Possibilidade de realização pessoal para uns, fonte de renda e tábua de salvação para outros. Qualquer que seja a motivação para se montar o próprio negócio, o fato é que 99% das empresas existentes no Brasil são micro e pequenas e respondem por 29,5% do PIB. Elas representam um dos pilares da nossa economia e serão tão fortes e prósperas quanto a cultura empreendedora do País for desenvolvida.
Atualmente, o Brasil
amarga uma taxa de desocupação de 14,2%, o que significa 14,3 milhões de
desempregados. Sem perspectiva de recolocação e enfrentando uma severa crise,
uma parcela desse contingente viu no empreendedorismo a saída para voltar a ter
renda.
Como consequência,
houve um sensível aumento de abertura de empresas. Segundo a Receita Federal, o
número de pequenos negócios optantes do Simples Nacional passou de 14,7 milhões
no período anterior à pandemia (fevereiro de 2020) para 17,5 milhões em abril
deste ano. Um crescimento de 2,8 milhões de negócios, ou 19,6%, desde a chegada
do coronavírus.
Se considerarmos os
Microempreendedores Individuais (MEIs), figura jurídica vista como porta de
entrada para o empreendedorismo, o crescimento foi ainda maior, de 23,5% no
mesmo período, indo de 9,7 milhões para 12 milhões, ou 2,2 milhões a mais, a
maior elevação em cinco anos.
O problema é que boa
parte dessas novas empresas foi criada com pouco ou nenhum planejamento, tendo
como responsável alguém que não se preparou para a tarefa, movido apenas pela
urgência em buscar seu sustento. Além disso, nasceram em um momento conturbado,
cheio de restrições e novas exigências. Muitas não darão o resultado esperado
ou nem conseguirão se manter vivas.
O trabalhador com
carteira assinada tampouco foi poupado pela conjuntura atual. Mesmo limitado à
parte de uma operação, ele passou a conviver com as novas demandas impostas
pela pandemia.
A sociedade, o mercado
e o mundo corporativo vivem em estado permanente de mutação, seja por causa do
imponderável como a Covid-19, crises econômicas, comportamento do consumidor ou
inovações tecnológicas.
Segundo o estudo
"Projetando 2030: uma visão dividida do futuro", encomendado pela
Dell Technologies ao Institute For The Future, que analisou o impacto da
tecnologia nas profissões, 85% dos trabalhos que existirão em 2030 ainda estão
para serem criados e terão maior interação entre homem e máquina.
Para lidar com as
novas exigências, são necessárias habilidades que possibilitem adaptar-se a
essa conjuntura em constante evolução.
Onde buscar tais
habilidades? A resposta está na educação empreendedora. É ela que permite desenvolver
as características capazes de formar profissionais de sucesso, seja no comando
da própria empresa ou fazendo parte de uma criada por outros (cada vez mais
recrutadores buscam candidatos com o perfil empreendedor nos processos
seletivos).
São características
como liderança, capacidade de enxergar oportunidades, poder de decisão,
colaboração, resiliência, iniciativa, saber trabalhar em equipe, busca por
soluções transformadoras, entre outras.
Nem todo dono de
empresa tem tais elementos em seu repertório e a maioria dos funcionários não
percebe o quanto isso lhe seria útil.
Tais atributos não são
um dom reservado a iluminados que os carregam desde o nascimento. São
competências que podem ser aprendidas ao longo da vida. Para isso, há anos
existe o ensino de empreendedorismo em escolas públicas e particulares, onde
são aplicadas metodologias específicas para cada etapa da jornada do aluno, do
ensino fundamental ao superior. Quanto mais cedo começar, melhor. Quanto mais
escolas aderirem, maior o alcance.
O contato com esse
conhecimento é capaz de moldar profissionais e empresários mais capacitados a
lidar com situações adversas e mais aptos a encontrar as soluções que a
sociedade precisa.
Trata-se de uma
mudança de paradigma. Em uma crise como a atual, em que faltam empregos, as
pessoas deixariam de pensar em fazer parte de um negócio para serem o negócio.
É o empreendedorismo não
resumido a uma forma de ganhar dinheiro, mas como projeto de vida. Neste 28 de
abril, Dia da Educação, vale a pena refletir sobre como a educação
empreendedora pode transformar essa perspectiva.
Ivan Hussni -
diretor técnico do Sebrae-SP
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