Quando uma criança sofre um
acidente e bate a cabeça, ou ainda quando sente uma dor de estômago forte e
persistente, é muito comum os médicos recomendarem uma tomografia
computadorizada para investigar as causas e o ‘tamanho’ do problema. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse tipo de exame de imagem está se
tornando cada vez mais acessível no mundo todo – principalmente para avaliar
ossos, órgãos, vasos sanguíneos e outros tecidos moles – oferecendo resultados
rápidos e detalhados. Mas será que tem alguma repercussão negativa para as
crianças?
De acordo com Donald Frush,
diretor do Duke Medical Radiation Center (Estados Unidos), é importante
que os pais busquem mais informações sobre cada exame e, principalmente, se há
riscos em longo prazo por conta da exposição à radiação. Para Frush, da
mesma forma com que as pessoas estão preocupadas com a exposição à radiação de
telefones celulares e fornos de micro-ondas, também deveriam saber mais sobre a
radiação ionizante presente nos raios-X, por exemplo. “Em doses muito altas,
esse tipo de radiação pode ter efeitos como queda de cabelo e vermelhidão na
pele”.
Na opinião do pediatra Filipe
Maia, gestor da clínica de diagnóstico por imagem São Judas Tadeu, em Minas
Gerais, exames que expõem a criança à radiação têm que ser usados de forma
comedida, para que o risco compense o benefício. “O exame clínico é fundamental
e, na maioria das vezes, é suficiente para definir o diagnóstico do paciente.
Se, depois de um bom exame clínico, o médico julgar necessário solicitar um
exame de imagem para concluir o diagnóstico, ele fará isso de forma coerente.
Isso vale para pacientes adultos e pediátricos”.
O médico reconhece que um
exame de imagem bem-detalhado pode salvar a vida de uma pessoa, provendo
informações que permitirão uma rápida tomada de decisão por uma linha de
tratamento. Por outro lado, como as crianças estão em desenvolvimento, elas
tendem a ser mais vulneráveis aos efeitos da radiação. Por isso, todo exame
pediátrico de imagem deve ser muito bem indicado. “Os pais devem se sentir
sempre à vontade para perguntar ao médico solicitante tudo o que quiserem saber
sobre a escolha de determinado procedimento, como a dose de radiação que será
ajustada, eventuais riscos de curto e médio prazo, especificidades de cada
exame que a criança terá de fazer, bem como a forma ideal de preparo em cada
etapa. Vale lembrar, que a dose usada no exame de uma criança de cinco anos é
bem diferente daquela usada num bebê de colo”.
Filipe Maia afirma que a dose
de radiação nos exames de raio-X (realizados eventualmente) não deve preocupar
tanto os pais, mas é fundamental que o médico que acompanha determinada criança
em tratamento registre sempre os exames a que ela foi submetida, em que espaço
de tempo, quais doses de radiação foram empregadas etc. – principalmente em
relação à tomografia computadorizada. “Só assim será possível controlar
melhor o nível de radiação a que a criança foi exposta e dimensionar seus
possíveis efeitos”.
Dados da OMS indicam que a
média anual da exposição da população à radiação vem aumentando nos últimos 40
anos, principalmente através dos procedimentos médicos. Outras fontes de
radiação permaneceram semelhantes. Nos Estados Unidos, 11% dos exames de
tomografia computadorizada são realizados em crianças. No Brasil, ainda que
faltem dados estatísticos, toda população vem tendo mais acesso a exames de
imagem nos últimos anos, tanto pela proliferação do serviço, quanto pelo acesso
a planos de saúde que cobrem os custos dos exames.
Fontes:
Dr. Filipe Maia -
médico pediatra, gestor da clínica de diagnóstico por imagem São Judas Tadeu
– Ipatinga, MG – www.sjt.med.br
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