A vida moderna valoriza muito o aspecto profissional das pessoas. Com isso, as mulheres passaram a ter filhos mais tarde do que era comum, ajudando a nascer uma nova geração, com uma nova nomenclatura.
Esta nova geração diz sobre o fato de precisarmos
“manter a peteca no ar” e nos equilibrar entre os cuidados com os filhos,
muitas vezes pequenos, e com nossos pais e avós que, no processo de
envelhecimento, passam a precisar de mais atenção financeira e emocional.
Pressionadas entre as duas gerações, somos chamadas
de Geração Sanduíche.
Uma etapa da vida particularmente difícil para as
mulheres, que agora não têm apenas uma dupla jornada, mas sim, tripla. Não
fosse o suficiente o acúmulo de cuidados que, embora desafiadores, nos deixam
felizes em permitir cuidar de nossos amados familiares, agora somos
pressionados pelos impactos da Covid-19, levando muitos de nós à exaustão.
Soma-se ao zelo tradicional, o cuidado com o vírus.
Não basta agora nossa presença, muitas vezes é necessário o oposto disso, nossa
ausência! Evitarmos ficar próximos fisicamente de nossos pais e avós para não
levar o vírus para eles. Nos distanciarmos de nossos filhos caso tenhamos que
trabalhar na rua. Não é mais apenas nosso corpo que aponta sinais de cansaço. É
nossa mente.
Sobrecarregados pela culpa de não poder agir nós
mesmos nos cuidados aos nossos familiares, adicionamos uma dose extra de
preocupação ao nosso sanduíche.
Alguns de nós voltaram a morar com os pais para
diminuir os riscos e manter os cuidados. Muitas vezes sem necessariamente ser
pelo fato dos cuidados contra contaminação, mas pela queda de renda, que levou
jovens adultos a voltar para casa.
Nos EUA, 7 em cada 10 americanos estão agora
cuidando de pais e filhos com o mesmo orçamento, de acordo com a pesquisa “Caregiving
and COVID-19” da seguradora New York
Life.
A Covid-19 colocou muitos desses cuidadores
transgeracionais em posições insustentáveis. Mas a situação econômica
prejudicada e, o aumento da expectativa de vida, traz outra geração. Os
sanduíches duplos. Pessoas com 60 anos que ajudam a cuidar de netos para que os
filhos trabalhem. Além de sustentarem e apoiarem os próprios pais, já com 80 ou
90 anos.
No entanto, para os membros do sanduíche duplo há
certo benefício, como por exemplo a possibilidade de convivência social com os
netos, mais jovens, permitindo a manutenção da inserção deste idoso de 60 anos
na comunidade.
Para a geração sanduíche tradicional resta a
adaptação que tem sido trazida pela normalização do trabalho flexível e remoto.
Com muitos ajustes ainda a serem feitos, é verdade. Mas são indícios de alguma
diminuição de toda essa pressão, assim como a preservação de bem-estar mental e
social com o estreitamento dos laços familiares.
Marcia Sena -
farmacêutica especialista em qualidade de vida na terceira idade e
fundadora da Senior Concierge
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