Na era da digitalização, a educação foi uma das áreas mais resistentes às facilidades e oportunidades que a tecnologia apresenta. Levou tempo para diretores e coordenadores pedagógicos, assim como professores, entenderem que as gerações atuais não se limitam apenas a sala de aula e buscam fontes complementares para aprendizagem. Vista por muito tempo como ameaça, a tecnologia provou ser uma aliada aos professores e fundamental para a continuidade do desenvolvimento educacional de cada estudante.
Por outro lado, em decorrência do
avanço da pandemia mundial, causada pela Covid-19, escolas do mundo inteiro
tiveram que se adaptar a uma nova realidade e acelerar o seu processo de
digitalização. De acordo com relatório divulgado pela Unesco, aproximadamente
40% de um grupo de 200 países não possuem estruturas para oferecer suporte
tecnológico aos alunos durante a pandemia.
No Brasil, esta é uma realidade vivida
por 30% da população que não tem acesso à internet, de acordo com levantamento
realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade
da Informação (Cetic). Além da falta de estrutura e acesso à internet e
tecnologia, a falta de investimentos e preparação dos professores dificultam a
digitalização no processo educacional brasileiro. Se por um lado, a rede
privada utiliza há muito tempo o digital, por outro as escolas públicas estão
atrasadas neste contexto e poucos alunos têm acesso a ferramentas educacionais
baseadas em tecnologia.
Este cenário também abre uma gama de
oportunidades e novidades para o mercado educacional. De aplicativos e games
educacionais a tutoria online e em tempo real, empreendedores trabalham para
ajudar neste processo de digitalização e oferecer mais qualidade de ensino e
desenvolvimento educacional a cada estudante. Podemos mencionar alguns
exemplos, como o ensino híbrido conhecido também como blended learning-
que vem sendo aplicado nas escolas norte-americanas desde 2012 - e mistura o
ensino presencial e remoto e será aliado importante na retomada das aulas em
espaço físico, seja na rede pública ou privada. Este formato de aprendizagem
vem sendo usado no Brasil desde a metade da última década, por instituições de
ensino superior, mas agora o desafio maior será introduzi-lo adequadamente à
rotina de estudantes do ensino fundamental e médio.
Outra ferramenta que movimenta o
mercado e é pioneira no Brasil, é a tutoria online e em tempo real. Se ao redor
do mundo, é utilizada com frequência e ganhou o mercado, por aqui aos poucos
vem ganhando aptidão nas escolas. Por meio de tecnologia e aplicativos
próprios, estudantes conseguem se conectar a uma grande rede de apoio e tirar
dúvidas com professores e/ ou universitários sobre matérias específicas e que
apresentam maior dificuldade de aprendizagem.
Há muitas novidades em tecnologia para
educação que deverão surgir em um curto espaço de tempo, e assim ditar como
será o futuro da sala de aula - seja no Brasil ou no mundo - mas, trazendo a
discussão para a realidade brasileira, entendemos que há um grande caminho a
ser percorrido e explorado. Desde investimentos em estrutura e capacitação de
professores a introdução dessas ferramentas em sala de aula, o nosso país precisa
aprender muito com as nações de primeiro mundo, como Estados Unidos, Inglaterra
e alguns países europeus.
Por fim, podemos entender que mesmo a
passos largos essa transformação digital na educação vai acontecer no Brasil e,
ao longo do tempo, conseguiremos quebrar as barreiras e ampliar o acesso ao
ensino para todos. Além de transformar o mercado, a era da disrupção deve ditar
como será a educação no mundo durante e pós-pandemia, que trabalhará pelo
progresso de aprendizagem de cada estudante, em tempo integral.
Raphael Coelho - CEO e fundador do
TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do
ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo
integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.
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