O ataque ao
escritório da revista francesa Charlie Hebdo, em Paris, que resultou na morte
de pelos menos 12 pessoas pode desencadear uma onda de “islamofobia” não apenas
na Europa, mas em todo o mundo. Essa é a avaliação feita pela professora do MBA
em Relações Internacionais da FGV, Monique Sochaczewski.
Especialista
em Oriente Médio, a professora assinala que, apesar do calor dos
acontecimentos, os fatos devem ser analisados com ponderação. “As falas do
presidente Francois Hollande, que classificou o ataque como “atentado
terrorista de extrema barbárie’ denota uma perspectiva do aumento da ‘islamofobia’,
explica.
Para Monique
Sochaczewski, a recente charge que faz alusão a Abu Bakr al-Baghdadi, líder do
Estado Islâmico, foi um dos estopins do atentado. Mas, eventos de menor
proporção já sinalizavam um clima tenso na Europa.
“A última charge trazia
a imagem al-Baghdadi, que se proclama califa-chefe, um líder, do Estado
Islâmico. Isso pode ter deflagrado o atentado.
Mas eventos menores, ocorridos em Tours ou no Museu Judaico, já sinalizavam
esse clima. Além disso, o próprio Charlie Hebdo já havia sido alvo de ameaças
em 2006 e 2011”, salienta.
Na avaliação da
professora da FGV, em termos globais, o atentado em Paris vitimou, também, a
liberdade de expressão. “Sem julgar a atuação do Charlie Hebdo, que fazia
sátira de tudo e não apenas de temas islâmicos, o que se coloca em questão é o
direito à liberdade de expressão”, observa.
A especialista em
Oriente Médio enfatiza, ainda, que há conhecimento de franceses ligados ao
Estado Islâmico e, muitos deles, vivendo na Europa. “Acredita-se que, hoje, há
cerca de 400 franceses ligados ao Estado Islâmico. Muitos deles voltaram a
viver na Europa. Alguns têm ascendência mulçumana e outros foram convertidos. A
adesão ao Estado Islâmico, que gera controvérsias entre as nações mulçumanas,
cresce no Ocidente”, informa.
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