Há longo tempo que as doenças psíquicas fazem parte do cotidiano de muitos, e várias especialidades desenvolveram técnicas para ajudar o sujeito a lidar com o sofrimento. Neste último ano, o mundo passou a enfrentar uma situação que afetou a todos, gerando medo coletivo. Convivemos com um vírus nocivo, que, além de ter seu dano individualizado, provocou na humanidade sentimentos e sensações vividos de forma aguda, tornando-se crônicos. Dessa forma, o campo da saúde mental também se tornou alvo de cuidado na pandemia.
O medo tem função em nossa existência: nos preparar para a ação diante de algo que possa ameaçar nossa sobrevivência. Nos instiga a desenvolver estratégias para a manutenção da vida. Ainda que seja necessário, na condição atual, diante da pandemia do coronavírus, o medo tem passado por fases que extrapolam a condição aguda para a crônica, trazendo danos à saúde física, mental e emocional.
O sentimento do medo, na pandemia, permeia o sujeito de diversas formas – medo de adoecer, de morrer, perder um ente querido, medo de perder o emprego e, com isso, a garantia de condições básicas à sobrevivência. Situação que gera um forte impacto na saúde mental. Muitos estudos, entrevistas e orientações vêm sendo realizadas com o intuito de auxiliar o sujeito, em sua individualidade e coletividade, a lidar com os sentimentos advindos da pandemia.
Não existe algo pronto, uma
fórmula que vá funcionar para todos, porém estar disponível a acessar recursos
de enfrentamento de acordo a crenças de cada um já é um bom começo. É possível
ter acesso a materiais publicados e serviços disponibilizados de modo on-line,
como psicoterapia, técnicas de relaxamento e meditação. Poder contar com a rede
de apoio, como amigos e familiares, mesmo que de forma virtual, será de grande
ajuda. Seguir com orientações relacionadas à alimentação, prática de atividade
física e higiene do sono também são recursos para buscar certo equilíbrio e,
assim, diminuir o impacto nocivo do sentimento do medo em sua fase aguda e
crônica.
Kethe Oliveira - psicóloga clínica do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)
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