Essa
epidemia é diferente de todas as anteriores, pois no momento não há esperança
de medicamento ou vacina a curto prazo em escala necessária para combatê-la. O
seu risco vai muito além das dezenas de milhares de pessoas que já morreram e
das muitas mais que morrerão.
Seu
maior problema é que ao causar o colapso de sistemas de saúde, o vírus aumenta
a mortalidade de outras doenças. Espalha o pânico, aumenta significativamente a
pressão social e política, paralisa a economia, a logística e desestrutura
ecossistemas sociais e econômicos. Ao avesso do que acham muitos, as soluções
para os desafios da saúde e da economia mundial e brasileira estão
intrinsicamente ligadas.
Diante
do cenário apresentado, como as escolas e professores devem garantir o
desenvolvimento das futuras gerações?
Conforme
a pesquisa da consultoria Mckinsey, os alunos do século 21
serão estimulados em soft skills, ou seja, em habilidades
comportamentais e competências que envolvem elementos como a criatividade.
Isso
não significa que o conteúdo das disciplinas fique em segundo plano. É preciso
continuar investindo no conhecimento, porém, gerando uma nova
personalização da transmissão desse conteúdo, com
mais humanização, respeito às diferenças e o próprio ritmo do
aluno.
No
ensino contemporâneo, a criatividade deve ser trabalhada de forma conjunta com
outros aspectos como saber trabalhar em equipe e resolver problemas. Hoje, os
jovens devem utilizar a criatividade para solucionar dilemas que ainda são
incomuns e não têm soluções prontas, assim, eles são provocados a pensar nelas.
Para
as escolas, é preciso associar a criatividade à capacidade de
execução, autonomia e protagonismo. Por esse aspecto, as disciplinas
curriculares não perdem seu peso na formação do aluno. Além disso, é
necessário desenvolver a empatia que é a capacidade
de vivenciar a dor e a alegria de outra, mesmo que a ligação entre elas
não seja muito próxima. Basta apenas que se tenha o coração aberto para
entender que cada ser humano é único e passa por situações distintas, que
acabam por moldá-lo. Se pararmos e pensarmos, veremos que para se ter
empatia, é preciso, minimamente, saber ouvir e simpatizar com as
dificuldades do outro.
Possuir
uma bagagem cultural maior, associada às áreas de conhecimento, por meio de
disciplinas como matemática, biologia, física, química, geografia, filosofia e
outras, ajudará o aluno a pensar de forma diferente (mindset)
e encontrar as soluções aceitáveis, executáveis e sustentáveis, combinando a
criatividade com esses elementos.
Neste
novo mundo que nos acena pós-pandemia, acredita-se que as habilidades pessoais
serão ainda mais valorizadas. Os estudantes terão cada vez mais que ter uma
noção de mundo muito mais universal e muito menos local. A formação de cidadãos
globais, que busca por meio do aprendizado uma maneira de responder às
necessidades de sua sociedade, deve ser o foco dos educadores.
Deste
modo, saberemos, sem titubear, que estaremos oferecendo para o mundo sujeitos
que sabem que a vida deve estar sempre em primeiro lugar.
Prof.
Carlos Walter Dorlass - Diretor Geral do Colégio Marista Arquidiocesano,
localizado em São Paulo (SP).
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