quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

“Atentado em Paris pode desencadear uma onda de ‘islamofobia’ ”, diz professora da FGV



O ataque ao escritório da revista francesa Charlie Hebdo, em Paris, que resultou na morte de pelos menos 12 pessoas pode desencadear uma onda de “islamofobia” não apenas na Europa, mas em todo o mundo. Essa é a avaliação feita pela professora do MBA em Relações Internacionais da FGV, Monique Sochaczewski.
Especialista em Oriente Médio, a professora assinala que, apesar do calor dos acontecimentos, os fatos devem ser analisados com ponderação. “As falas do presidente Francois Hollande, que classificou o ataque como “atentado terrorista de extrema barbárie’ denota uma perspectiva do aumento da ‘islamofobia’, explica.
Para Monique Sochaczewski, a recente charge que faz alusão a Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico, foi um dos estopins do atentado. Mas, eventos de menor proporção já sinalizavam um clima tenso na Europa.
“A última charge trazia a imagem al-Baghdadi, que se proclama califa-chefe, um líder, do Estado Islâmico. Isso pode ter deflagrado o atentado. Mas eventos menores, ocorridos em Tours ou no Museu Judaico, já sinalizavam esse clima. Além disso, o próprio Charlie Hebdo já havia sido alvo de ameaças em 2006 e 2011”, salienta.
Na avaliação da professora da FGV, em termos globais, o atentado em Paris vitimou, também, a liberdade de expressão. “Sem julgar a atuação do Charlie Hebdo, que fazia sátira de tudo e não apenas de temas islâmicos, o que se coloca em questão é o direito à liberdade de expressão”, observa.
A especialista em Oriente Médio enfatiza, ainda, que há conhecimento de franceses ligados ao Estado Islâmico e, muitos deles, vivendo na Europa. “Acredita-se que, hoje, há cerca de 400 franceses ligados ao Estado Islâmico. Muitos deles voltaram a viver na Europa. Alguns têm ascendência mulçumana e outros foram convertidos. A adesão ao Estado Islâmico, que gera controvérsias entre as nações mulçumanas, cresce no Ocidente”, informa.

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