O levantamento, produzido pela Enap,
destaca a evolução de Brasília, que passou da 69ª posição para o 4º lugar entre
2022 e 2023, e Boa Vista (RR), de 47º para 6°Freepik
A cidade de São Paulo lidera o
ranking geral das cidades que apresentam melhores condições para o
empreendedorismo, segundo o ranking geral do Índice de Cidades Empreendedoras
(ICE) referente ao período 2022/2023.
Segundo o levantamento, as
cidades que mais subiram no ranking foram Brasília, que passou da 69ª posição
para o 4º lugar; Boa Vista (RR), que subiu de 47º para 6°; e Aparecida de
Goiânia (GO), da 65ª posição para a 35ª.
Produzido pela Escola Nacional
de Administração Pública (Enap), o relatório abrange os 101 municípios mais
populosos do Brasil, “organizados de acordo com as melhores condições para
empreender”.
A segunda posição no ranking
geral é ocupada por Florianópolis (SC), seguida de Joinville (SC). Na
sequência, após Brasília, figuram Niterói (RJ), Boa Vista, Curitiba, Rio de
Janeiro, Macapá e Goiânia.
“Essas são as cidades com
melhores condições para o empreendedorismo, a partir de sete fatores
determinantes para que os negócios sejam bem-sucedidos: ambiente regulatório,
infraestrutura, mercado, acesso ao capital, inovação, capital humano e cultura
empreendedora”, justificaram os pesquisadores.
DESTAQUES
O crescimento de Brasília no
ranking se deve, principalmente, segundo o estudo, “às melhorias registradas no
ambiente regulatório (redução da alíquota interna do Imposto Sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) e simplificação burocrática (diminuição de
tempo gasto com processos), questões que afetam diretamente a capacidade de
empreendedores abrirem e manterem seus negócios, assim como de torná-los
rentáveis”.
Brasília continua ocupando
posição de destaque (3º lugar) no quesito infraestrutura, “especialmente por
ter boas conexões de transporte com outras cidades, estados e países”,
acrescentou o relatório.
Já o ganho de posições de Boa
Vista se deve, em especial, ao quesito “cultura empreendedora”, descrito como
“interesse das pessoas e das instituições do município pelo empreendedorismo.”
“O destaque da capital de
Roraima está associado a aspectos ligados à iniciativa em se tornar
empreendedor e ao engajamento nas principais instituições de apoio ao
empreendedorismo como o Sebrae, Simples Nacional e Senac. Também houve
progresso na área de inovação. Nesse caso, impulsionados pela economia criativa
e pela ampliação de empresas de tecnologia da informação e comunicação”,
detalhou o relatório.
Segundo o estudo, Aparecida de
Goiânia foi “a cidade do interior com maior ascensão no ICE 2023. Os principais
motivos foram a melhoria no ambiente regulatório e na cultura empreendedora”,
detalhou a pesquisa ao informar que houve, no município, “redução no tempo de
tramitação de processos, diminuição da taxa de congestionamento em tribunais,
ampliação da simplicidade tributária e maior interesse da população local no
empreendedorismo”.
Aparecida de Goiânia ganhou,
segundo a Escola Nacional de Administração Pública, posições no mercado pela
evolução no indicador de crescimento real médio do Produto Interno Bruto (PIB),
a soma de todas as riquezas produzidas no país.
AMBIENTE
REGULATÓRIO
No quesito Ambiente
Regulatório, Goiânia foi apontada como melhor cidade para quem quer empreender,
com baixas alíquotas de impostos. “É onde se gasta menos tempo com questões
burocráticas (legais e processuais), essenciais à criação execução do negócio”,
disse o relatório, referindo-se à capital goiana que, nesse quesito, avançou da
19ª posição para a primeira em 2023. Em segundo lugar, ficou Joinville, seguida
pelo Rio de Janeiro, Florianópolis e Niterói.
São Paulo e Limeira (SP)
lideram o ranking das “melhores infraestruturas para o desenvolvimento do
empreendedorismo”. Segundo o levantamento, elas se destacaram por apresentar
redes de transporte (por terra, mar ou ar) e condições urbanas mais adequadas e
favoráveis ao desenvolvimento de negócios.
Na terceira posição deste
ranking está Brasília, seguida de Ponta Grossa (PR), Santos (SP), Guarujá (SP),
Guarulhos (SP), Porto Alegre (RS), Piracicaba (SP) e Campinas.
“As condições urbanas e os
custos de cada cidade [custo do metro quadrado dos imóveis; acesso à internet
rápida ou a segurança urbana, por exemplo] são fundamentais para a decisão de o
empreendedor abrir ou não um negócio na região”, conforme explicado pelos
pesquisadores responsáveis pelo ICE 2023.
MERCADO
As cidades que apresentaram
“melhor desenvolvimento econômico e mais clientes potenciais”, no ranking
relativo a mercado, foram Niterói, Jundiaí (SP) e Brasília.
Niterói foi a cidade que
registrou o maior crescimento real do PIB no período, além de ter o quarto
melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). A cidade, lembra o estudo,
conta com uma indústria do petróleo “que se beneficiou dos sucessivos aumentos
do preço do barril, assim como da cotação do dólar”.
Já no quesito Acesso a Capital,
algo que em muito favorece os negócios, as cidades mais bem ranqueadas foram
São Paulo, Osasco (SP), Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de
Janeiro. Sobre este quesito, os pesquisadores explicaram que há “evidências” de
que a “facilidade em obter recursos financeiros” é um dos “principais motivos
para empreendedores se arriscarem em novas oportunidades”.
“É um componente capaz, também,
de proteger o negócio de choque de mercados e dos efeitos de riscos e
incertezas”, disse o diretor de Altos Estudos da Enap, Alexandre Gomide.
INOVAÇÃO E
CAPITAL HUMANO
Florianópolis, Limeira e Campina
Grande foram citadas como “locais com mais condições para a criação de negócios
com potencial de gerar inovações”, quesito que abrange características como
“concentração de talentos no mercado de trabalho local, financiamento de ações
de inovação e infraestrutura tecnológica”. Empreendedores inovadores estão
associados também à identificação de novos produtos, processos e mercados.
A importância do capital humano
– outro ponto analisado pelo estudo – para o desenvolvimento tem ganhado espaço
nas análises econômicas. A liderança nesse ranking, que avalia tanto o acesso
de qualidade à mão de obra básica quanto especializada, é ocupada por
Florianópolis, seguida de Vitória, Santa Maria (RS) e Porto Alegre.
O levantamento citou estudos
indicando que a maior abundância de capital humano nas cidades pode impactar
positivamente de três formas no empreendedorismo. A primeira, por aumentar a
chance de êxito nas empresas, uma vez que “é mais provável que o empreendedor
seja mais capacitado na gestão do negócio.”
Além disso, o capital humano
favorece a alocação de recursos e a coordenação de atividades de forma mais
eficiente. Por fim, “ampliando as redes de relações sociais que se organizam no
desenvolvimento do empreendedorismo”.
CULTURA
EMPREENDEDORA
A cidade mais engajada para
atividades empreendedoras, quesito que tem por base a busca de informações
sobre empreendedorismo e empresas locais, o que inclui “conhecimento sobre os
processos de abertura de empresas”, foi Boa Vista (RR).
“Um dos temas de busca levados
em consideração na pesquisa foi o empreendedorismo feminino, porque sabemos da
importância das mulheres para o desenvolvimento econômico, social e
sustentável”, explicou a coordenadora-geral substituta de Pesquisa da Enap,
Kamyle Medina.
O levantamento usa como base de
dados a ferramenta de buscas Google Trends ao longo dos últimos cinco anos.
O segundo lugar neste ranking
ficou com Macapá (AP). Depois, aparecem Palmas (TO), Brasília, Maceió, Rio
Branco (AC), Ananindeua (PA) e Porto Velho (RO).
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