Especialista em neuromarketing conta as origens da relação entre os elementos
Quando lembramos da Páscoa, um dos primeiros
pensamentos que ocorrem é sobre ovos de chocolate. Por isso, sendo uma data
religiosa, talvez soe estranha essa associação. Mas, afinal, de onde surgiu a
relação do chocolate com a Páscoa?
A simbologia inicial do chocolate com a Páscoa
partiu do ovo de galinha, conta a especialista em marketing e neuromarketing,
professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Shirlei
Camargo. “Os primeiros ovos utilizados na Páscoa eram mesmo de galinha e,
depois de um tempo, passaram a ser feitos de chocolate. O significado do ovo
está relacionado ao renascimento, em especial, de Jesus. Dessa relação também
encontramos simbologias atreladas ao coelho”, explica Shirlei, destacando que,
na religião Católica, a tradição é justamente que se faça jejum antes da
Páscoa.
“Na quaresma, as pessoas acabavam se abstendo de
laticínios, incluindo leite, queijo, manteiga e ovos e, quando chegava a
Páscoa, terminando o jejum, elas comiam muito ovos de galinha e havia o
costume, inclusive, de trocar esses ovos como presente. O chocolate entrou na
tradição no final do século XIX na Europa, com ovos de chocolate como
presentes. Com o passar do tempo, essas tradições foram se misturando e criando
hábitos que perduram até hoje em uma conexão muito saborosa”, diz a
especialista.
Uma explicação interessante para o porquê coelhos
“botam” ovos na Páscoa vem de muito séculos atrás. A palavra em inglês de
Páscoa, Easter, tem origem na tradição de festividades de outras
tradições populares apropriadas pelo Catolicismo. “A palavra Easter
vem de Eostre ou Eostrae, que era uma deusa
anglo-saxônica que representava a fertilidade e tinha como símbolo o coelho.
Segundo a lenda, essa deusa achou um pássaro morrendo de frio e o transformou
em coelho já que o pelo poderia o manter mais aquecido. Contudo, apesar de ser
um coelho, ele ainda botava ovos, como um pássaro que era em essência. Já o
latim e o grego Pascha (“pass over”) originaram a palavra Páscoa”, relaciona
a pesquisadora relacionando a “passagem” de Jesus.
Outra característica do chocolate que ajudou a
difundí-lo são os efeitos do cacau na química do cérebro. Portanto, trata-se de
uma junção que deu muito certo: o chocolate na Páscoa. Fato que a neurociência
explica bem.
Além das tradições
histórico-religiosas, o chocolate causa sensação irresistível
Para além de todas as tradições, o próprio
chocolate exerce um papel muito importante que influencia até mesmo nossa
saúde. Shirlei enumera os benefícios físicos que tornam o chocolate tão
benéfico ao cérebro.
Segundo a Neural Sense Neuromarketing, o chocolate
tem antioxidantes que protegem as células cerebrais, e por isso ajuda na
memória, por ser rico em flavonoides que, por sua vez, se acumulam no hipocampo
(área cerebral responsável pelo aprendizado e a memória).
“Para a neurociência, isso explica por que o
chocolate se tornou uma tradição da Páscoa com tanto sucesso. O chocolate
também aumenta o estado de alerta e a cognição, por conter cafeína, e ainda,
por conta de seus componentes relacionados à dopamina, traz uma maior sensação
de felicidade, o que também faz crescer o sentimento de recompensa e
aprendizado. Ele ainda previne contra o envelhecimento precoce devido aos
aminoácidos que contém. Não é por acaso que a gente se sente tão bem quando
come um pedaço de chocolate”, relata.
Por fim, vale lembrar que as estratégias de
marketing também acionam a Páscoa para articular ações especiais com a data.
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