qualidades que não estão no currículo, como boa
comunicação, capacidade de gerar engajamento e conhecimento técnico para agir
como interlocutor com a iniciativa privada, sociedade civil, agências
reguladoras e governo. Por ser uma área de atuação bastante interdisciplinar, o
lobista precisa conseguir interagir com atores externos, como o governo, e
internos, estabelecendo elos e inspirando confiança por onde passa.
A demanda desses profissionais, que não são muitos
no mercado, é crescente, visto que as empresas sentem necessidade de resguardar
seus interesses em um Estado bastante regulatório, como é o brasileiro.
Um exemplo disso é que na VITTORE Partners, consultoria de recrutamento
especializado nas áreas Jurídica, Tributária, Anticorrupção e Assuntos
Corporativos, eles foram os mais buscados em 2019.
Tudo indica que o próximo ano não será diferente. O projeto
de Lei 1.202, de 2007, de autoria do petista Carlos Zaratini, de São Paulo,
que prevê a regulamentação do lobby no Brasil, deve voltar à pauta da Câmara
dos Deputados em 2020, já que esse ano o assunto acabou perdendo espaço para as
reformas econômicas.
Apesar do crescimento pela demanda desses
profissionais, infelizmente, muitas empresas costumam esperar para procurar por
esses profissionais apenas quando surge a necessidade, ou seja, quando existe
uma possível ameaça ao negócio. Mas, fato é que eles são extremamente
necessários durante o tempo todo, embora representem um custo relativamente
alto para as companhias.
Para aqueles que buscam ingressar na área e ainda
não têm um currículo sênior, a dica é procurar vagas em consultorias, que
costumam aceitar bem esse perfil. Se você estiver em uma empresa, é comum
surgir oportunidades para quem já tem alguns anos de casa, justamente pelo
profundo conhecimento do negócio.
Por fim, o profissional de Relações Governamentais
deve ter em mente o preconceito e a desinformação que o senso comum tem sobre a
área e deve agir com ética, zelando pelas boas práticas para que esse
descrédito seja superado. Para isso, demonstrar capacidade de liderança e
autonomia, além de zelar pela imagem e reputação pessoais e da companhia, é
essencial para o sucesso desse tipo de profissional.
Tauan
Mendonça - advogado e pós-graduado em gestão de
negócios pela Fundação Dom Cabral. É headhunter e sócio da VITTORE Partners,
consultoria de recrutamento especializada nos mercados Jurídico, Tributário,
Compliance e Relações Governamentais.
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