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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Crianças: exposição à radiação de raio-X ou tomografia computadorizada deve preocupar os pais?




Quando uma criança sofre um acidente e bate a cabeça, ou ainda quando sente uma dor de estômago forte e persistente, é muito comum os médicos recomendarem uma tomografia computadorizada para investigar as causas e o ‘tamanho’ do problema. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse tipo de exame de imagem está se tornando cada vez mais acessível no mundo todo – principalmente para avaliar ossos, órgãos, vasos sanguíneos e outros tecidos moles – oferecendo resultados rápidos e detalhados. Mas será que tem alguma repercussão negativa para as crianças?

De acordo com Donald Frush, diretor do Duke Medical Radiation Center (Estados Unidos), é importante que os pais busquem mais informações sobre cada exame e, principalmente, se há riscos em longo prazo por conta da exposição à radiação.  Para Frush, da mesma forma com que as pessoas estão preocupadas com a exposição à radiação de telefones celulares e fornos de micro-ondas, também deveriam saber mais sobre a radiação ionizante presente nos raios-X, por exemplo. “Em doses muito altas, esse tipo de radiação pode ter efeitos como queda de cabelo e vermelhidão na pele”.

Na opinião do pediatra Filipe Maia, gestor da clínica de diagnóstico por imagem São Judas Tadeu, em Minas Gerais, exames que expõem a criança à radiação têm que ser usados de forma comedida, para que o risco compense o benefício. “O exame clínico é fundamental e, na maioria das vezes, é suficiente para definir o diagnóstico do paciente. Se, depois de um bom exame clínico, o médico julgar necessário solicitar um exame de imagem para concluir o diagnóstico, ele fará isso de forma coerente. Isso vale para pacientes adultos e pediátricos”.

O médico reconhece que um exame de imagem bem-detalhado pode salvar a vida de uma pessoa, provendo informações que permitirão uma rápida tomada de decisão por uma linha de tratamento. Por outro lado, como as crianças estão em desenvolvimento, elas tendem a ser mais vulneráveis aos efeitos da radiação. Por isso, todo exame pediátrico de imagem deve ser muito bem indicado. “Os pais devem se sentir sempre à vontade para perguntar ao médico solicitante tudo o que quiserem saber sobre a escolha de determinado procedimento, como a dose de radiação que será ajustada, eventuais riscos de curto e médio prazo, especificidades de cada exame que a criança terá de fazer, bem como a forma ideal de preparo em cada etapa. Vale lembrar, que a dose usada no exame de uma criança de cinco anos é bem diferente daquela usada num bebê de colo”.

Filipe Maia afirma que a dose de radiação nos exames de raio-X (realizados eventualmente) não deve preocupar tanto os pais, mas é fundamental que o médico que acompanha determinada criança em tratamento registre sempre os exames a que ela foi submetida, em que espaço de tempo, quais doses de radiação foram empregadas etc. – principalmente em relação à tomografia computadorizada.  “Só assim será possível controlar melhor o nível de radiação a que a criança foi exposta e dimensionar seus possíveis efeitos”.

Dados da OMS indicam que a média anual da exposição da população à radiação vem aumentando nos últimos 40 anos, principalmente através dos procedimentos médicos. Outras fontes de radiação permaneceram semelhantes. Nos Estados Unidos, 11% dos exames de tomografia computadorizada são realizados em crianças. No Brasil, ainda que faltem dados estatísticos, toda população vem tendo mais acesso a exames de imagem nos últimos anos, tanto pela proliferação do serviço, quanto pelo acesso a planos de saúde que cobrem os custos dos exames.



Fontes:
Dr. Filipe Maia - médico pediatra, gestor da clínica de diagnóstico por imagem São Judas Tadeu – Ipatinga, MG – www.sjt.med.br

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