A ação movimentou as unidades do Paraná e Santa Catarina Crédito: divulgação/Colégio Positivo |
Iniciativas
arrecadam materiais recicláveis e doam resultado a instituições sociais
Um país que utiliza recursos naturais de forma
desordenada e, na outra ponta, joga no lixo a oportunidade de reciclar os
resíduos que produz: todos os anos, o Brasil gera 80 milhões de toneladas de
lixo. E, embora 90% desse total sejam passíveis de reciclagem, apenas 4% são
reutilizados. Além de uma conta ambiental incalculável, todo esse lixo poderia
estar se transformando em ativos de uma economia circular e solidária, se fosse
corretamente aproveitado.
De outro lado, o Ranking Global de Solidariedade 2020, resultado de uma pesquisa feita pela Charities Aid Foundation (CAF), mostra que o Brasil ocupa o 54º lugar de uma lista de 114 países. Pode parecer pouco, mas o país subiu 14 posições no último ano, seguindo uma tendência mundial de ajudar mais ao próximo. E para praticar a solidariedade, nem sempre é preciso ter dinheiro. Há uma série de formas de contribuir para causas e instituições sem precisar colocar a mão no bolso. Isso porque alguns materiais que geralmente são jogados no lixo podem ser reciclados e transformados em doações para ajudar instituições sociais e pessoas em vulnerabilidades.
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Tampinhas que viram dinheiro
Alguns materiais descartáveis podem ser
transformados em dinheiro nas mãos das pessoas certas. Tampinhas de embalagens
plásticas não têm valor algum para quem as joga no lixo, mas, em grandes
quantidades, esses itens são comercializados e se tornam uma importante fonte
de renda para diversas ONGs. Em uma ação recente, o Colégio Positivo arrecadou,
com a ajuda dos alunos, cerca de 500kg desse material. As doações foram
repassadas a instituições sociais de sete municípios dos estados do Paraná e
Santa Catarina. Agora, elas serão vendidas a empresas de reciclagem que dão
destinação correta e sustentável às tampinhas.
Ações como essa são muito significativas para
organizações sociais. A partir de campanhas de arrecadação junto à comunidade,
é possível contribuir com as mais diversas frentes, inclusive com a Educação.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica, realizado pelo Ministério da
Educação (MEC), há muitas deficiências simples de infraestrutura na rede
escolar brasileira. Mais de 4 mil escolas públicas no Brasil não possuem
banheiros, por exemplo. Esse é um problema grave que pode ser solucionado ou,
ao menos, reduzido se essas unidades de ensino tiverem acesso a uma fonte de
renda como a reciclagem.
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Leite que vira calor
Caixas de leite são muito mais que apenas papelão.
Para manter o alimento protegido e próprio para consumo, elas têm várias
camadas de plástico, alumínio e papelão em sua composição. Isso faz delas um
ótimo isolante térmico, ideal para solucionar um problema comum nas grandes
cidades: o vento que entra pelas frestas de casas de madeira em muitas
comunidades. O projeto
Brasil Sem Frestas, que nasceu em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul,
utiliza essas caixinhas para vedar as casas de famílias que, sem esse recurso,
passariam frio. Depois de abertas, as caixinhas são costuradas umas às outras e
viram placas que, instaladas do lado de dentro das paredes, impedem o vento e a
chuva de entrar.
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Lixo orgânico que vira adubo (e dinheiro)
Até mesmo o lixo orgânico pode ter um papel
interessante na hora de arrecadar fundos para uma causa social. Com uma simples
composteira, é possível transformar restos de alimentos, folhas e flores secas,
papelão e até guardanapos usados em adubo líquido e húmus. Esses produtos são
muito importantes para adubar o solo. Assim, no caso de uma escola ou ONG, eles
podem ser aproveitados em uma horta que produza alimentos frescos. Se as
quantidades de adubo resultantes do processo forem muito grandes, as sobras
podem ser vendidas para a comunidade ou trocadas por materiais necessários para
o funcionamento da instituição.
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Lacres que viram cadeiras de rodas
Não é de hoje que os lacres de latinhas de cerveja
e refrigerante chamam a atenção. Além de serem utilizados para artesanato,
esses pequenos pedaços de metal são preciosos para quem precisa de cadeiras de
rodas para se locomover. O Lacre do
Bem, de Minas Gerais, é uma das instituições que recebem esse tipo de
material. No Paraná, o Rotary Internacional também recolhe doações de lacres
com o mesmo objetivo. Vendido para empresas de reciclagem, ele se transforma em
fundos que são destinados à compra de cadeiras de rodas. Essas, por sua vez, são
doadas para pessoas com deficiência física ou instituições de filantropia. Quem
quiser contribuir com o projeto do Rotary no Paraná, pode entrar em contato com
Luiza Tigrinho pelo telefone (41) 98804-6094.
De acordo com a assessora de Tecnologia e Inovação
do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) do Colégio
Positivo, Micheline Castelli de Souza, práticas envolvendo esse tipo de
iniciativa precisam ser incluídas no cotidiano dos estudantes. “Trabalhar essa
forma de pensar com os alunos da educação básica é garantir um futuro verde,
fortalecer a competitividade, proteger o meio ambiente e dar novos direitos aos
consumidores”, ressalta.
Para Damila Bonato, gerente de produto do Sistema
de Ensino Aprende Brasil, presente em mais de 1.600 escolas municipais de todo
o Brasil, utilizar o lixo em projetos sociais dentro das escolas é duplamente
educativo. “Enquanto aprendem a cuidar do meio ambiente com a reciclagem, as
crianças absorvem a importância da solidariedade - e como pequenos atos feitos
coletivamente podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas”, conclui.
Caixas de leite viram isolante térmico para vedar casas de famílias Crédito: reprodução/Facebook Brasil Sem Frestas |
Colégio Positivo
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